Desapaga POA

Os territórios negros de Porto Alegre: o Areal da Baronesa, Ilhota, Colônia Africana e o Mercado do Bará

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Os territórios negros de Porto Alegre: o Areal da Baronesa, Ilhota, Colônia Africana e o Mercado do Bará O Solar da Baronesa (atual edifício do Pão dos Pobres).

A pesquisa, os textos e a elaboração dos roteiros da série sobre a PRESENÇA NEGRA na história de Porto Alegre são de Pedro Vargas, Jane Mattos, Manoel José Ávila, Regina Parente e Orson Soares. A equipe de locução conta com Clara Falcão, Leila Mattos, Lucas Samuel e Carlos Raimundo Pereira. Os áudios e a trilha sonora tem a direção e criação de Bebeto Alves. A comunicação é do Marketing da Ju e a edição é de Vítor Ortiz.

Ministério do Turismo, Secretaria Especial de Cultura, Secretaria Estadual da Cultura e Fundação Marcopolo apresentam:

DESAPAGA POA – O podcast que chegou para desapagar os apagados da história de Porto Alegre: negros, negras, negres, indigenas e periferias, às vésperas da cidade completar 250 anos de sua data oficial de fundação.

Este projeto foi selecionado no edital Criação e Formação // Diversidade das Culturas, // da Secretaria Estadual da Cultura – SEDAC/RS – e Fundação Marcopolo // e é realizado com recursos da Lei 14.017 de 2020 (a Lei Aldir Blanc).

Esta primeira série terá 10 episódios que ficam disponíveis nos principais agregadores de podcast, sendo transmitidos todos os sábados, pela rádio FM Cultura (107.7), apoiadora do projeto.

O DESAPAGA POA tem o apoio também do Matinal Jornalismo, revista Parêntese e RogerLerina.com; e os conteúdos detalhados (o roteiro para leitura, a bibliografia e as imagens da pesquisa) ficam disponíveis no site www.matinaljornalismo.com.br/desapagapoa.

Eu te convido a seguir o Desapaga POA nas redes sociais e a colaborar com o projeto na nossa vaquinha digital no site APOIA-SE e também a compartihar os episódios com seus amigos.

Neste episódio, vamos buscar africanidades nas origens negras do carnaval da cidade na figura do Rei Momo Lelé, os territórios do Areal da Baronesa e da Ilhota de Lupicínio Rodrigues. as marcas históricas da presença negra na Liga da Canela Preta, uma das mais importantes entidades da história do futebol porto-alegrense; e passear com pés negros pelo Morro das Sete Pedras da Colônia Africana e pela história do Mercado Público e da remoção das quitandeiras da Alfândega para a Praça do Paraíso e chegar no Bará e no Príncipe Custódio.

Museu de Imagens do Desapaga POA

PARTE 1

TERRITÓRIOS NEGROS: O ARREAL BARONESA, A ILHOTA E A COLÔNIA AFRICANA

Jane Mattos

Em 03 de outubro de 1858, acontecia a primeira procissão da Irmandade do Rosário de São Domingos e São Benedito. As ruas da Leal e Valorosa Porto Alegre foram tomadas pelos devotos e confrades que, devidamente paramentados, conduziam nos préstitos os andores e seus santos.

Dois meses depois, Abel, homem pardo e escravizado, com pouco mais de vinte e cinco anos, carpinteiro de ofício, comprava sua liberdade pelo valor de quinhentos mil reis em moeda corrente, pagos à sua senhora Baronesa de Gravathay.

“Digo me a Baronesa de Gravatahy abaixo assignada que entre os bens que possuo livres, desembaraçados, (…) hum meu escravo pardo de nome Abel, de idade pouco mais ou menos vinte e cinco annos, officio carpinteiro… que o referido no estado possuinte em quantia superior a dois contos de reis – em attenção á sua idade, e officio, almejam o mesmo escravo libertar-se , mas não tendo para outrem se não a quantia de hum conto e quinhentos mil reis, tenho referido para o benefício dar-lhe a sua liberdade pela referida quantia de hum conto quinhentos mil reis que ao fazer desta tenho recebido em Moeda corrente, passando-lhe, como de muito boa vontade lhe perdo-o a quantia de quinhentos mil réis para sempre se mostrar reconhecido, e para que fique gosando de sua natural liberdade, // como se de livre nascesse do Ventre Materno, (…)Carta que vai por mim somente assignada.” (BARONESA DO GRAVATAÍ)

Apesar da benevolência atribuída a si mesma, característica apontada durante décadas por uma história aos senhores escravistas, a possibilidade de liberdade de muitos escravizados, como a de Abel, se deu provavelmente pelo pecúlio acumulado pelo exercício de seu ofício nas horas vagas e/ou, ainda, oriundo de suas redes de parentesco ou dos fundos emancipatórios, como os promovidos pela Irmandade do Rosário. Fato a ser lembrado nesses 133 anos de abolição, de que a liberdade de milhares de escravizados, mesmo antes do ano de 1888, foi decorrência da organização e luta dos escravizados, livres e forros.

