13ª Bienal do Mercosul reencontra o Cais e exibe obras de Jaume Plensa na Fundação Iberê
A 13ª Bienal do Mercosul, inaugurada em 15 de setembro, tem obras espalhadas em mais de dez locais de Porto Alegre, incluindo áreas públicas como a avenida Borges de Medeiros e o largo Moacyr Scliar. Hoje damos início a uma série que percorre os principais espaços ocupados pela mostra, começando pela Fundação Iberê, que exibe a produção do catalão Jaume Plensa, e um lugar com significado especial para a edição que marca os 25 anos de realização Bienal: o Cais do Porto.
Espaço tradicional da mostra até sua 8ª edição (2011), recebendo obras de artistas como Cildo Meirelles e William Kentridge, o Cais passou 11 anos sem acolher a exposição, em meio ao imbróglio relacionado à concessão da área. Em 2022, o Armazém A6 volta a ser uma das casas da Bienal, recebendo trabalhos – em sua maioria, instalações – que exploram a temática de traumas, sonhos e fugas proposta pelo curador-geral Marcello Dantas e pelos curadores-adjuntos Carollina Lauriano, Laura Cattani, Munir Klamt e Tarsila Riso.
As reflexões sobre o contexto ambiental do Antropoceno, com sinais cada vez mais incontornáveis dos efeitos da ação humana, ganha evidência em Da Memória Vegetal, do mineiro Lucas Dupin. A videoinstalação apresenta um cenário devastador em que estantes e livros – elementos de uma suposta racionalidade – estão em posição de fragilidade, prestes a cair e cobertos de terra, com a natureza colocando em xeque o controle pretendido pelos humanos.
A emergência climática também se faz presente em Biocenosis, instalação imersiva do francês Sigismond de Vajay e do argentino Kevin Lesquenner em colaboração com o laboratório argentino LAPSO. No espaço escuro em que a obra está montada, o visitante encontra uma imensa maquete urbana sugerindo uma inundação e uma nova tempestade iminente, com sons e luzes de relâmpagos e trovadas completando a ambientação.
Ar, do baiano José Bento, alude a outro cenário catastrófico: o descaso do governo federal em relação à pandemia – em especial, o caso emblemático da falta de oxigênio em hospitais do Amazonas em 2021 – e à destruição das florestas. O artista coloca o público diante de dezenas de peças em madeira com formato de cilindros hospitalares de oxigênio. As esculturas são realizadas por meio da técnica manual de desbaste, lixamento e polimento.
Zero Tolerance Silver Clouds, da mineira Marilá Dardot, joga com a leveza e a aparência lúdica de balões prateados em contraste com as grades que os encarceram. A obra alude aos centros de detenção da política antimigratória de Donald Trump e à obra Silver Clouds, de Andy Warhol. A película de poliéster dos balões, também presente no trabalho de Warhol, é o mesmo material utilizado nas capas térmicas oferecidas a imigrantes detidos nas fronteiras norte-americanas.
As diásporas humanas também são chave de leitura da obra cinética Travessia, do paulista Leandro Lima, em que uma estrutura de madeira e metal com lâmpadas led realiza diferentes padrões de movimento, simulando o remar de uma embarcação.
O Armazém A6 do Cais reúne ainda a obra Um Garimpo de Si, da carioca Adrianna eu, que traz à tona diferentes significados de “garimpar”; o cotidiano de um objeto usual – caixas de fósforo – ressignificado para compor um ambiente em grande escala, na instalação do baiano Antonio Tarsis; memórias ativadas pelo olfato em Lágrimas, Terra e Crisântemo, da paulista Karola Braga; o grafite inscrito em espelhos da carioca Panmela Castro; e as reflexões sobre os limites entre substâncias lícitas e ilícitas da instalação Placebo, do paulista Raphael Escobar.
Fundação Iberê apresenta 11 obras de Jaume Plensa
Única mostra monográfica da 13ª Bienal, a exposição do catalão Jaume Plensa começa no lado de fora da Fundação Iberê com a escultura Silent Hortense – uma enorme cabeça com as mãos à frente do rosto. O artista é conhecido internacionalmente por suas obras figurativas monumentais instaladas, muitas vezes, a céu aberto.
No térreo da Fundação Iberê, Invisible Rui Rui explora a arquitetura do museu com sua estrutura de aço vazada.
No segundo andar da instituição, a imensa esfera de aço corten de Self-portrait with Music [Autorretrato com música] e uma série de esculturas em bronze ganham destaque, compondo o conjunto de 11 obras do artista exibidas na 13ª Bienal do Mercosul.
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Confira os espaços que abrigam obras da 13ª Bienal do Mercosul, até 20 de novembro
Arte urbana
Locais: avenida Borges de Medeiros; Largo Moacyr Scliar, ao lado da Usina do Gasômetro; Travessa dos Cataventos e cúpula da Casa de Cultura Mario Quintana
Cais do Porto | Armazém A6
Local: avenida Presidente João Goulart, 158 (entrada pelo Embarcadero)
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 19h (última entrada às 18h)
Casa da Ospa
Local: avenida Borges de Medeiros, 1501
Funcionamento: segunda a sexta, das 8h às 18h
Casa de Cultura Mario Quintana
Local: rua dos Andradas, 736
Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 20h
Farol Santander
Local: Praça da Alfândega
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 19h (última entrada às 18h)
Fundação Iberê Camargo
Local: avenida Padre Cacique, 2000
Funcionamento: quinta a domingo, das 14h às 19h (última entrada às 18h)
Instituto Caldeira
Local: rua Frederico Mentz, 1606
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 19h (última entrada às 18h)
Instituto Ling
Local: rua João Caetano, 440
Funcionamento: terça a sábado, das 10h30 às 20h
MARGS
Local: Praça da Alfândega
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 19h (última entrada às 18h)
Memorial do Rio Grande do Sul
Local: Praça da Alfândega
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 19h (última entrada às 18h)
Paço Municipal
Local: Praça Montevidéu, 10
Funcionamento: segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h
Mais informações no site da Bienal do Mercosul.