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“Belfast” ecoa as vozes distantes da infância

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“Belfast” ecoa as vozes distantes da infância Universal/Divulgação

Baseado nas memórias de infância do ator, diretor e roteirista Kenneth Branagh, Belfast (2021) entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (10/03). Produção que deu a Branagh o Globo de Ouro de melhor roteiro, o longa concorre ao Oscar em sete categorias – incluindo melhor filme, direção, roteiro original e coadjuvantes (Ciarán Hinds e Judi Dench).

Belfast acompanha a vida de uma família protestante da classe trabalhadora na Irlanda do Norte sob a perspectiva de seu filho de nove anos, Buddy (Jude Hill), em 1969, durante o conturbado período conhecido como The Troubles – série de conflitos político-nacionalistas que colocaram protestantes e católicos em confronto com relação à presença ou não dos irlandeses dentro do Reino Unido.

Buddy sonha com um futuro melhor, longe dos problemas sociais e financeiros que seus pais enfrentam – mas, enquanto isso não acontece, o garoto brinca nas ruas em meio a soldados britânicos, militantes unionistas e separatistas e vizinhos pacíficos.

Em casa, Buddy e seu irmão Will (Lewis McAskie) recebem o carinho e o conforto dos pais, Pa (Jamie Dornan) e Ma (Caitríona Balfe), além de se divertirem com as histórias dos avós (Hinds e Dench) quando vão visitá-los. Os tempos, porém, são duros, e a família luta para pagar dívidas acumuladas.

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O pai sonha em emigrar para Sydney ou Vancouver, opções que não agradam a mãe. À medida que o conflito piora, no entanto, Ma começa a considerar opção de deixar Belfast, ao mesmo tempo em que Pa recebe uma proposta de emprego na Inglaterra.

Belfast lembra outro título semiautobiográfico recente: Roma (2018), do mexicano Alfonso Cuarón, também rodado em preto e branco. Ambos foram escritos e dirigidos por realizadores a partir de suas recordações da infância – tendo como pano de fundo episódios históricos turbulentos e violentos em torno do começo dos anos 1970 –, em que o fascínio de assistir a filmes na tela grande do cinema é um dos principais prazeres dos pequenos protagonistas das histórias.

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Já a presença constante da música na vida dos personagens do filme de Branagh – cuja trilha sonora inclui uma dezena de temas de Van Morrison, músico também nascido em Belfast – remete ao antológico Vozes Distantes (1988), de Terence Davies, em que os eventos felizes e tristes de uma família trabalhadora inglesa em Liverpool entre os anos 1940 e 1950, inspirada na família do diretor, são sempre pontuadas por canções populares.

Um dos grandes destaques de Belfast são as ótimas atuações do elenco adulto, especialmente Ciarán Hinds e Judi Dench. Mas quem brilha mesmo em cena é o estreante ator mirim Jude Hill, encantador como o menino ao mesmo tempo empolgado e confuso com as variadas experiências e demandas do mundo ao seu redor.

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Belfast: * * * *   

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Belfast:

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