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Conheça as mulheres que fazem o Matinal

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Conheça as mulheres que fazem o Matinal Marcha das mulheres em Brasília (Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)

Nesta semana do Dia Internacional da Mulher, apresentamos nas nossas redes as profissionais que trabalham nas mais variadas áreas do Matinal Jornalismo. Somos protagonistas – e maioria – no grupo. Lendo os textos que cada uma produziu para essa publicação, senti um baita orgulho de fazer parte dessa equipe diversa e com tantas potencialidades. Conheçam, a seguir, um pouco dessas mulheres comprometidas com as mais variadas causas feministas. Na sequência, compartilho vivências e referências que me ajudam em duas missões que me proponho a levar adiante: criar um filho feminista e contribuir para uma cidade melhor para as mulheres.

Como criar meninos feministas

Pois então, eu disse ali em cima que crio um menino feminista. É a missão que me proponho a levar adiante para contribuir para uma sociedade menos opressora contra as mulheres. Jamais venceremos o machismo, responsável pelas violências mais variadas que sofremos diariamente, se não incluirmos os homens nessa luta. Compartilho aqui um pouco da minha vivência e referências que me ajudam para inspirar outras mães e pais de meninos.

“Quer um abraço?”

Validar as emoções é importante para toda criança, independentemente do gênero. No caso dos meninos é fundamental para que eles aprendam que homem chora sim e isso não é problema nenhum. Antes de soltar um “pra quê esse choro?” ou um terrível “parece até uma menininha”, experimente oferecer seu colo ou um abraço e diga que você compreende sua frustração.

Como indicam a jornalista Claire Cain Miller e a ilustradora Agnes Lee, autoras da reportagem Como criar um filho feminista, as mulheres só poderão ser livres se o papel dos homens também for menos estereotipado. Por isso eu digo “sim” ao Santiago, meu filho de 5 anos, quando ele me vê pintando as unhas e pede pra pintar também ou, como esses dias, quis passar um batom vermelho na boca.

“Rosa é cor de menina”

O Santiago já me saiu com essa: “rosa é cor de menina”. Eu imediatamente comecei uma minipalestra lembrando que o pai dele tem mais peças rosa do que eu, que minha cor preferida não é rosa, que todo mundo pode usar a cor que quiser etc e tal. Ele revirou os olhos e refez a sentença: “Tá bom, as meninas da minha escola preferem rosa.”

Você pode ler todos os livros de autoras feministas do mundo, levar seu filho a uma marcha das mulheres, ser exemplo de uma mulher livre e bem-sucedida no trabalho, dividir igualmente entre os homens e as mulheres as tarefas da casa, mas não esqueça que não vive numa bolha. Por isso é tão importante levar o debate sobre gênero a outros lugares.

Futebol também já foi classificado pelo meu filho como “coisa de menino”. Eu sou péssima com a bola, ao contrário do pai dele. Mesma diferença aparece nas brincadeiras com as avós e os avôs. A conclusão, na cabeça de uma criança, é óbvia: menina não sabe jogar bola. Como a gente dribla (tampouco sou boa com trocadilhos…) isso? Mostra futebol feminino na TV, apresenta a Marta e assiste a jogos com narração feminina.

Um livro e dois filmes

Referências que me ajudam nessa árdua porém divertida missão. O livro de Chimamanda Ngozi Adichie Para Educar Crianças Feministas tem menos de cem páginas e traz conselhos como esses que tento aplicar em casa. Nas telas, vale a pena assistir O Silêncio dos Homens, documentário disponível no YouTube sobre masculinidades. Na mesma linha, recomendo um outro doc chamado The Mask You Live in.

Como construir cidades feministas

Para terminar essa carta especial do 8 de março, um último assunto. Porto Alegre está no meio do processo de revisão de dois importantes planos que ditam regras urbanísticas, o Plano Cicloviário e o Plano Diretor, documento que deve ser referência para todo seu planejamento – ainda que o prefeito Sebastião Melo defenda seu fatiamento, processo que já começou com os programas para o Centro Histórico e o 4º Distrito. Tratam-se de duas coberturas às quais nos dedicamos aqui no Matinal – e seguiremos monitorando.

Temos nesses debates boas oportunidades para contemplar questões de gênero. Deixo aqui três referências de leituras que podem ajudar: os livros Cidade feminista: A luta por espaço em um mundo desenhado por homens, de Leslie Kern, e E se as cidades Fossem Pensadas por Mulheres, organizado pela deputada estadual Laura Sito e Mariana Felix (já escrevi brevemente sobre os dois aqui). Para fechar, um breve artigo sobre como a bicicleta empoderou as mulheres.


Marcela Donini é editora-chefe no Matinal há três anos. Antes disso, pedalava diariamente para ir ao trabalho do Centro à Azenha. Hoje sente falta de mais ciclovias na Zona Sul.
Contato: [email protected]

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