Leite reúne-se com prefeitos para discutir novo modelo de distanciamento controlado
No final da tarde de ontem, o governador Eduardo Leite (PSDB) apresentou a prefeitos e deputados o novo modelo de distanciamento controlado. Criticado por prefeitos que com frequência pressionaram pela abertura das atividades apesar da piora dos indicadores epidemiológicos, o atual modelo deve ser substituído por um que, na prática, vai consolidar a gestão compartilhada.
Segundo a colunista Taline Oppitz, caberia ao governo estadual estabelecer as restrições mínimas obrigatórias para todos os municípios, enquanto às prefeituras estaria liberado adotar protocolos ainda mais flexíveis do que é permitido hoje. Contudo, o Piratini poderia suspender essa flexibilidade em um eventual agravamento da pandemia.
Para o epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal, a nova proposta parece ser mais politizada do que a atual. Parte dos integrantes do comitê científico também se sentiu desmotivada com as possíveis mudanças e avalia que Leite ficou isolado ao impor normas duras especialmente depois da chegada de Sebastião Melo (MDB) ao Paço Municipal.
Em relação a mudanças nos indicadores, o governador antecipou a GZH que a ideia é abandonar cálculos complexos por indicadores mais simples, como número de novos casos e outros dados que já são publicados diariamente pelo governo. Especialistas defendem critérios que ampliem a capacidade de prever novas ondas de contaminação em vez de dar um retrato atrasado do avanço do contágio, como no caso da disponibilidade de leitos de UTI. “Parem de contar leitos livres de UTI! Essa contagem já fez mal para muita gente, q acha que ter leito livre significa que a epidemia está em baixa. Seu risco é determinado pela taxa de transmissão comunitária, e não pelo leito disponível!”, escreveu no Twitter o médico Alexandre Zavascki.
A reunião de ontem foi a primeira de uma série de debates que devem ocorrer ainda nesta semana. O novo modelo deve entrar em vigor no dia 10.
Vacina, sim!
Nesta quarta-feira, Porto Alegre retoma a aplicação da segunda dose de Coronavac exclusivamente para pessoas com mais de 60 anos e profissionais de saúde e de apoio que receberam a primeira aplicação no dia 8 de abril ou antes. O serviço estará disponível apenas no drive-thru da PUC e nos postos Santa Marta, IAPI e Camaquã. Também podem ser vacinadas hoje pessoas com comorbidades a partir de 56 anos, além dos grupos que já tinham direito, como gestantes e puérperas com comorbidades e pessoas com síndrome de down. Confira as unidades que estarão vacinando.
O que mais você precisa saber
Queda na média móvel de mortes por Covid-19 no RS é interrompida – A confirmação de mais 252 mortes relacionadas à Covid-19 no RS elevou o número total de óbitos desde o início da pandemia para 25.417. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), os dados demonstraram que a queda na média móvel de mortes foi interrompida e agora voltou à estabilidade. Na última semana foram registradas, em média, 137 fatalidades. O órgão relatou ainda que a quantidade de cidades gaúchas que não contabilizaram mortes pelo coronavírus caiu de dez para nove. O Estado identificou no último boletim mais 5.859 pessoas infectadas com o vírus e, dessa forma, a média móvel de casos está estável há 19 dias.
Rede municipal de ensino de Porto Alegre pode entrar em greve na sexta – A próxima sexta-feira poderá marcar o início da greve de trabalhadores da rede municipal de educação de Porto Alegre. A deliberação pela paralisação foi anunciada pelo Simpa e a eventual parada deverá interromper as aulas presenciais que já foram retomadas na Capital. O Cpers orientou os professores a iniciarem o trabalho remoto e reiterou que não há condições sanitárias adequadas, nem estrutura física em salas para o retorno em modo presencial. A preocupação dos sindicatos é respaldada por uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e publicada na revista Science. O estudo indicou que há um risco aumentado de contrair a doença para familiares de docentes e alunos em atividades presenciais.
Prefeitura avaliará impacto da volta às aulas para decidir tarifa da passagem em Porto Alegre – Dez dias. Este é o prazo que a prefeitura de Porto Alegre estimou para ter o novo preço da passagem de ônibus. A tarifa está congelada em 4,55 reais desde que se encerrou o período de tratativas entre o Executivo municipal e as concessionárias. O tempo estipulado pela administração de Sebastião Melo (MDB) também tem relação com a volta às aulas presenciais. A ideia é avaliar o aumento de passageiros por conta da circulação de estudantes nas ruas da cidade. Ao término desse novo prazo de análise, a prefeitura terá de aumentar a tarifa ou então buscar um novo acordo para subsidiar os custos operacionais do sistema de transporte.
Outros links:
- Para evitar atrasos como no caso da Coronavac, a Prefeitura de Porto Alegre decidiu reservar metade das 32.760 doses da Pfizer para a segunda aplicação.
- Na CPI da Covid, o senador gaúcho Luís Carlos Heinze (PP) defendeu o chamado “kit covid”, apesar dos seus riscos e ineficácia. O governista ainda citou o médico francês Didier Raoult ignorando que o próprio cientista já admitiu que a cloroquina não serve contra a Covid.
- Deputados estaduais aprovaram projeto de lei que reserva 20% das vagas para negros em concursos públicos de ingresso aos cargos do TJRS.
- O TJRS constatou que o ataque hacker da semana passada não causou perdas irreparáveis. Equipes estão trabalhando para recuperar o backup de arquivos.
- Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou projeto de lei que prevê multa para quem desrespeitar a fila da vacina contra a Covid-19.
- A tradicional Campanha do Agasalho foi repaginada e poderá receber também doações de alimentos em diversos pontos de coleta da Capital.
- Fechados desde fevereiro, a Casa de Cultura Mario Quintana e o Museu Julio de Castilhos reabriram ontem.
- O Mulligan Irish Pub encerrou suas atividades após 17 anos de funcionamento. Um dos bares mais tradicionais da Capital, o estabelecimento não resistiu à pandemia.
- Com a “xepa” dos grupos prioritários, São Leopoldo começou a vacinar professores. Escolas são responsáveis por enviar lista com os nomes dos educadores à prefeitura.
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Você viu?
Quando o filho do empreendedor gaúcho Alexandre Graziadio foi diagnosticado com Covid-19, aos 20 anos, a família preocupou-se que o isolamento pudesse deixá-lo deprimido. Com mais de 30 anos de experiência em gráfica, Graziadio lembrou-se de uma sobra de material transparente que estava por ser descartado e, no oitavo dia de isolamento do jovem, encontrou uma solução inovadora que transformou o dia a dia da família: ele criou uma porta de plástico transparente para que o filho pudesse vivenciar a rotina da casa em segurança. Na peça, incluiu uma abertura por onde os alimentos pudessem ser entregues. A Door Shield (escudo da porta, em tradução literal) virou um produto que, além de estar mudando a rotina de quem tem parentes infectados, tornou-se uma aposta da gráfica de Graziadio para superar a crise causada pela pandemia.
