Memória

1940-42 – O Parque da Redenção e seus recantos

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1940-42 – O Parque da Redenção e seus recantos

PORT ALEGRE 251 ANOS

1940-42 – O Parque da Redenção e seus recantos – História

Entre 1940 e 1942, estimadamente, o parque da Redenção (renomeado de Farroupilha, em 1935, mas que insistimos em continuar chamando de Redenção) ganhou seus espaços de recolhimento: o Recanto Europeu, Recanto Oriental,  Recanto Alpino e o Roseiral. Estimadamente porque ainda faltam pesquisas com o rigor que a investigação histórica exige, com um cronograma mais exato de sua implantação. Desde os esboços iniciais, contidos no Plano de Ajardinamento de Alfred H. D. Agache, de 1928 (Fig. 1), sua “suspensão” para as edificações da Exposição Farroupilha (1935), a desmontagem das mesmas, a elaboração de um novo projeto (possivelmente de Arnaldo Gladosch) e, finalmente, a sua execução e respectivas inaugurações (se é que houve).

Para além de sua inserção na perspectiva da história do paisagismo da cidade, e dentro dos limites de 3 minutos de leitura, aqui auto-impostos, propomos ver estes recantos na perspectiva da curta e da longa duração. Na curta duração, como lugares de refúgio, dentro de um parque concebido numa cidade que crescia numa aceleração muito forte, com boa parte de sua população, e especialmente sua mão de obra, esfalfada pelas jornadas de trabalho e sem orçamento para descansar os ossos em espaços que não fossem grátis (abramos os olhos, porque do jeito que a coisa vai…). Na longa duração como um espaço concebido pelos urbanistas como uma projeção da própria natureza humana. Uma natureza que nos impele para a convivência (o homem é um ser social, dizia Aristóteles) mas que, ao mesmo tempo, precisa dela fugir, para depois retornar. Coisa que alguns casais nem sempre se dão conta antes da separação.

Os recantos da Redenção – Representações

Os recantos da Redenção, e seus encantos, ao natural sempre atraíram o olhar de nossos artistas. Alguns repetidamente. Outros ocasionalmente, como este notável, arguto e cosmopolita flâneur que é Joaquim da Fonseca (Alegrete/RS, 1935 – Porto Alegre, em atividade) com seu Recanto Europeu (Fig. 2), suas palmeiras e seu chafariz imperial (o único remanescente dos antigos chafarizes da cidade). Ou como Elizabete Zelmanowicz, com sua exuberante aquarela do Recanto Oriental (Fig. 3)

Entre os que mais de uma vez se empolgaram, e nos empolgam, com a beleza destes lugares de refúgio, estão Leandro Selister (Vacaria, 1965 – P. Alegre, em atividade), que, com sua verve sempre inquieta e inventiva, nos presenteia com sua Fonte Francesa e seu Recanto Oriental (Fig. 4). Assim como esta notável, simultaneamente cálida e vibrante colorista que é Elizabeth Laky Gatti (P. Alegre, 1952 – P. Alegre, em atividade) com seu Menino da Cornucópia, apelido que temos dado a um Tritão, filho de Poseidon e Anfitrite, que com sua concha de caracol acalmava as tempestades, e que compunha um chafariz da Praça XV, transferido em data incerta para o roseiral da Redenção (Fig. 4, esquerda). Mais seu detalhe das Crianças Afortunadas, robustas e portando flores, símbolos da Opulência que os chafarizes franceses espalharam pelo mundo capitalista da segunda revolução industrial (Fig. 5 – direita). 

Fig. 1 – Esquerda: Anteprojeto do ajardinamento do Campo da Redenção. Alfred Agache, 1928. Direita: Desenho livre do Campo da Redenção, com os locais dos seus recantos. Composição: arquivos do autor, Porto Alegre, RS.

Fig. 2 – Recanto Europeu com o Chafariz Imperial. Joaquim da Fonseca, s/data. Aquarela sobre papel. Coleção do artista, Porto Alegre – RS.

Fig. 3 – Recanto Oriental. Elisabete Zelmanowicz, sem data. Aquarela sobre papel Arches, 30 x 40 cm. Coleção da artista, Porto Alegre, RS.

Fig. 4 – Esquerda: Chafariz francês. Leandro Selister, sem data. Desenho digital, a partir de 39 x 21 cm. Coleção do artista, Porto Alegre, RS. Direita: Recanto Oriental. Desenho digital, a partir de 39 x 21 cm. Coleção do Artista, Porto Alegre, RS. Composição: acervo do autor, Porto Alegre, RS.

Fig. 5 – Esquerda – Menino da Cornucópia. Elisabeth Laky Gatti, sem data. Aquarela sobre papel Arches, 40 x 30 cm. Acervo da artista, Porto Alegre, RS. Direita: Crianças Afortunadas. Elisabeth Laky Gatti, sem data. Aquarela sobre papel Arches, 40 x 30 cm. Acervo da artista, Porto Alegre, RS. Composição: acervo do autor, Porto Alegre, RS.

Arnoldo Doberstein é professor e estudioso da história de Porto Alegre.

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