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Uma mancha preta na agenda verde

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Uma mancha preta na agenda verde Antes da COP-28, Lula esteve com autoridades e investidores do Catar e da Arábia Saudita | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em seu discurso na 28ª edição da Conferência das Nações sobre Mudanças Climáticas (COP-28), Lula defendeu uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. Embalado por bons resultados como a queda no desmatamento da Amazônia, o governo quer exibir seus esforços no combate à crise climática. Na véspera da chegada aos Emirados Árabes, porém, tomou uma rasteira na Câmara Federal.

Parte da “agenda verde” da Câmara dos Deputados, o projeto de lei que regulamenta as usinas eólicas em alto-mar foi aprovado na quarta-feira. Mas o texto acabou aprovado com trechos que preveem a prioridade de contratação de termelétricas movidas a carvão até 2050. Antes os contratos com essas usinas não poderiam ir além de 2028. 

Carvão. Em 2023.

Uma das fontes de energia mais poluentes do mundo, as termelétricas a carvão representam apenas cerca de 5% da matriz energética e 3% da matriz elétrica. Quero ver o governo explicar na COP a força do lobby do setor carvoeiro, para o qual, aliás, já alertamos aqui na Matinal

No início de novembro, noticiamos que um grupo de ambientalistas entregou uma carta ao senador gaúcho Paulo Paim (PT) para chamar a atenção sobre os danos socioambientais de um outro Projeto de Lei (4653/2023). O texto pretende incluir a região carbonífera do Rio Grande do Sul no Programa de Transição Energética Justa, subsidiando o uso do carvão até 2040.

Também vai ser um desafio para os intérpretes em Dubai traduzir o que significa “jabuti”, esta velha estratégia conhecida dos brasileiros usada para enfiar num projeto assuntos que nada tem a ver com a proposta original. Exatamente o que aconteceu nesse caso do PL sobre as usinas eólicas offshore.

Crise climática na pauta da Matinal

Na próxima quarta-feira, dia 6, a Matinal vai promover o primeiro encontro do Festival Cidade das Ideias, série de eventos para temas importantes para a cidade com jornalistas da redação, especialistas e nossos apoiadores e apoiadoras.

Esse novo espaço de diálogo que estamos lançando faz parte da nossa transição para uma organização sem fins lucrativos. O evento da semana que vem vai abordar a crise climática e o futuro de Porto Alegre que, assim como outras cidades gaúchas, sofreu bastante neste ano com eventos extremos. 

O encontro vai ocorrer no Centro Cultural da UFRGS, a partir das 19h30, com as presenças de Francisco Milanez, diretor científico e técnico da Agapan, Henrique Evers, gerente de desenvolvimento urbano da WRI, e Silvia Cappelli, procuradora de justiça do RS. A mediação ficará comigo e com Filipe Speck, cofundador da Matinal. Espero vocês!

Me dá um dinheiro aí

Quero lembrá-los que, para garantir nossa operação sem fins lucrativos no primeiro semestre de 2024, lançamos um crowdfunding. Contamos com a tua doação para bater a meta e seguir fazendo jornalismo de qualidade!


Marcela Donini é editora-chefe da Matinal.
Contato: [email protected]

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