Juremir Machado da Silva

Léa Masina, Armindo Trevisan e Sergius Gonzaga, premiados da Biblioteca Pública

Change Size Text
Léa Masina, Armindo Trevisan e Sergius Gonzaga, premiados da Biblioteca Pública Premiados e direção da Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do RS/Fotos de Salus Loch

O Salão Mourisco da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul tem um teto tão lindamente colorido que nem toda câmera de celular consegue reproduzi-lo. A mão natural brinca com a alegria. É nesse ambiente que vem acontecendo muita coisa boa, com casa lotada. Nesta quarta-feira, enquanto a chuva fazia agosto se identificar, nos domínios da BPE rolava a entrega do Prêmio Mozart Pereira Soares para jovens escritores e da Medalha Mario Quintana para autores consagrados nas labutas da escrita, da leitura e das salas de aula: Léa Masina, Armindo Trevisan e Sergius Gonzaga. Essas premiações surgiram das mentes inquietas do pessoal da Associação dos Amigos da BPE–RS, presidida por Alcides Stumpf, tendo Gilberto Schartsmann na vice-presidência e Fabiano Saraiva, além de outros, num apoio consistente.

E assim, enquanto o inverno dava as caras novamente, sete autores jovens receberam R$ 2.500 reais, por pix, e um certificado atribuído por um grupo de jurados exigente. Na poesia ganhou a baiana Bárbara Mançaranares, com “Cartografias do corpo que canta” (editora Patuá). No “gênero dramático”, a vencedora foi a paulista Pâmela Martelli, com a peça “Velho imóvel”. Na “literatura para a infância”, “Toc toc”, de Franciele Moser Bach, ilustrado por Mariane Moser Bach, foi o vencedor. “A filha primitiva” (editora José Olympio), de Vanessa Passos, ganhou na categoria narrativa longa (romance). “Apesar de tudo” (Patuá), de Laura Hauser, chegou em primeiro lugar em crônica. Em “narrativa curta” venceu Carina Bacelar com “As despedidas”. “Sobre a história: uma análise da escrita, da produção autoral e da legitimação do poder nos Quatro Livros de História, de Richer de Reims”, de Rafael Bassi, faturou o prêmio em “ensaios”.

Alegria, alegria.

Chovia lá fora.

Ou já tinha parado?

Medalha Mario Quintana

O inquieto viajante Fabiano Saraiva, que veio da Europa exclusivamente para a noite de entrega das premiações da Associação de Amigos da BPE-RS, idealizador da medalha Mario Quintana, disse ter percebido que faltava um prêmio com o nome do grande poeta gaúcho. Já não falta mais. Os primeiros agraciados não poderiam estar mais à altura do evento. Léa Masina, Armindo Trevisan e Sergius Gonzaga, professores aposentados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, têm dedicado à vida aos livros, fazendo crítica literária, estimulando a leitura, publicando obras, pesquisando autores, palestrando.

Sergius Gonzaga recebeu a sua medalha Mario Quintana das mãos de Fabiano Saraiva, ambos nascidos em Taquara. Fabiano lembrou o impacto de Sergius, como professor no Unificado, na sua vida. Sergius falou das suas primeiras incursões pela Biblioteca Pública, jovem estudante em Porto Alegre, sofrendo com a leitura de “Os Lusíadas”, encantando-se com “Jubiabá”, de Jorge Amado, e com a beleza das gurias em flor, entre as quais a jovem Léa Masina.

Fabiano Saraiva e Sergius Gonzaga

 

Paulo Amaral entregou a medalha a Masina, especialista na obra de Alcides Maya, formadora de gerações de leitores, fina analista dos meandros dos textos literários. Léa recordou-se da primeira palestra que deu, muito nervosa, justamente no Salão Mourisco da BPE-RS. Agosto ficou aconchegante com essas falas.

Paulo Amaral e Léa Masina

Por fim, Armindo Trevisan recebeu sua medalha Mario Quintana de Gilberto Schwartsman, para quem “Trevisan é a cara da poesia”. O poeta, com seu jeito sempre singular e doce, levou a plateia como um viajante, numa noite de inverno, pelos suaves caminhos da poesia. Católico fervoroso e teólogo, contou que, quando os seus argumentos se esgotam nesse campo, recorre ao humor, com o que não fere sensibilidades alheia, não ofende a religião dos outros e cultiva o que realmente a literatura dá: amigos. Como não aplaudir tal profissão de fé? Trevisan tem livro chegando. Aos 90 anos, não quer parar.

Gilberto Schwartsmann e Armindo Trevisan

Para encerrar a noite e encarar o frio na rua, a diretora da BPE-RS, Ana Maria de Souza, afirmou que em seus mais de 30 anos como bibliotecária nunca viu um pessoal tão abnegado e mobilizado como esse que compõe a atual direção da Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul. Fechou-se a noite com boas notícias. Benhur Bortolotto, diretor do departamento do Livro, Literatura e Leitura da Secretaria de Estado da Cultura, anunciou que a BPE-RS terá em breve um novo setor de empréstimo de obras num “lugar lindo, nobre e confortável”. Mais, o orçamento do programa “Autor presente” pulou de R$ 40 mil para $ 160 mil neste ano e chegará a R$ 500 mil em 2024.

Nessa vibe, Fabiano Saraiva revelou que sugeriu a Bortolotto a criação de um projeto “biblioteca nas paradas de ônibus”.

A sessão foi conduzida por Rafael Bán Jacobsen.

Depois dessa noite calorosa, nem parecia frio na rua.

RELACIONADAS

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.