Antes de liberto, o carpinteiro Abel emergia de outro documento – o inventário do Barão de Gravathay, este datado de 1856, onde era listado e compunha parte de uma grande escravaria, com outros 50 homens e mulheres sequestrados de diversas nações africanas, referenciados como negros Mina, Congo, Benguela, Cabinda e Cabo, e os nascidos em terras brasileiras – os crioulos.

De ofícios variados, os escravizados aplicavam seus conhecimentos de navegação e carpintaria na construção e manutenção de iates, brigues de navegação e nas demais propriedades do rico comerciante português e coronel do Exército Imperial. João Baptista da Silva Pereira e Maria Emília de Menezes da Silva Pereira, detentores do título nobiliárquico de Barões de Gravathay.

O casal possuía ainda uma chácara na Praia de Belas com uma extensão de “duzentas e cinquenta braças de frente para a praia do Guaíba e fundos para o Riachinho”, com uma casa de sobrado tendo uma cozinha, contra-peito e senzalas, e ao lado uma casa ordinária com “palmos de frente”. Esta edificação, localizada onde hoje está o Colégio La Salle Pão dos Pobres, foi construída por mãos negras, nas primeiras décadas do século XIX, onde se destacava das demais, ficando popularmente conhecida como o palacete da Baronesa.

A chácara da aristocracia porto-alegrense estava situada na grande região da cidade baixa, marcada pelos contornos sinuosos do Riacho que definia a fisionomia do lugar. Segundo o historiador Sérgio da Costa Franco, no seu “Guia Histórico de Porto Alegre”, a cidade baixa seria toda a região situada ao sul da rua Duque de Caxias, constituída em princípio pela rua do Arvoredo (atual Cel. Fernando Machado) ainda no século XVIII, estendendo-se até rua da Olaria (hoje Gal. Lima e Silva) e transversais menores. No sentido Oeste até a beira do Rio Guaíba, abarcava as referidas terras da Baronesa de Gravathay, que ficavam na margem esquerda do Riacho. O botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, em sua passagem por Porto Alegre, em 1820, descreve esta paisagem do lado oposto da cidade alta, tendo como fronteira a colina onde estava erigida a pequena capela de Nossa Senhora da Madre de Deus.

Diz Saint-Hilaire:

“Embora construída somente no lado noroeste da colina, a cidade possui várias casas no lado oposto, esparsas e desalinhadas, entremeadas de terrenos baldios, pequenas e mal construídas, quase todas habitadas pela população pobre.”

Após décadas da partida do viajante francês, as cidades opostas – Alta e Baixa – juntaram-se em um contínuo. Mudanças possivelmente testemunhadas pelo liberto Abel, de que falávamos, e pelas famílias originadas na diáspora africana.

Os arraiais ou arrabaldes, evocados no imaginário popular como lugares bucólicos e pacatos, com chácaras e casas simples e dispersas observadas pelo botânico Saint Hilaire, foram adensados antes mesmo da virada do novo século – o século 20.

Chácaras como a da Baronesa foram loteadas com a valorização dos terrenos, transformando-se em propriedades menores que seguiam novos esquadrinhamentos definidos pelo poder público para áreas como a da Cidade Baixa, e por vezes à revelia deste.

A abertura de novas vias e construções como as casas de moradias denominadas avenidas, se espraiavam ao longo dos terrenos esquadrinhados na cartografia da cidade … Aqui um parêntese: se chamava “avenidas” os conjuntos de casas de um cômodo, dispostas lado a lado em uma pequena rua sem saída, como o atual Beco do Guaranha, atualmente um quilombo urbano, último remanescente das tais (entre aspas) “avenidas” que definiam a paisagem do território da Baronesa. Ai eram acolhidos moradores que nos arraiais encontraram espaços de moradias baratas, solidariedades e o partilhar das práticas culturais comuns, conferindo-lhe sentidos diversos.

A historiadora Sandra Jathay Pesavento ressaltava que muitos arraiais de Porto Alegre tiveram sua origem associada às questões étnicas, como Navegantes e São Manoel, ligados aos imigrantes germânicos. Outros foram associados às populações negras, como o Arraial da Baronesa e a Colônia Africana.

O Areal da Baronesa, um dos mais antigos arraiais de Porto Alegre – arraial no sentido de bairro – no decorrer da primeira metade do século XX recebeu uma série de pechas relacionadas ao perigo e a insalubridade, veiculadas por homens letrados da cidade, jornalistas e cronistas, que atribuíam a ideia de uma imperiosa desordem e malandragem a seus moradores, formado na sua maioria por trabalhadores africanos e seus descendentes, nacionais e estrangeiros pobres. Jornalistas e cronistas não raro influenciados pelas teorias raciais que pautavam os debates da ciência naquele contexto histórico e que reverberavam nas práticas dos gestores da recém formada República.

Dá má fama imposta pelos jornais, decorreram ações contínuas e sistemáticas “levadas a cabo” pelos agentes do poder público, então imbuídos e orientados na sua missão de higienizar e “sanar moralmente” a região, que levaram à expulsão dos legatários da Baronesa para as áreas mais periféricas da cidade.

