Estreia nesta quinta-feira (5/8) nos cinemas brasileiros o filme Abe (2019), que tem direção de Fernando Grostein Andrade – dos documentários Coração Vagabundo (2008) e Quebrando o Tabu (2011) e da série Carcereiros. A simpática comédia dramática traz em seu elenco o ator e cantor Seu Jorge – de Cidade de Deus (2002) e Marighella (2019) – e o jovem astro norte-americano Noah Schnapp, da série Stranger Things. O elenco conta ainda com a participação especial do brasileiro Gero Camilo.
Estreado no prestigiado Festival de Sundance, Abe passou por diversos festivais internacionais como os de Estocolmo, do Panamá e de Guadalajara. Na trama gira em torno de Abe (Schnapp), garoto de 12 anos que mora em Nova York com os pais e lida com as brigas religiosas de sua família, metade judia por parte da mãe e metade muçulmana por parte do pai.
O menino nunca teve um jantar em família que não acabasse em briga. Uma parte dos parentes chama-o de “Avraham” (em hebraico), a outra de “Ibrahim” (em árabe), enquanto seus pais o chamam de “Abraham” (em inglês). Ele, no entanto, prefere Abe.
Abe ama comida e um dia, enquanto explora o bairro do Brooklyn para descobrir novos alimentos, conhece Chico (Seu Jorge), um chef brasileiro que acredita que “misturar sabores pode unir as pessoas”. Depois desse encontro, o aspirante a chef mirim passa a frequentar a cozinha de Chico, tornando-se seu aprendiz sem que seus pais saibam disso. À medida que desvenda os segredos da culinária, Abe tenta levar para a mesa de casa os novos conhecimentos na expectativa de que a boa comida pacifique a família constantemente em desacordo.
Leve e despretensioso, Abe é saborosamente envolvente. O elenco é todo muito bom, com destaque para o encantador pequeno protagonista Noah Schnapp, em ótima sintonia com os outros personagens e em especial com o cozinheiro estrangeiro interpretado por Seu Jorge. Como é comum no gênero de food movies, a comida funciona na história como elo entre culturas diferentes e apaziguador entre pessoas e mundos em conflito. Diferentemente de boa parte desses filmes gastronômicos, porém, o longa do diretor brasileiro Fernando Grostein Andrade evita a armadilha do sentimentalismo fácil e da simplificação dos problemas.
Cálido manifesto pela tolerância, Abe lembra que reunidos em torno das refeições viramos todos integrantes de uma grande família, a comunidade humana, maior que nossas diferenças – como alerta a letra de Milonga del Moro Judío, música do uruguaio Jorge Drexler que encerra o filme e cujos últimos versos cantam: “E não há povo que não se tenha / Acreditado o povo escolhido”.
Abe: * * * *
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