Au revoir, Sandrine
Foi o Tuio Becker, que costumava rebatizar todos os colegas, quem inventou nosso apelido duplo: “minhocas bicéfalas”. Eram os anos 1990, e a Sandra Simon (que ele chamava de “Sandrine”) e eu editávamos o Segundo Caderno da Zero Hora, onde o Tuio, quando não estava inventando apelidos, escrevia sobre cinema. As “minhocas bicéfalas” eram tão unidas e trabalhavam tão bem juntas que a certa altura chegaram a pensar – meio a sério, meio na brincadeira – em um dia abrir uma empresa com esse nome. (Com nosso tino para negócios, possivelmente não teria dado certo, mas seria divertido.)
Apesar de eu ser um ano mais velha, a Sandra, nascida em Caxias, havia se formado em Jornalismo na UFRGS quatro anos antes de mim, em 1988. Quando ela começou a trabalhar no Segundo Caderno, em 1992, convidada pelo editor Carlos Urbim, eu era recém-formada e ela já tinha um currículo impressionante para uma jornalista de apenas 25 anos. Como estagiária, tinha passado pela redação do histórico Diário do Sul, onde fazia traduções do francês (sim, outro mundo aquele), e pela Rádio da Universidade. Depois de formada, trabalhou na sucursal do Globo, na edição regional da Veja e na FM Cultura, antes de ser convidada a editar o Segundo Caderno junto com o Urbim. Eu era menos experiente, mas não era boba. Quando li o primeiro texto da Sandra, só consegui pensar em uma coisa: quando crescer, quero escrever tão bem quanto essa guria.
[Continua...]