Emboscadas” e Banda Oriental eram nomenclaturas associadas ao arraial, desde os tempos memoráveis. A pecha de “Emboscadas” – segundo o professor e cronista Achylles Porto Alegre – advinha da vegetação do Areal composta de matos cerradíssimos e muitos capões existentes nas imediações do Riachinho (o Jacareí, atual Dilúvio) e que tornavam este lugar intransitável, servindo de refúgio aos escravizados fugidos do cativeiro.

O alabê e ativista negro Walter Calixto Ferreira – mestre Borel – morador da Baronesa desde a primeira infância, desde os idos anos de 1920, relacionava a nominação de Estado Oriental à existência de um reduto militar, o da Brigada. Os quartéis da Brigada Militar foram erguidos ao longo da Praia de Belas, em terras lindeiras à antiga chácara da Baronesa Emília Pereira, nos anos de 1890.

Os soldados deste corpo policial, na sua maioria não brancos, e também estigmatizados, estampavam as colunas dos jornais locais, acusados de promotores das contendas geradas no estranhamento ou nas rixas com os ratos brancos, a polícia administrativa, especialmente quando ultrapassavam os limites dos pontilhões sobre o Riacho.

Estes pontilhões espalhavam-se ao longo do Jacarezinho – nome antigo do Arroio Dilúvio – e possibilitavam a ligação do Areal da Baronesa com o restante da cidade baixa. Eram as portas de entrada e saída do arraial constantemente rememorado como Areal pela farta areia que cobria a extensa faixa da orla do Guaíba, nominação encontrada nos registros públicos da Intendência Municipal para referir a região: Areal da Baronesa.

Noventa anos após a liberdade do carpinteiro Abel, o então Areal se tornara um dos principais espaços carnavalescos da cidade, tendo seu próprio Rei Momo Lelé, e primeiro rei momo negro de Porto Alegre, entre os anos de 1948 e 1951. Foi em fevereiro de 48 que o carnavalesco Adão Alves de Oliveira – de por todos chamado de Lelé – sentado em um pequeno barco que adentrou o Riachinho, margeando as antigas terras da Baronesa, chegou ao ponto marcado para abrir os festejos momescos. Ao desembarcar, seguiu em passeata com o cortejo real pela rua da Margem (hoje João Alfredo) e subiu os degraus do coreto da rua Baronesa de Gravataí, antes ocupado pelos músicos da Brigada que executavam diversas marchas carnavalescas. Lelé, trajado como um rei africano, agradeceu a recepção e pronunciou o seu discurso aos foliões que aguardavam:

“Povo, povo do meu reinado, é com grande satisfação, não medindo esforço, nem energia para vir lá da Etiópia para abrir o carnaval aqui no Brasil”

A antropóloga Josiane Abrunhosa – em sua dissertação de mestrado de título Bambas da Orgia: Um Estudo Sobre o Carnaval de Rua de Porto Alegre; seus carnavalescos e os territórios negros analisa a fala do rei momo Negro Lelé, apontando para a forte carga simbólica na evocação da Etiópia, estabelecendo uma ligação de Lelé com suas origens africanas e também dos foliões que promoviam e participavam do carnaval, reafirmando assim seu pertencimento étnico.

Mas por que este país africano? Por que era este país o eleito como um símbolo para os descendentes dos africanos do Areal da Baronesa?

Estas indagações motivam a dissertação de mestrado da historiadora Iris Graciela Germano, trabalho intitulado Rio Grande do Sul, Brasil e Etiópia: os negros e o carnaval de Porto Alegre, nas décadas de 1930 e 40, que constata a recorrente alusão ao país africano nas narrativas dos vivenciadores negros do carnaval da cidade. A autora aponta duas possibilidades para este fascínio com os etíopes: uma política e a outra mítica.

A resistência dos etíopes desde 1896, na guerra ítalo-etíope, sob o comando do Imperador Menelick II, às investidas dos italianos em seu território no cenário do neocolonialismo, e noutro período, de 1935 a 1941, quando lutaram contra os ataques do Ditador Benito Mussolini até a sua expulsão, suscitam ambas as possibilidades, política e mítica para essas referências à Etiópia no carnaval porto-alegrense.

Para a historiadora, as lutas e vitórias do povo etíope foram os motivos que levaram o país a ser um símbolo de resistência e de libertação para os africanos e seus descendentes em várias partes do mundo, inclusive para os negros de uma cidade do extremo sul das Américas, que encontraram no Areal da Baronesa o lugar de resistência e refúgio citado nos escritos de Achylles Porto Alegre.

No sentido mítico, a família real da Etiópia reivindicava a sua ascendência dizendo-se herdeira de Menelik, filho da Rainha de Sabá com o rei Salomão, apontando para a origem bíblica do povo africano, sua resistência e os significados partilhados na diáspora.

Nestes anos de resistência etíope, o folião carnavalesco e músico negro porto-alegrense Lupicínio Rodrigues ou Lupi, como era conhecido, cantava e escrevia inúmeras composições musicais relatando seu cotidiano. Canções de amores e desencontros, sendo ele também o compositor do Hino do Grêmio Futebol Porto-alegrense e da música cantada por muitos cantores Brasil afora: “Se acaso você chegasse”.

