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Nosso jornalismo faz diferença

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Nosso jornalismo faz diferença Experimento irregular com o fármaco foi realizado em 2021 com pacientes com covid no Hospital da BM de Porto Alegre | Foto: Osmar Nólibus / BM

Na manhã de ontem, agentes da Polícia Federal cumpriram quatro mandados de busca e apreensão contra pessoas envolvidas nos testes irregulares com proxalutamida no Rio Grande do Sul. Feitas a pedido do Ministério Público Federal (MPF) as ações realizadas em residências, clínicas e hospitais de Porto Alegre e Brasília apuram os crimes de contrabando, falsidade ideológica e importação irregular de medicamentos.

Essa investigação veio a público um ano atrás, quando o repórter Pedro Nakamura revelou, no Matinal, que pacientes internados com covid-19 no Hospital da Brigada Militar foram tratados com proxalutamida, um remédio experimental. A reportagem apontava irregularidades como a falta de autorização da Anvisa para administrar o medicamento na capital gaúcha. Na época, o órgão acabou suspendendo a importação de proxalutamida ao País para uso científico e reviu normas que regem a compra internacional de remédios para pesquisas.

Parte das apreensões desta quinta-feira foram feitas na residência de Ricardo Zimmermann, um dos responsáveis pelos testes no hospital da BM localizado na Capital. Na véspera da reportagem que inaugurou nossa cobertura no ano passado, o médico publicou ameaças e acusações falsas contra Nakamura nas redes sociais, onde seguiu-se uma onda de ataques contra a redação também.

A intimidação poderia ter nos detido aí. Mas nós seguimos na cobertura, e Nakamura revelou ainda violações éticas no Termo de Consentimento entregue aos pacientes que participaram dos testes, falhas que fazem parte das denúncias feitas pelo MPF. Como mostramos nesta semana, as ações pedem reparação por dano potencial à saúde e dano moral coletivo aos responsáveis pelos testes em Porto Alegre e em Gramado, no Hospital Arcanjo São Miguel.

A coragem do repórter Pedro Nakamura e de toda a equipe envolvida nessa produção foi fundamental para levar a cobertura adiante. Um trabalho jornalístico comprometido com preceitos éticos, com a ciência, com a dignidade de pessoas que estavam em uma situação de fragilidade em meio a um contexto extremamente adverso como é uma pandemia.

Ver que nosso trabalho teve repercussão entre órgãos públicos nos motiva a seguir adiante. Da mesma forma, ter tido coragem e competência para realizar essa investigação é motivo de orgulho para nossa redação. Tão importante quanto é o apoio dos nossos leitores, que compartilham nossos conteúdos, assinam nossos planos e ajudam a manter vivo e relevante o jornalismo do Matinal. A vocês, nosso muito obrigado.

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