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Respeito, cortesia e justiça: conheça os valores do confucionismo

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Respeito, cortesia e justiça: conheça os valores do confucionismo Filósofo Confúcio acreditava que a virtude pode ser cultivada por qualquer pessoa. Ilustração: Wu Daozi
Filósofo Confúcio acreditava que a virtude pode ser cultivada por qualquer pessoa
Filósofo Confúcio acreditava que a virtude
pode ser cultivada por qualquer pessoa.
Ilustração: Wu Daozi
 

Você sabe quem foi Confúcio? Os relatos tradicionais contam que Kong Fuzi, mestre Kong ou Confúcio, nasceu em 551 a.C. em Qufu, na província chinesa de Lu. Pouco se sabe sobre sua vida, exceto que vinha de uma linhagem abastada e que, após a morte do pai, precisou trabalhar como criado para sustentar a família. Mesmo assim, concluiu os estudos e tornou-se administrador na corte Chou, de onde saiu para se dedicar ao ensino.

Ao contrário do que se acredita, o confucionismo não é propriamente uma religião, mas a doutrina moral baseada no sistema de Confúcio. O filósofo fez parte de uma nova geração de intelectuais chineses, que atuavam como conselheiros nas cortes por mérito, não por herança.

A filosofia de Confúcio

Foi justamente a integração entre tradição e meritocracia que produziu sua inovadora filosofia moral. Até então, os chineses acreditavam que a virtude era um presente do céu para as classes dominantes. Confúcio, entretanto, afirmava que a virtude pode ser cultivada por qualquer indivíduo. Para ele, era dever das classes dominantes agir com benevolência e justiça para alcançar uma sociedade justa e estável.

Era preciso conciliar a crença na virtude potencial de todos os homens, de um lado, com uma estrutura social baseada em uma rígida divisão social, de outro. Nesse sentido, Confúcio diz que o virtuoso não é aquele que está no topo da pirâmide social. Virtuoso é aquele que entende seu lugar dentro da hierarquia e o aceita de bom grado.

Para incutir essa sensação de conformidade, ele elenca valores tradicionais chineses que devem ser seguidos: fidelidade (zhong), piedade filial (xiao), rituais apropriados (li) e reciprocidade (shu). Aquele que observava esses valores com sinceridade era, no confucionismo, um cavalheiro (junzi): um homem de virtude, estudioso, praticante de boas maneiras.

Confucionismo nos dias de hoje

Como trazer os valores do confucionismo para a modernidade? Confúcio tinha como filosofia ensinar sem aulas, de acordo com a aptidão de cada aluno. É uma das grandes razões para ensinar os valores da filosofia a crianças e jovens a partir de suas habilidades inatas, guiando-as desde cedo para o caminho da virtude.

Por benevolência, falamos da vontade de fazer o bem a outras pessoas. Ao sermos benevolentes, revelamos altruísmo e empatia. De acordo com Confúcio, governar pelo exemplo, e não pelo medo, inspiraria o povo a seguir o caminho da bondade.

O mesmo princípio de agir pelo exemplo deve nortear as relações pessoais, principalmente no que diz respeito à família. Ela é, no confucionismo, a base na qual cada indivíduo está assentado.

O conceito do zhong, citado lá em cima como relativo à fidelidade, pode ser compreendido como respeito. Manter relações de respeito, sendo fiel aos amigos, à família, aos cônjuges etc.

Mas também tem a ver com a reciprocidade, com o shu: você já deve ter ouvido a máxima “faça como desejaria que fizessem a você”, certo? No confucionismo, ela aparece como negativa: “o que você não deseja para si mesmo, não faça aos outros”.

Uma das atividades em que esse conceito aparece com força é na prática de artes marciais. Nelas se ensina moderação e autoconfiança, além do respeito aos mestres e aos oponentes, fortalecendo a integridade e a formação de vínculos.

Templo confucionista em Changhua, em Taiwan
Templo confucionista em Changhua, em Taiwan. Foto: Mingwangx/Reprodução
 

Sociedade modificada pelo exemplo

Para Confúcio, a sociedade podia ser modificada pelo exemplo. A fidelidade pregada por sua doutrina também implica atenção à cortesia, à consideração pelos outros.

Ainda na ideia de que a sociedade poderia ser modificada pelo exemplo, ele atentou à importância dos rituais, desde a etiqueta para receber convidados e presentes, até gestos simples, como a forma de dirigir a palavra quando conversamos. A cortesia, de acordo com Confúcio, é um sinal externo da virtude interna – assim como a arte, que exterioriza sentimentos e inquietações.

No confucionismo, a justiça tem muito a ver com calma. Em situações de ruptura, o homem justo avalia o que lhe rodeia de forma equilibrada e aplica virtudes sem perder a visão do bem total.

A sinceridade é a maior forma de sabedoria. Diz Confúcio que a sinceridade “torna-se visível. Sendo visível, ela se torna manifesta. Sendo manifesta, torna-se brilhante. Afetando outros, eles são modificados por ela. Modificados por ela, eles são transformados”.

É cultivando a sabedoria de forma humilde que se chega à sinceridade. É um pouco como o aprender música, ou um novo idioma – quanto mais se aprende, mais se vê o quanto há para aprender. E é nesse desejo de aprimoramento que, diz Confúcio, mora a verdadeira sabedoria.

O Instituto Shenghe

O Instituto Shenghe é uma organização sem fins lucrativos localizada em Porto Alegre (RS) e que visa beneficiar a sociedade através da educação baseada nos pensamentos de Confúcio e Mêncio. Além das aulas de mandarim, que já estão acontecendo, até 26 de julho estão abertas as matrículas para crianças de 6 a 12 anos participarem de uma nova proposta de contraturno escolar em Porto Alegre, com início em 02/08/2021.

As visitas para conhecer a sede do Instituto Shenghe podem ser marcadas com antecedência pelo telefone (51) 3023.3385 ou pelo whatsapp (51) 99870-4579, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

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