Sobre Novembro Negro
Porque a gente é, também
Aquilo que esquece, aquilo
Que outros lembram
Sem pedir licença
Um dia eu disse: deus,
Tô ainda dentro desse corpo?
Ele também esquece.
Eu sou aquilo que inventam sobre mim,
Que inventam quando me veem, o que negam quando
Me perguntam se aquele dormindo no banco amarelo
Encardido sou eu. Ambos, lá fora, me atravessam.
Sou o descanso de mim, repouso de meu próprio nome
Sou meus avós, os Lúcios, Ivones
Os que nem nasceram ainda.
A gente nunca esquece de nascer. Nunca.
Marcelo Martins Silva é escritor, professor de Português e percussionista (repinique) no carnaval. Lançou “A matéria inacabada das coisas”, poesia, pela editora Diadorim. Também escreveu o folhetim Mil manhãs semelhantes, publicado na Parêntese