Memória

Lugares de Memória do Museu de Percurso do 3º e 4 Distritos: a Fábrica Wallig & Cia

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Lugares de Memória do Museu de Percurso do 3º e 4 Distritos: a Fábrica Wallig & Cia

Sobre o Museu de Percurso:

O Museu de Percurso do 3º e 4º Distritos de Porto Alegre é uma iniciativa que nasceu na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, com o objetivo de divulgar e preservar a memória e o patrimônio das antigas regiões industriais de Porto Alegre, que faziam parte dos 3º e 4º Distritos da capital gaúcha e que hoje estão localizadas nos bairros Independência, Floresta, São Geraldo, Navegantes, São João, Humaitá e Farrapos. Um dos marcos inaugurais dessa iniciativa foi um encontro, ocorrido no dia 12 de dezembro de 2023, que reuniu mais de cinquenta pessoas no Centro Cultural Vila Flores para avaliar os problemas e pensar soluções para este território. A partir dos debates realizados, do diálogo com a comunidade e do trabalho de pesquisadores e pesquisadoras, foi elaborado o “Manifesto em defesa da memória social e do direito à cidade nas antigas regiões industriais de Porto Alegre (3º e 4º Distritos)”. Convidamos todas as pessoas a ler, discutir, divulgar e assinar este manifesto, para que ele se torne também um instrumento que ajude a questionar o presente e propor soluções para o futuro de nossa cidade.

Para ter acesso ao Manifesto na íntegra, clique aqui
Para assinatura do Manifesto clique aqui.

Fábrica Wallig & Cia:


Fundada em 1904 por Pedro Wallig, antigo sócio de Alberto Bins na Emmerich Berta e Cia –pioneira na fabricação de artigos como cofres, fogões e camas de ferro no Estado – a Pedro Wallig & Filhos iniciou como uma pequena fábrica de camas de ferro, mas logo expandiu suas atividades, passando a produzir também fogões a lenha. Em 1913, após a morte de Pedro, seus filhos João e Guilherme assumem a empresa, mudando a razão social para Wallig e Cia. Inicia-se então um processo de modernização e ampliação do catálogo, passando a produzir também cofres. Logo, a Wallig ganha destaque e passa a disputar mercado com a antiga empresa de seu fundador. Em 1927 ela será a pioneira nacional na fabricação de fogões a gás, produto que logo se tornaria seu carro chefe e desejo de consumo das famílias brasileiras na primeira metade do século XX. 

Ainda em 1913, após assumir a empresa, os irmãos Wallig iniciam a construção de seis novos módulos da fábrica que ficava entre a Rua Almirante Barroso e a Câncio Gomes: pavilhões com telhado em sheds com dois pavimentos e estrutura interna de madeira. Além disso, junto a rua Voluntários da Pátria, constroem também um edifício de escritório e mostruário. Em 1920, a empresa contrata Theo Wiederspahn, o mais importante arquiteto do Estado na época, para a construção de quatro novo pavilhões em substituição as antigas estruturas do início da fábrica. O projeto de Wiederspahn propõem a individualização da produção por setores, seguindo a tendencia de outras fábricas do período como a FIATECI, a Berta e os Móveis Gerdau (esta última também projetada por Wiederspahn em 1916). Assim, são construídos os pavilhões da seção de cofres, de pinturas, a fundição e a seção de encaixotamento e expedição. As novas edificações representam uma clara evolução dentro da tipologia industrial local para o período. Tanto pela questão estrutural, que incorporou o uso de estruturas de concreto armado nos pavilhões da seção de cofres e de pinturas e também no edifício de expedição, quanto pela questão arquitetônica ao normatizar as aberturas, tornando os interiores mais iluminados e bem ventilados. Soma-se a isso um maior requinte na ornamentação das fachadas que, apesar de tratar-se de construções fabris de caráter funcionalista, utilizava uma linguagem arquitetônica bastante similar aos edifícios público e estabelecimentos comercias construídos durante o período. 

A fábrica do 3º distrito permaneceu como a principal unidade da empresa no Estado até o início da década de 1950, quando a fábrica na esquina das avenidas Assis Brasil e Francisco Trein, no bairro Cristo Redentor foi inaugurada. Em decorrência de uma grave crise financeira, a Wallig vai a falência em 1981. A empresa então entrega seus negócios aos antigos funcionários, que se dividiram em 2 cooperativas: a Coomec (Cooperativa industrial mecânica dos trabalhadores na Wallig Sul Ltda) e a Coofund (Cooperativa industrial de fundidos dos trabalhadores na Wallig Sul Ltda), que administram parte das antigas propriedades da empresa até a década de 90. Assim como boa parte das antigas fábricas da região, os edifícios remanescentes da unidade do 3º Distrito são listados como Imóveis Inventariados de Estruturação pela Prefeitura no final da década de 1990. Mesmo com o reconhecimento como patrimônio histórico-artístico a ser preservado, o complexo passa por um longo e interrupto processo de degradação e abandono, transformando-o na ruína que é hoje. 

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