Memória

1948 – A fundação do 35 centro de tradições gaúchas

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1948 – A fundação do 35 centro de tradições gaúchas Chote de duas damas. Silhuetas de Mirian Fernandes Costa. In: Diário de Notícias, 15.05.1955, p. 6. Arquivo manipulado digitalmente. Arquivos do autor, Porto Alegre, RS.
HISTÓRIA Em 24/4/1948, na rua Duque de Caxias, nº 704 (no porão da residência do Dr. Carlos Simch), acontecia a fundação do 35 Centro de Tradições Gaúchas. Entre os fundadores Glaucus Saraiva (seu primeiro presidente), Barbosa Lessa e Paixão Cortes. Em maio do mesmo ano, já estavam instalados numa sala cedida pela Farsul, na av. Borges de Medeiros, podendo também desfrutar do terraço daquela instituição. No esquema interpretativo para a fundação do 35, dispomos de diversas variáveis. Entre elas o voluntarismo dos “8 guris” do Colégio Júlio de Castilhos (um prato cheio pra quem gosta, na história, de ver primeiro o indivíduo), passando pelos reflexos da reabertura democrática pós Estado Novo (1937-45) e pela reação à americanização da cultura. E, ainda, pela sobrevivência da cultura gauchesca nas populações urbanas que, vindas para a capital em busca de oportunidades, sentiam-se descoladas de seu passado histórico-cultural. Algo próximas ao “gaúcho a pé” de Cyro Martins. Os que enfatizam que o 35 foi uma resposta ao antigauchismo vigente, alegam que na época até constrangimentos ocorriam para quem chimarreasse ou usasse bombacha em público. Não é o que a pesquisa revela. Pelo menos nas páginas da Revista do Globo, uma das acusadas de propagar o american way of live entre nós. No mesmo ano que o 35 foi criado, uma extensa reportagem desta revista nos dá conta do sucesso que eram os programas radiofônicos da Rádio Gaúcha, capitaneados por Cândido Norberto e Adroaldo Guerra, onde trovadores já afamados como Gildo de Freitas (Fig. 1, esquerda), encantavam gaúchos e gaúchas a pé, com sua verve (Fig. 1, direita).  A FUNDAÇÃO DO 35 E SEU CONTEXTO – REPRESENTAÇÕES Além do rádio (uma das chaves para entendermos a capilaridade do gauchismo), os jornais também se davam conta da disposição de boa parte da população porto-alegrense para, por exemplo, lotar o estádio do Renner, para assistir um grande “festival de folclore” animado por Paixão Cortes (Fig. 2). A imprensa também reservava espaços para a divulgação das pesquisas, nas quais se destacavam Paixão Cortes, Barbosa Lessa, Dante Laytano e estudiosas como Mirian Fernandes Costa (Fig. 3). Em certas manifestações, como nas danças, algumas lacunas se apresentavam. Que eram preenchidas, sem serem necessariamente “inventadas”. No demais, é inegável que ao 35, e demais circunstâncias favoráveis, somou-se a ação deste extraordinário Paixão Cortes. cujo índice do apreço conquistado foi traduzido nas dezenas de charges e caricaturas que dele se fez ao longo do tempo (Fig. 4). E do próprio monumento que recebeu, ainda em vida, em sua terra natal (Fig. 5). Este último até mesmo dispensando que continuemos a considerar que o Laçador, para o qual serviu como modelo de INDUMENTÁRIA, continue sendo visto como sua representação FÍSICA. Até mesmo para que não continuemos pagando o mico de desinformados. Fig. 01 – Esquerda: Cândido Norberto e Gildo de Freitas (1948), num programa tradicionalista da Rádio Gaúcha. Direita: A platéia que lotava o auditório, horas antes do programa começar. In: Revista do Globo, ano XIX, 24.7.1948, n. 403, p.40, Composição: arquivos do […]

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