Capítulo LXXV – Um milhão de melódicos melodiosos – ou: os anos de transição (Parte 21)
Este é o terceiro texto sobre Geraldo Flach , o primeiro você acessa aqui e o segundo, aqui.
Mais um a comprovar que a vida começa aos 40, a partir de 1985 Geraldo inicia uma longa fila de shows e álbuns solo ou em colaboração com os artistas mais diversos. Numa continuidade de carreira que jamais tivera antes.
É deste ano Momento Mágico, um disco que é solo mas nem parece. Produzido pelo velho amigo Fernando Ribeiro em seu estúdio em São Paulo, o Vice Versa, nele Geraldo mostra tudo que tinha aprendido na publicidade com relação a montar uma música somente com teclados. Além do piano acústico Steinway, ele toca um piano elétrico Rhodes, outro Yamaha (CP-70, um clássico da época), mais dois sintetizadores que eram o auge da modernidade de então: o DX-7 e o Korg Poly-800. Ficou datado? Ficou, claro. É seu disco mais datado. Mas isso é ruim? Depende do gosto de cada ouvinte.
O LP saiu pelo selo RBS Discos em parceria com a Som Livre, com uma bela capa do desenhista gaúcho Edgar Vasquez. Todos os temas são de Geraldo, e está ali a primeira gravação do que seria sua música mais conhecida: a rancheira Rancheirinha, levada com um suingue impressionante no Rhodes, ressaltando sua encantadora simplicidade e tornando universal seu sotaque fortemente regional. Há ainda a lírica balada Anja, escrita para Ângela, duas milongas – Sol da Meia Noite e Milonga Vida –, uma bela mostra do suingue geraldiano (Sacudindo) e o Chote da Mudança, que tem a cara da esperança política da redemocratização: é uma brincadeira entre o hino nacional e… “Atirei o pau no gato”.
[Continua...]