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O Fim do Cânone (e Nós com Isso)

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O Fim do Cânone (e Nós com Isso)
No que estávamos pensando, o editor e eu, quando concebemos O Fim do Cânone (e Nós com Isso)? Num exercício de crítica literária sobre literatura brasileira atual, por um lado, e numa reflexão sobre como dar aulas de literatura hoje em dia, por outro. Essas duas especialidades para mim só fazem sentido em perspectiva histórica, que tente entender o que está acontecendo agora em comparação com o passado. Esse é o mix do livro, publicado pela editora Figura de Linguagem. Esse é o mix da minha vida profissional, há quarenta anos já – esse número me assusta um pouco, mas é bem isso: comecei a dar aulas em março de 1980, aos 22 anos. Parte grande dos textos aqui reunidos já teve edição, ou em jornais e revistas de circulação geral, ou em revistas acadêmicas. Todos foram escritos (e agora revisados) em língua de dia de semana: nunca soube escrever fazendo pose. Isso quer dizer que os textos todos querem entrar em conexão com o leitor – no caso concreto do livro, penso que ele poderá interessar a qualquer um que tenha no radar a vida da literatura, e talvez tenha particular interesse para estudantes de Letras e professores, colegas de área. Nesses textos, como se pode imaginar, vai um tanto da minha experiência de leitor, professor e crítico, num exercício que a geração que me formou também fez, parte na forma organizada de um livro (mas havia sempre os trabalhos de Roberto Schwarz, José Hildebrando Dacanal e Flávio Loureiro Chaves, por exemplo), parte na forma dispersa de debates públicos em jornais – nos anos 70 e 80, a crítica literária e cultural ainda tinha grande força e chegava a ser uma universidade livre, tamanha era a variedade, a profundidade, a novidade do que ia sendo apresentado. Não quero me comparar aos meus mestres, a não ser no sentido de que também agora se trata de contar o que foi visto, criticar a experiência vivida e de certa forma passar o bastão na infinita corrida de revezamento que é o mundo da inteligência, da cultura, da educação. Na última geração o tanto de coisa que girou, virou do avesso, caiu, subiu, é qualquer coisa de extraordinário. De algum modo, a expressão “fim do cânone” resume, ou ao menos intitula, o processo – daí por que o nome do livro é esse. Não se trata de chorar o que passou, nem de aplaudir ingenuamente o que apareceu: trata-se de dar balanço crítico, que é no fim das contas o que o livro pretende fazer, em sua modesta medida.

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