Em 1936, suas primeiras composições foram gravadas pela RCA Victor, abrindo caminho para o seu reconhecimento nacional. Na sua trajetória profissional, atuou como bedel, cargo encarregado de funções administrativas na faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e foi também proprietário de bares e restaurantes da cidade.

Lupi nasceu na Ilhota, em 1916, onde aprendeu a jogar futebol desde a tenra idade e a festejar o carnaval que tomava as ruas da pequena ilha no miolo da Cidade Baixa, demarcada pelas águas do Riacho. O Riacho, como já referido, marcou a fisionomia da Cidade Baixa, teve várias denominações ao longo da história: Riachinho, Arroio, Arroio Jacareí, Jacarezinho, Arroio Dilúvio ou da Azenha. Sua nascente está no território do município de Viamão, no Parque Saint-Hilaire, e seu percurso atravessa a cidade de Leste a Oeste, tendo sido retificado e canalizado entre os anos de 1940 e 1970, numa das maiores obras sanitárias da história de Porto Alegre.

A Ilhota surge da necessidade de alterações na altura da Cidade Baixa e diante das sucessivas enchentes do Riacho, especialmente a impactante enchente de 1941. Durante a administração do eterno intendente José Montaury de Aguiar Leitão (eterno por que governou de 1897 a 1924, por 27 anos) ocorreram tentativas de minimizar as cheias, tendo sido preparada uma estrutura de escoamento para as águas que se acumulavam nas margens do Arroio, através de um canal que interligou seus extremos. Esse canal foi aberto eliminando a acentuada curva que havia justo na Cidade Baixa. A obra, porém, não resolveu o problema das cheias. Pelo contrário: com essas medidas, houve um estrangulamento de uma parte de terra formando uma Ilhota.

Foi neste pedaço de terra margeado pelas águas revoltas e chamado de Ilhota que a família de Lupicínio foi morar. Um lugar considerado relativamente próximo ao centro da cidade, nos entremeios da Azenha, Cidade Baixa e Menino Deus.

Tal como a família do músico, foram também estabelecer-se neste espaço outras famílias de migrantes do interior. Deste modo, ocupando a Ilhota desde o início do século XX, alugando casas ou mesmo comprando seus terrenos.

O historiador negro e doutor em História José Antônio dos Santos, no seu livro Liga da Canela Preta: A História do Negro no Futebol, revela a trajetória familiar dos Oliveira Rodrigues. A matriarca Abigail Oliveira (nascida em 1890) era lavadeira, ofício que exercia na manutenção da renda da família, composta por 21 filhos. O patriarca, Francisco Rodrigues – que foi porteiro da Faculdade de Comércio durante quase toda a sua vida (havia nascido em Canguçu em 1880). O casamento de Francisco e Abgail já fora porém em Porto Alegre, tendo lugar na Igreja do Rosário, a irmandade dos negros, da qual era confrade.

Francisco Rodrigues era letrado como Marcílio Freitas e João Baptista Figueiredo, mantenedores de O Exemplo, jornal da imprensa negra iniciado em 1892. Os três compunham a direção de uma das mais importantes associações da história do futebol gaúcho, a popularmente chamada de Liga da Canela Preta, uma associação composta de vários times, todos com maioria negra entre seus jogadores.

José Antônio dos Santos refere ainda em seu livro sobre a Liga que Lupicínio contava que seu pai fazia “parte da turma de mulatinhos”, que naquela época sonhava com a evolução das pessoas de cor, tendo resolvido formar um time de futebol. Tanto como a educação, // tão preciosa para os membros da Irmandade do Rosário // (como vimos no episódio 2 do Desapada POA) e para a comunidade do jornal o Exemplo, o futebol também era tido como umas das possibilidades de ascensão social e reconhecimento de cidadania para os negros.

Seguindo a tradição familiar, Lupicínio jogou nos principais times da Liga, dividindo o espaço dos campos com outro ilustre morador da Ilhota e famoso jogador negro, ponta-direita e ídolo do Sport Club Internacional: Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha – alcunha advinda da relação familiar com os fundadores do bloco de carnaval Os Tesouras, que, naqueles antãos, desfilava nas ruas da cidade baixa. O ginásio municipal que hoje carrega o seu nome está situado justamente no antigo território da Ilhota. Tesourinha quebrou um tabu histórico no futebol gaúcho: foi o primeiro jogador negro a ingressar no Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, em 1952.

Lupicínio e Tesourinha nasceram e cresceram na Ilhota, marcada e inundada pelas águas do Riacho – o Arroio Dilúvio – e marcada ainda pela precariedade, mas também no lugar dos laços de amizade e do partilhar de uma ascendência africana comum da maioria de seus habitantes. Na canção “Ilhota” o músico descreve o lugar, neste trecho declamado por seu filho, o Lupinho, exclusivamente para o Desapaga POA:

“Ilhota, minha favela moderna. Onde a vida na taberna. É das melhores que há Ilhota, arrabalde de enchente. E que nem assim a gente. Pensa em se mudar de lá. Ilhota do casebre de madeira. Da mulata feiticeira. Do caboclo cantador. Ilhota, a tua simplicidade. É que dá felicidade. Para o teu pobre morador. Na tua rua, joga-se em plena esquina. Filho teu não se amofina em sair pro batedor. Nem mesmo a justa vais visitar seus banhados. Pra não serem obrigados a intervir em questões de amor.” (LUPICÍNIO RODRIGUES)

Como o Areal da Baronesa, a Ilhota também ocupava as páginas da imprensa local, que distante da percepção cantada por Lupicínio, pautava a estigmatização, o preconceito e a suspeição sobre seus moradores.

