Guaíba já registra sua segunda maior enchente da história
Em meio às enxurradas que afetam o Rio Grande do Sul, o porto-alegrense já começa a olhar desconfiado para o Guaíba. E, de fato, o nível subiu muito rápido. Enquanto às 17h15 de quarta a medição no Cais Mauá estava em 1,44 metro, passado um dia inteiro o nível mais que dobrou, alcançando 3,29m na região do Cais Mauá, deixando a cota de inundação, que é de 3m, para trás. Em um ritmo que se manteve intenso, por volta das 8h, chegou a 4,31m, ultrapassando o pico de 2023 e tornando-se oficialmente a segunda maior cheia desde o início das medições.
Ao menos até esta sexta-feira, maior enchente que o Guaíba já passou foi em abril 1941, quando as suas águas elevaram-se a 4,75m, uma marca que, de acordo com integrantes do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS (IPH) poderia ser superada e mesmo chegar aos 5 metros, conforme relataram a GZH.
Mais tarde, o governador Eduardo Leite, em transmissão pela internet de atualização dos dados sobre o desastre, corroborou com a projeção, estimando que os 5 metros sejam alcançados neste sábado. “Será pior que a pior enchente já registrada, que é a de 1941”, enfatizou. Até o fim desta quinta-feira, o Piratini já contabilizava 29 mortos em 19 cidades – nenhum dos registros na capital.
À Matinal, o professor da UFRGS e integrante do IPH Fernando Dornelles disse à tarde preferir ainda ter cautela quanto a projeções. Ao longo do dia, o Guaíba chegou a ter um ritmo de elevação de sete centímetros por hora. Para os próximos dias, há dois fatores que preocupam quanto a inundações em Porto Alegre: o desaguar dos rios Gravataí, Sinos, Caí e Jacuí, e o vento no quadrante sul, que causa represamento na área da capital.
Desde a tarde, a prefeitura de Porto Alegre trabalha com os possíveis danos causados pela inundação de um Guaíba a 4 metros. Pouco antes das 17h, a Defesa Civil divulgou um alerta em que mencionava a projeção e pedia a moradores das regiões do 4º Distrito e Centro Histórico que, se possível, buscassem abrigo temporário. A situação já era de inundação na região das ilhas. Mais para o final da tarde, o alerta incluiu a zona sul da capital.
O município, por conta da crise, disponibiliza três abrigos do tipo, um no Pepsi On Stage, um na Ponta Grossa e outro no bairro Restinga. Pouco depois das 21h30, 336 pessoas estavam alocadas nas estruturas provisórias, sendo 138 crianças.
Chuva em dois dias supera a média do mês
Afetada desde o início da semana por uma forte chuva, Porto Alegre, em apenas dois dias de maio, já superou o volume esperado de chuva para todo o mês, de acordo com medições automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O acumulado de quarta e quinta, chegou a 136,8 milímetros de chuva. A média de maio para a capital gaúcha é de 112,8mm.
Diante de todo o cenário e com previsão de chuvas até pelo menos a próxima segunda-feira, a prefeitura decretou calamidade pública. A medida autoriza a administração a empregar todos os recursos e voluntários na assistência à população e restabelecimento de serviços. Tal dispositivo já havia sido empregado pelo governo do estado na véspera.
• Maiores enchentes do Guaíba até 2024*
- 1941 – 4,75m
- 2023 – 3,46m
- 1936 – 3,24m
- 1928 – 3,20m
- 1967 – 3,13m
- 2015 – 2,94m
- 1954 – 2,91m
- 1965 – 2,72m
- 1963 – 2,67m
- 2016 – 2,65m
*Fonte:IPH
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