Frantz e Manoel Veiga exploram as possibilidades da pintura na Ocre Galeria

A Ocre Galeria comemora um ano de atividades com a exposição Pintura Pensamento, em cartaz até 27 de maio. A mostra apresenta obras de Frantz e Manoel Veiga unidas por uma amizade de longa data entre os artistas e procedimentos inusuais.

Ao entrar na galeria, o visitante encontra no piso um trabalho de Frantz protegido por uma chapa de vidro, dando uma pista sobre o diálogo entre os artistas. “Os meus trabalhos expostos na Ocre são oriundos de uma parceria de 13 anos de forrações que faço no ateliê do Manoel”, conta Frantz. “Eu não mexo na cena, atuo como um editor das imagens”, completa. Em Pintura Pensamento, todas as obras de Frantz foram elaboradas a partir de lonas que forraram o ateliê de Manoel.

Frantz desenvolve esse procedimento desde 1989, cobrindo com lona o seu próprio ateliê e os de outros artistas, acumulando pigmentos e resíduos ao longo de anos para posteriormente selecionar, recortar e exibir partes dessas superfícies. Na Galeria Ocre, é a primeira vez que ele exibe suas apropriações ao lado de obras produzidas nos mesmos ateliês de onde retira as lonas.

Junto aos trabalhos de Frantz, a Ocre exibe nove pinturas de Manoel Veiga, artista pernambucano radicado em São Paulo. “Eu não uso o pincel, a não ser para depositar a tinta na tela. Na sequência, uso um pulverizador de água, que direciona a tinta de forma indireta”, descreve Veiga.

“Dependendo das propriedades – tamanho, densidade, formato –, o pigmento se desloca de uma maneira específica na tela. É uma apropriação desses fenômenos, transformados em ferramenta de pintura”, resume o artista. Se por um lado os procedimentos de Frantz e Veiga se diferem, em certa medida o protagonismo da gravidade e de outras dinâmicas físico-químicas, em detrimento de um controle maior exercido pelos gestos dos artistas, estabelecem pontos de diálogo entre as produções.

As aproximações entre arte e ciência propostas por Veiga remetem à sua graduação como engenheiro eletrônico, atuando em seguida na área de automação estrutural, antes de iniciar seus estudos no campo das artes. As investigações do artista pernambucano em torno de noções de tempo e espaço o levaram a desenvolver uma troca constante com físicos e matemáticos. Atualmente, ele integra o comitê gestor de uma plataforma internacional de colaboração científica financiada pela National Science Foundation (EUA) e pelo Isaac Newton Institute (Inglaterra).

Ponto de encontro para a arte contemporânea

Gerida pelos artistas Felix Bressan e Nelson Wilbert e pela administradora Mara Prates, a Ocre Galeria ocupa uma casa na rua Demétrio Ribeiro, 535, no Centro Histórico de Porto Alegre. O espaço cultural dedica atenção especial a artistas emergentes e de trajetória longeva.

“A galeria também busca preservar a história, difundir a cultura e apoiar a produção de novos artistas, oferecendo programas educacionais, como palestras e conversas com artistas”, afirmam os gestores da Ocre, destacando o objetivo de se consolidar como ponto de encontro para a arte contemporânea em Porto Alegre.

Exposições dos artistas Mariana Rotter e Rommulo Vieira Conceição marcaram o começo da Ocre em maio de 2022. Na sequência, realizaram exposições na galeria os artistas Patricio Farías, Thais Ueda, Luiz Felkl, Bea Balen Susin, Lenir de Miranda, Alfredo Nicolaiewsky e Nara Amelia, além de mostras coletivas, como O Traçado do Indizível, das artistas Amelia Brandelli, Claudia Hamerski, Mariana Riera, Marta Penter e Olívia Girardello, com curadoria de André Severo.

A galeria representa artistas, trabalha com obras de colecionadores e disponibiliza um acervo online.

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Exposição “Pintura Pensamento”
Onde: Ocre Galeria (Rua Demétrio Ribeiro, 535 – Centro Histórico – Porto Alegre)
Quando: até 27 de maio
Visitação: de segunda a sexta-feira, 10h às 18h; sábados, 10h às 13h30
Entrada gratuita