Ensaios Fotográficos

Antes de abrir os olhos hoje cedo

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Antes de abrir os olhos hoje cedo
Antes de abrir os olhos hoje muitas imagens dançaram dentro da minha cabeça. Tenho a péssima mania de sonhar. É um purgatório, sonho quase todo dia. Algumas noites me deixam cansada da trama desenrolada na vida dormida. Esta semana estou lendo os contos eróticos que a Adriana Mondadori reuniu num livro que será lançado em novembro e, se eu der conta do recado, carregará um prefácio escrito por mim. Você já leu contos eróticos? Hum. Você já leu contos eróticos escritos por uma mulher? Eu vou falar um negócio pra vocês, é bom. O erótico, segundo Ana dos Santos, é muito diferente do pornográfico. O erótico instiga os sentidos, induz imagens, cria uma atmosfera que cheira a sexo, mas pode até nem ter sexo. O erótico quer seduzir, seu foco é o desejo. O pornográfico não. A pornografia é um tipo de conteúdo com o qual tenho muita relutância, pois ao meu ver coloca o sexo num patamar de violência, campo este onde todos os sistemas de dominação sociais atuam para humilhar pessoas. Não encontro o desejo, o prazer partilhado na pornografia. Falar do corpo de uma mulher sem ser uma mulher é e sempre será uma experiência que nasce no exterior. Mulheres falando de corpos de mulheres, seja através de contos ou na criação de pinturas sobre mapas, é traçar novos limites, novas geografias, novas linguagens. Não estou com isso defendendo a morte de toda poesia criada por homens sobre suas amadas mulheres, longe de mim – querendo eu posso até posar de musa. O meu convite é outro, o que desejo é ver um mundo onde corpos sejam desejados, amados, resgatados, acariciados, observados. Desejo estes novos limites entre a fronteira do desejo e do desejável. Estas fronteiras que Raisa Christina traça e retrata em cores e movimentos. (Texto: Nathallia Protazio) Um movimento de abertura não de encerramento Com a concha dos ouvidos Dentro do pequeno aquário despovoado que havia criado em torno de si Antes de abrir os olhos hoje cedo Estranho desvio Faz fugir um mundo Mito original O caos, a brecha Para me esquecer de você Por que você não parte Restos de uma música que se perdeu Rumor Talvez devêssemos escrever Vasculhar meio século de rosto

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