Não estranhe tanto o comportamento de certa imprensa elitista de hoje. Olhe para a imprensa do positivismo castilhista do passado. Por décadas seguiram as campanhas da imprensa querendo “extirpar”, retirar a Ilhota e o Areal da Baronesa das vistas da cidade, encontrando eco nos gestores municipais, que aliados à especulação imobiliária, olhavam a região circundante ao centro como uma possibilidade de sua extensão, construindo assim novas edificações desvinculadas da trajetória histórica da região.

O processo de gentrificação da região impulsionou a derrubada da maioria das casas de avenidas, aliado à retificação e canalização do Riacho, em obras já nos anos de 1960 e 1970, quando, então, para regozijo das vozes elitizadas e carregadas de preconceitos contra os mais pobres, os citadinos da Ilhota e Arraial foram expulsos para bem longe, para a Restinga, configurando uma espécie de diáspora interna com a reconfiguração de outros territórios negros nas franjas da cidade.

A geógrafa negra Daniele Vieira Machado, ao cartografar os territórios negros da cidade de Porto Alegre entre os anos de 1800 e 1970, nos informa que os territórios de negros da Ilhota e do Areal – ao sul do centro da cidade – se ligavam pela antiga rua Cabo Rocha (atual rua Prof. Freitas de Castro) à Colônia Africana, formando um grande arco negro ao redor do centro.

A Colônia Africana estava localizada onde atualmente ficam os bairros Bom Fim, Rio Branco e Mont’Serrat, nos anos que precederam a abolição da escravidão. Na época, ainda era um local distante da área central da cidade que não contava com os recursos infraestruturais. Sua origem está ligada aos Campos da Várzea do Portão, posteriormente chamado de Campos da Redenção.

Sobre a nominação Colônia Africana, o historiador Eduardo Kersting, ressalta que o termo colônia, vinha carregado de ironia, e derivava de uma época de instalação de uma ordem burguesa, de uma nova estruturação no mercado de trabalho – que implicava na exclusão das classes perigosas, daí a criação de uma série de denominações que predominavam na sociedade e que possibilitaram relegar à marginalidade o setor negro da população.

Formada nos anos que seguiram o pós-abolição e para onde migraram parte do contingente populacional negro, a Colônia era alvo de campanha dos periódicos da época, tal como os demais territórios, vista como a côrte do crime e antro de bandidos, e conhecida por suas mães de santo que tinham ali suas casas de religião, sendo palco de perseguições policiais.

Sobre seus estudos a respeito da cartografia negra da cidade, o Desapaga POA conversou com a geógrafa Daniele Vieira Machado:

Localizado numa esquina da avenida Esperança, atual Miguel Tostes, o Salão do Rui era um local de encontro e sociabilidade das famílias negras da Colônia Africana. Tinha uma escadaria imponente com corrimão de madeira lustrada e por ali desciam as rainhas das festas e as cantoras. Horacina Corrêa era a mais querida. Tão elegante e afinada. Palco de bailes temáticos, carnavais e eventos que marcaram época, foi lá que, poucos dias antes da primavera de 1932, aconteceu o grande baile Noite da Colônia, animado pela jazz band Espia Só, composta somente por músicos negros. Elogiado pelo brilhantismo, o evento fora organizado pela sociedade Orgulho da Colônia, que no nome expressava o seu caráter afirmativo. Além da diversão, do encontro, esses eram momentos de afirmação coletiva, utilizados também para rechaçar esteriótipos negativos sobre a região e seus moradores. Rebatizada de Bairro Rio Branco em 1913, a nomenclatura ‘Colônia Africana’ demorou a desaparecer. Nos anos 1940, ela vai circular nas páginas da Revista do Globo, com o Salão do Rui noticiado como a sociedade de pretos da Rua Esperança.“ (DANIELE MACHADO VIEIRA)

O escritor negro Jaime Moreira nascido e criado na região no seu livro intitulada “Colônia Africana” relata as tradições religiosas de matriz afro e os espaços onde aconteciam suas práticas,

A Rua Cabral, com início na Rua Ramiro Barcelos, ia até a Igreja Nossa Senhora da Piedade. […]. No centro da rua iniciava uma pedreira de lindas pedras azuis. Ao lado da pedreira tinha uma estrada estreita, junto à divisa da instituição que ia ao topo do morro.

