1938 – A morte de Daltro Filho e Maurício Cardoso
1938 – A morte de Daltro Filho e Maurício Cardoso – História
No primeiro semestre de 1938, Porto Alegre acompanhou os funerais de dois importantes personagens de sua história política: o general Manuel de Cerqueira Daltro Filho (Cachoeira, Bahia, 1882 – P. Alegre, 19.01.1938) e Joaquim Maurício Cardoso (Soledade, RS, 9.8.1888 – Santos, SP, 2.5.1938). Daltro Filho governou o Estado como interventor, de 15.10.1937 a inícios de 1938, quando foi acometido de grave enfermidade. O segundo carregou o seu caixão (Fig. 1), substituiu-o interinamente e, sendo Secretário da Agricultura, faleceu num acidente aéreo na cidade de Santos.
As fotos e as narrativas produzidas de seus funerais sugerem verdadeiras “comoções” populares. O segundo talvez até mais, pois seu corpo só chegou a Porto Alegre mais de 30 dias após o acidente (Fig. 2). Como entender tanta “comoção” com a morte de dois políticos que aqui estiveram a serviço da ditadura estadonovista (1937-1945)? Estado Novo da brutal repressão das polícias estaduais (como a de Filinto Müller, no RJ), das censuras do DIP (aqui no RS, com a colaboração de Angelo Guido), da cassação dos partidos políticos, das arbitrariedades contra as escolas alemãs e italianas (Coelho de Souza), da queima das bandeiras estaduais etc.? Um questionamento improcedente? Comprometido, pois não leva em conta os avanços que o Estado Novo proporcionou (CLT, voto feminino, bases para a industria nacional etc.)? Uma pergunta sem sentido, porque pressupõe que os comovidos sabiam o que os mortos representavam? Um falso problema por não cogitar que as ditaduras sempre contam com uma base social suficientemente ampla para apoiá-las?
Até nas perguntas o historiador vai se policiando.
[Continua...]