Editorial | Revista Parêntese

Parêntese #200: Nem parece

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Parêntese #200: Nem parece Foto: Polina Tankilevitch/Pexels

“Olá!

Uma revista semanal de reportagem, ideias e boas histórias, em formato digital: isto é Parêntese, que aqui se apresenta. 
Nosso berço é a newsletter Matinal, já com alguns meses de vida. Além dela, a newsletter Roger Lerina, votada à programação cultural de Porto Alegre, é nossa parceira. O quarto elemento da combinação é Fronteira, agência de jornalismo. Estamos no miolo de um turbilhão de destino incerto, num desafio inédito. Para nós, é a época certa para propor este novo veículo.”

 
Este foi o começo do editorial da Parêntese #1, em novembro de 2019. Novembro de 2019 quer dizer não apenas quatro anos atrás, mas a antevéspera da pandemia da covid-19, que nos isolou por mais de um ano uns dos outros e alterou para sempre a nossa relação com o mundo virtual. Lembra? Tudo que antes parecia ficção futurista entrou na sala das classes todas, com as diferenças de praxe mas uma constante geral: aulas online, consultas médicas idem, um tédio infinito pelo tanto que precisamos ficar diante das telinhas e um represamento insano da vida afetiva, amorosa, emocional, que se faz ao vivo, com cheiro e cor e tato.

A revista contava com dois cronistas estreantes – José Falero (testemunhando o trabalho dele como gesseiro, numa obra) e Nathallia Protazio (testemunhando a vida de uma farmacêutica de balcão, cara a cara com o público).

Tinha um lindo texto da Lizete Dias de Oliveira sobre a festa dos mortos no México, uma análise fina do Carlos Augusto Bissón sobre o novo embaixador brasileiro nos EUA, ainda por ser nomeado pelo Bolsonaro, um trecho do romance Estricnina, publicado em Porto Alegre em 1897, comentado pelo Ângelo Chemello Pereira, uma resenha feita pela Julia da Rosa Simões e, não menos, uma luxuosa entrevista com a Márcia Barbosa, cientista da UFRGS, da área da Física, uma batalhadora pela maior participação da mulher na pesquisa acadêmica.

O Falero foi assim creditado: “José Carlos da Silva Junior nasceu e vive na Lomba do Pinheiro, periferia de Porto Alegre. Adotou o pseudônimo “José Falero” em homenagem à mãe, de quem herdou a veia artística, mas não o sobrenome. É escritor, autor de Vila Sapo (Figura de Linguagem, 2019) e participante das antologias À margem da sanidade (J. Vellucy, 2018) e Ancestralidades: Escritores Negros (Venas Abiertas, 2019). Trabalha como auxiliar de gesseiro para não morrer de fome, e toca cavaquinho para não morrer de tristeza.”

A Nathallia foi apresentada assim: “Nathallia Protazio. Farmacêutica, nasceu em Pernambuco e agora vive em Porto Alegre, depois de ter morado em muitos lugares, incluindo São Paulo e Lausanne, Suíça. Este é o seu primeiro texto publicado, para honra da Parêntese.”
 
Nesta Feira do Livro, orgulho da nossa cidade, neste novembro de 2023, aquele José Carlos da Silva Júnior e aquela Nathallia Protazio foram protagonistas. O embaixador bolsonarista foi cantar noutra freguesia. A Lizete segue sendo nossa leitora (mas bem que podia voltar a escrever pra revista, né?). O Ângelo, que era sócio e parceiro de todo o empreendimento e foi um dos esteios para a revista existir, agora mora na França, onde reencaminhou sua vida, agora como professor. A Julia da Rosa Simões continua aceitando ser minha companheira de cama, mesa, filhos e contas. E a Márcia Barbosa alçou voos ainda mais altos do que então: é Secretária de Política e Programas Estratégicos (SEPPE) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), no governo federal de agora, que nos livrou do horror que foram os quatro anos bozo.

Sobrevivemos e cá estamos, fechando 200 edições. Deu trabalho e deu alegria. E queremos continuar “por más”, como dizem os amigos castelhanos. Queremos muito continuar sendo um braço da Matinal, uma parceria das News do Roger, do Juremir e da Nathallia. Queremos continuar a ser uma arena de conversa inteligente da cidade – como dizia meu finado amigo Sérgio Jacaré Metz, com os pés no galpão e a cabeça na galáxia. Grato pela presença aqui, caro leitor, gentil leitora.

Luís Augusto Fischer

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