Este era relato de meu avô Abel, feito em uma madrugada quando chegava de seu serviço. Lembro-me de tudo! Era uma noite com uma tempestade cheia de relâmpagos e trovões! Ele me disse: Meu neto olha lá fora. Clareava a noite, até as sete pedras de Xangô, do Morro da Piedade. Quem conhecia bem as sete pedras de Xangô era Mãe Chininha, mãe de Santo que residia nas imediações. Ela que com seus filhos de santo ali fazia suas oferendas […]. Naquele tempo, os negros se reuniam para piqueniques junto às sete pedras de Xangô para agradecer pelo atendimento de seus pedidos. Em certas noites do ano, da casa do meu avô, avistavam-se as velas acesas no topo do morro. Era uma vista linda! Quando ia amanhecendo, muitos frequentadores dos bailes do Salão do Rui ou Salão Modelo dirigiam-se ao Morro da Piedade para seus pedidos de amor .

Ao referir o Salão do Rui, Moreira rememora as intensas festividades e vivências culturais ligadas aos grupos de jazz que ali tocavam e dos cantores que faziam suas apresentações como Horacina Corrêa, nascida na Colônia Africana em 1913, foi cantora e solista do bloco de carnaval os Turunas.O Carnaval, da “Colônia”, como nos demais territórios referidos ao longo deste episódio foi igualmente intenso, expresso nos seus vários blocos e tribos carnavalescas.

Nos primeiros anos do século XX, a Colônia Africana foi submetida a uma série de transformações urbanísticas que elevaram as taxas das habitações coletivas, que ocupavam parte de seus limites territoriais. A chegada dos imigrantes alemães e de origem judaica coincidiu com a saída paulatina dos negros, que foram subindo para as áreas mais afastadas e se espraiando em direção as regiões dos atuais bairros Petrópolis e Bom Jesus.

“Adiante da Colônia Africana estava a bacia do Mont Serrat, outro território negro. Conhecido como lugar de batuqueiro forte, tinha rua que chegava a ter sete casas de batuque. É o que conta uma antiga moradora em entrevista a Irene Santos, organizadora dos clássicos Negro em Preto e Branco e Colonos e Quilombolas. Livros que guardam valioso patrimônio oral e imagético da Porto Alegre negra. Em 1990, aos 81 anos, mãe Laudelina do Bará, com seu terreiro na rua Freire Alemão, compunha a terceira geração de uma família de santo da área. Uma bica dágua ainda guarda a lembrança do tempo das lavadeiras, ofício das mulheres da região. A primeira rua deste antigo território negro imortalizou no traçado urbano um intelectual negro: Artur Rocha, dramaturgo riograndino. No pós-abolição, Artur Rocha tinha suas peças encenadas nos salões da Sociedade Floresta Aurora. Eram as comemorações de liberdade festejadas no 28 de setembro, data da Lei do Ventre Livre, e no 13 de maio, Dia da Abolição da escravidão. Estas datas também eram os limites do Areal da Baronesa. Na década de 1870, o limite sul era a Rua dos Pretos Forros, que depois passa a se chamar Rua 28 de Setembro, mantendo, simbolicamente, o sentido de liberdade. A Rua 13 de Maio é a atual Avenida Getúlio Vargas.” (DANIELE MACHADO VIEIRA)

PARTE 3

O MERCADO PÚBLICO COMO TERRITÓRIO NEGRO

Regina Parente e José Manoel Ávila

Começamos esta identificação do Mercado como um monumento para a população negra e um território negro de Porto Alegre, entrevistando Pedro Vargas, um dos integrantes da equipe do Desapaga POA, e também um dos articuladores do projeto do Museu de Percurso do Negro em Porto Alegre:

“…Entre 1992 e 1997, o Mercado passou por um processo de restauração de grandes proporções, o que fez visível um movimento contínuo e de longa duração feito por sacerdotes e vivenciadores das religiões de matriz afro-brasileiras. Babalorixás e yalorixás vinham seguramente há mais de 100 anos reverenciar e apresentar os novos religiosos ao orixá Bará, entendido como assentado no centro do Mercado Público, ali no cruzeiro, ou seja, no cruzamento das quatro entradas da edificação. O ritual do passeio de apresentação dos novos religiosos que integram as reverências da tradição Bará do Mercado, com pequenas variações, mostra que a presença negra no centro da Capital é, pode-se dizer, ancestral. Entra-se pela porta do Largo Glênio Peres, faz-se as saudações no cruzeiro, ao centro do Mercado; sai-se pela porta da Avenida Júlio de Castilhos em direção ao Guaíba para saudar às águas de Oxum; por vezes retorna-se ao Mercado pela porta da Avenida Borges de Medeiros e cruza-se o prédio, saindo-se pelo portão da Praça Parobé em direção à Igreja do Rosário dos Pretos, o que é uma forma de reviver os passos dos negros nos séculos XVIII e XIX. Já para outro grupo social negro, dos militantes do Movimento Negro, o Mercado é um território negro por outras razões. Primeiro é considerado um monumento negro por ter sido construído com mão de obra escravizada. Esta apreensão do prédio como único monumento negro da cidade é uma forma de protesto por não haverem monumentos para lembrar a trajetória negra na Capital. O Mercado é entendido também como um enclave negro por ser próximo ao cais, onde existia um grande número de estivadores que na maoiria eram negros, ter bares frequentados por negros e ainda por ser considerado um lugar democrático e símbolo de lutas do período da ditadura militar, de 1964 a 1985. Era no Mercado que ficavam núcleos da resistência cultural como o da Livraria Coletânea. E foi ainda na parte alta do Mercado onde se instalou a primeira sede do MNU = Movimento Negro Unificado. É de lá, deste prédio do Mercado, que saem todas as manifestações políticas e sociais em prol das causas negras.” (PEDRO VARGAS)

