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Pere Comellas Casanova: Pelo direito catalão

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Pere Comellas Casanova: Pelo direito catalão (Directa 481)
Entrevista com Pere Comellas Casanova, catalão, professor da Universidade de Barcelona, professor de tradução e tradutor. Realizada por escrito, via email, nos dias 29 a 31 de outubro.Por Luís Augusto Fischer Pere (equivalente catalão de Pedro), nascido em 1965, é doutor pela Universidade de Barcelona, em 2005, na área de linguística, e tem boa experiência em vários países de língua portuguesa, inclusive o Brasil, que visita com certa regularidade. É professor na Área de Estudos Galegos e Portugueses, no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas. Já traduziu ao espanhol; agora, como tradutor, trabalha basicamente traduzindo do galego e do português ao catalão. Alguns autores traduzidos por ele recentemente são Alberto Mussa, Martha Batalha, José Eduardo Agualusa, Mia Couto, Bernardo Kucinski, Gonçalo Tavares. Seu livro mais marcante acerca do tema do catalão e da identidade catalã é Contra l’imperialisme lingüístic, de 2006. O mais recente, de 2019, é Antropología lingüística, em parceria com M. C. Junyent. Sem pretender mais que indicar algumas dimensões históricas do tema da entrevista, vale lembrar que a região da Catalunha, um dos pontos chave para se entender as eleições na Espanha deste domingo, dia 11, tem povoamento desde 25 mil anos atrás, continuamente. É atualmente uma comunidade autônoma da Espanha (como um estado brasileiro, mas com muitos aspectos de autonomia, inclusive o reconhecimento do catalão como língua oficial), enquanto para os independentistas é uma nacionalidade. Na Idade Média foi condado, principado e, em 1359, organizou-se sob o nome de “generalitat”, uma forma de nação – lembremos que os estados nacionais modernos mal começavam a existir neste tempo. Teve relativa autonomia administrativa até o começo do século 18, quando suas instituições foram bloqueadas e mesmo suprimidas. No século 19, tornou-se a primeira região industrial da atual Espanha. Pelo menos desde 1922 há movimentos políticos organizados lutando pela independência, e nos últimos dez anos tem havido uma série de atividades, debates, referendos, etc., que prepararam a declaração de Independência, em outubro de 2017. Líderes dos últimos movimentos é que foram condenados pelas cortes superiores espanholas, cerca de um mês atrás, gerando uma nova onda de protestos que reavivam o sentimento e a política autonomista. Luis Augusto Fischer – Qual tua posição nessa disputa já antiga pela independência da Catalunha? Pere Comellas Casanova – Pessoalmente sou pró-independência. LAF – Que razões te movem?  Pere – Fundamentalmente duas, embora não se possam descartar razões muito mais emocionais. A primeira: acho que os países deveriam ser menores. Países como a China, a Rússia, os Estados Unidos, a Índia, etc. não fazem sentido. Países pequenos têm exércitos menores, em geral menor capacidade imperialista, menor desenvolvimento armamentístico, etc. A segunda: é preciso dessacralizar as fronteiras. A maioria são completamente arbitrárias, fruto de lutas de poder que nada ou pouco têm a ver com as culturas. Uma prova disso é que praticamente nunca coincide a fronteira política e a linguística, e quando coincide é porque a construção do estado-nação já conseguiu acabar com a diversidade cultural prévia e fazer da fronteira arbitrária uma verdadeira fronteira.  Essas […]

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