Parêntese #180: Mudança
Há cento e oitenta edições a Parêntese anda por aí. “Anda” quer dizer reúne e depois espalha por aí uma quantidade imensa de textos e imagens, papa fina, com pensamento, sensibilidade, história, especulação, ficção e verdade, memória e projeção. A Parêntese se compreende, desde sempre, como uma arena em que se reúnem pessoas interessadas nesse tipo de ação, esse padrão de envolvimento da razão e da sensibilidade.
Assim foi até agora, assim continuará sendo. Toda semana, aos sábados, a newsletter da revista seguirá chegando na caixa do prezado leitor, da gentil leitora.
Porém – ah, porém – temos novidades: a partir do julho que se inicia semana que vem, a Parêntese terá uma estrutura mensal de edição.
A cada mês, na primeira semana, a Parêntese terá uma edição temática, centrada numa questão de relevo para todos nós, seres pensantes e sentintes desta parte do planeta. Será uma reunião de textos e imagens com um centro nervoso, uma pergunta articuladora, em torno da qual rodarão textos e imagens.
Nos demais sábados de cada mês, haverá uma edição mais leve da revista. Nela, estarão os materiais seriados que temos publicado – o folhetim, as seções fixas como as do Arnoldo Doberstein e do Arthur de Faria, os materiais em capítulos, como o atual perfil biográfico da escritora argentina Victória Ocampo – e também crônicas, homenagens aos nossos mortos e aos nossos vivos. Poucos textos, poucas imagens, que caberão numa leitura mais breve, um pouco para deixar tempo para a leitura da edição temática mensal.
Na condição de editora-chefe da revista, assumirá os trabalhos a Luísa Kiefer, que já está conosco há uns tempos. Jornalista com doutorado em História da Arte, a Luísa dirigirá o leme desta nau, ficando nós outros – o Ângelo, a Nathallia e eu – ao seu suave e competente comando.
Vai ser como sempre: no devagar depressa dos tempos, despacito e de vez em quando subitamente, a Parêntese vai navegando por mares serenos ou encapelados, sempre na mesma direção, o coração e a mente dos leitores.
Nesta centésima octagésima edição (provavelmente nunca mais vou escrever essas palavras, mas elas merecem ser espanadas e postas na vitrine, uma vez ou outra), vamos conhecer a formação de Hélgio Trindade, professor, pesquisador e gestor universitário de primeira grandeza no Brasil.
No ensaio de fotos, temos o grande prazer de contar com mais um trabalho de Chuck Martin, um sócio-atleta de nosso modesto clube. Arnoldo Doberstein conta os bastidores da produção do Monumento ao Expedicionário, ali da Redenção.
O perfil de Victoria Ocampo ganha seu segundo capítulo, pela rica narrativa e a precisa análise de Karina Lucena. Enquanto isso, o folhetim de Paulo Damin alcança seu sétimo capítulo, quando Ideralda quer sinceramente ajudar o corpo a encontrar a cabeça que lhe corresponde.
Adiantamos aqui o primeiro capítulo do novo romance de Laura Peixoto, que revive, na linguagem da ficção romanesca, a vida de uma professora da região de Lajeado, essa Malvina que dá título ao livro, uma figura singular, com sua orientação anarquista num tempo em que o positivismo era a ideologia oficial do estado.
Juremir Machado da Silva adianta aqui um conto de seu novo livro, e José Falero joga um poderoso holofote sobre o fracasso que é um projeto – o tratamento dos mais pobres e das pessoas negras pelas políticas públicas no Brasil. Com exemplo concreto, que dá para pesar na palma da mão.