O antigo cronista Achylles Porto Alegre coloca o Mercado como uma das singularidades da cidade. Ele comenta que as primeiras tentativas de constituição do Mercado Público foram na antiga Praça da Alfândega, e por ser formada por várias tendas ao seu redor, ao ar livre, recebeu o nome primitivo de “Praça da Quitanda”

“Pouco depois de 1841-1842, erguia-se então (…) o nosso primeiro mercado público – construído por uma associação. As mercadorias eram levadas em pesadas carretas de bois, que traziam os mais diversos gêneros para o mercado.” – registrou o cronista.

As obras de implantação foram iniciadas depois que se promoveu o deslocamento das quitandeiras do Largo da Quitanda para a Praça do Paraíso (o que seria hoje um local entre a Praça XV e o Largo Glênio Peres). Essa movimentação, que não será rara durante toda a história da população negra de Porto Alegre – o empurra-empurra dos negros e mais pobres – aconteceu para que os tabuleiros das quitandeiras dessem espaço para a construção do novo prédio da Alfândega.

Os administradores municipais, depois do cerco dos Farroupilhas a “mui leal e valerosa” Porto Alegre, aproveitaram os tempos de “paz” (paz entre aspas) para dotar a cidade de novos e melhores equipamentos urbanos. É nesse contexto que o primeiro Mercado Público e a Doca, então conhecida como Doca das Frutas, serão construídos na desembocadura da Rua de Bragança.

Essas construções demandaram imensos movimentos de terras, pedras e aterros. E a mão de obra que movimentou tudo isso foi a mão de obra negra.

Sobre o deslocamento das quitandeiras e os constantes desalojamentos de negros em Porto Alegre, há diversas referências nos cronistas antigos da cidade e também o trabalho de arqueologia histórica de Marcelo dos Santos Lazarotti, que nos apresenta a seguinte situação, quando da construção do Mercado, em meados dos século XIX:

“O deslocamento compulsório das quitandeiras e do comércio de gêneros alimentícios para a Praça do Mercado não foi tranquilo, originando de imediato, e mesmo antes da inauguração do mesmo, reações contrárias. Como foi o caso dos proprietários dos açougues da cidade, os quais foram os primeiros a expressar seu descontentamento, ao questionarem a imposição para que o comércio de carne verde fosse feito apenas nas dependências do mercado público. (…) Provavelmente, nem todos os comerciantes tinham condições de adquirir um “quarto” no prédio do mercado ou um local na praça para estabelecer seu negócio. Muitos destes comerciantes nem ao menos tinham um local fixo para comercializar seus produtos, vivendo de um comércio ambulante, expondo seus produtos em tabuleiros ou mesmo sobre simples esteiras que instalavam nos largos e praias da cidade. Este pequeno comércio, do qual muitos ex-escravos alforriados participavam e viviam, foi o maior prejudicado com a proibição da venda de gêneros fora da Praça do Mercado.” (LAZAROTTI)

Em sua dissertação de mestrado com o título Arqueologia da margem: Porto Alegre: a formação de uma cidade portuária (do século XVIII a meados do século XIX), Lazarotti também demonstra que a transferência das quitandeiras da Alfândega para a Praça do Mercado também não foi tranquila, considerando-se que já havia ocorrido uma primeira mudança de endereço para elas na década de 1820.

O segundo prédio do Mercado Público, cuja construção iniciou-se em 1864 para ser concluída em 1869, teve como finalidade principal a concentração da atividade comercial num único ponto. Este prédio localizava-se na área contígua ao antigo, ao primeiro Mercado, também na Praça do Paraíso. Trabalhadores escravizados dedicaram-se à construção e dessa ação decorre a demarção de um dos territórios negros mais marcantemente ligado à religiosiodade de matriz africana.

Numa referência aos mercados em África, que são locais que transcendem as práticas comerciais, constituindo-se como espaços de sociabilidade e de referência política local, os trabalhadores escravizados teriam feito, ainda durante a construção do segundo andar do Mercado – em Porto Alegre – um “assentamento” ao orixá responsável pela fartura, pelas trocas e pela conexão entre o mundo dos homens e o mundo dos orixás.

Este orixá é Exú, ou na tradição do Batuque, que prevaleceu no sul do Brasil, o Bará.

O Bará fora então introduzido por meio do enterramento de pedras sagradas e objetos representativos do orixá no ponto central da edificação, local que forma uma encruzilhada, um cruzeiro, um cruzamento de caminhos – o que não poderia ser mais oportuno, pois que Bará é o senhor dos caminhos, responsável pelo início de todas as ações e empreendimentos.

Essa é uma história que permanece especialmente por conta das tradições religiosas que celebram o local, tranformando o Mercado, para além de uma referência comercial, num espaço de manutenção das práticas religiosas, das tradições culturais, da identidade das mulheres e homens negros, então escravizados, que viveram a ajudaram a construir a Porto Alegre que conhecemos hoje.

Mais recentemente, na virada do século XIX para o século XX, somou-se à tradição do assentamento ao Bará a história de que tal feito teria sido obra de Custódio Joaquim de Almeida: o Príncipe Custódio, nome adotado por Osuanlele Okizi Erupê, que era tido como um príncipe vindo do Benin na segunda metade do século XIX, depois da ocupação pelos britânicos daquela região no continente africano.

Instalado em Porto Alegre, o Príncipe Custódio se transformou numa referência religiosa para a comunidade negra da cidade. Sua influência é tal que é reconhecido mesmo pela elite política da Primeira República riograndense. Sua figura se confunde com a tradição religiosa do Batuque no Rio Grande do Sul, e sua história ainda está envolta por muitos mistérios.

Recentemente, os historiadores Jovani de Souza Scherer e Rodrigo de Azevedo Weimer publicaram o livro No Refluxo dos Retornados, no qual apresentam novas evidências sobre a vida e as ações do Príncipe Custódio.

Para a “Tradição do Bará do Mercado”, como já é conhecida a importância religiosa do Mercado Público para os praticantes das religiões de matriz africana da cidade e do estado, importa que essas duas vertentes da sua origem se confundem e evidenciam também o Mercado Público como um ponto de referência capital para a população negra da cidade, desde a sua construção até os dias atuais.

FECHAMENTO

Este foi o oitavo episódio do DESAPAGA POA.

Esta primeira série terá 10 episódios que ficam disponíveis nos principais agregadores de podcast, sendo transmitidos todos os sábados, pela rádio FM Cultura (107.7), apoiadora do projeto.

A pesquisa, os textos e a elaboração dos roteiros da série sobre a PRESENÇA NEGRA na história de Porto Alegre são de Pedro Vargas, Jane Mattos, Manoel José Ávila, Regina Parente e Orson Soares.

A equipe de locução conta com Clara Falcão, Leila Mattos, Lucas Samuel e Carlos Raimundo Pereira.

Os áudios e a trilha sonora tem a direção e criação de Bebeto Alves, com participação do professor de canto e dança guarani Arlindo Kuarai.

A comunicação é do Marketing da Ju. A edição é minha e eu sou o Vitor Ortiz.

O DESAPAGA POA tem o apoio também do Programa EcoViamão, do Instituto Federal do RS, Campus Viamão.

Toda a produção do projeto é realizada via on line, com trabalho em home office e reuniões pela web, diante da necessidade de cuidados neste contexto de pandemia.

Em breve estaremos aqui outra vez para mais um episódio do canal DESAPAGA POA.

BIBLIOGRAFIA

Trechos de interpretação de Horacina Correa utilizados no áudio do podcast:

  • ABRUNHOSA, Josiane.Bambas da Orgia: Um Estudo sobre o Carnaval de Rua de Porto Alegre, Seus Carnavalescos e os Territórios Negros. Dissertação (Mestradoem Antropologia). Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1993.
  • FRANCO, Sérgio da Costa.Porto Alegre: Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora Universidade, UFGRS, 1988.
  • GERMANO, Iris Graciela. Rio Grande do Sul, Brasil e Etiópia: os negros e o carnaval de Porto Alegre nas décadas de 1930 e 40. 275 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999
  • MATTOS, Jane Rocha de. Que arraial que nada, aquilo lá é um areal: O Areal da Baronesa: imaginário e história (1879-1921). 158 f. Dissertação (Mestrado em História do Brasil) – Programa de Pós-graduação em História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.
  • KERSTING, Eduardo e de Oliveira. Negros e a modernidade urbana em Porto Alegre: a Colônia Africana (1890 – 1920). 221 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998.
  • OLIVEIRA, Márcia Ramos de. Lupicínio Rodrigues: A cidade, a música, os amigos.Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-graduação em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,1995.
  • PESAVENTO, Sandra Jatahy. (Coord.). Memória Porto Alegre, Espaços e Vivências.Porto Alegre: Ed. da UFRGS, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1991.
  • PORTO ALEGRE, Achylles.História Popular de Porto Alegre. Porto Alegre, EU/Porto Alegre,1984.
  • ROSA, Marcus Vinicius de Freitas.Além da Invisibilidade: História Social do racismo em Porto Alegre durante o pós- abolição. Porto Alegre: EST Edições, 2019.
  • SCHERER, Jovani de Souza e WEIMER, Rodrigo de Azevedo. No Refluxo dos Retornados. Editado pelo Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul – APERS, 2021.
  • SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul. 1820-1821.São Paulo: EDUSP, 1974.
  • SANTOS, José Antonio dos.Liga da Canela Preta: A História do Negro no Futebol. Porto Alegre: Editora Diadorim, 2018.
  • SILVA, Jayme Moreira da. Colônia Africana. Porto Alegre: do autor, 2005.
  • VIEIRA, Daniele Machado. Territórios Negros em Porto Alegre/RS: Geografia Histórica da presença negra no espaço urbano. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de PósGraduação em Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.
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