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“Máquina do Desejo” celebra o teatro dionisíaco de Zé Celso no Oficina

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“Máquina do Desejo” celebra o teatro dionisíaco de Zé Celso no Oficina Descoloniza Filmes/Divulgação

Depois de uma jornada de vitórias em festivais, o documentário Máquina do Desejo (2021) estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20/7). Codireção entre Joaquim Castro e Lucas Weglinski, o filme conta a história do mítico Teatro Oficina e de um de seus fundadores e principal símbolo, o diretor, ator, dramaturgo e encenador José Celso Martinez Corrêa – morto tragicamente aos 86 anos no último dia 6, em decorrência de um incêndio em seu apartamento na capital paulista.

O filme chega ao circuito cinematográfico do país graças a um mutirão artístico, que organizou também uma sessão de pré-estreia nesta quarta-feira (19/7), ocupando as três salas do Espaço Itaú de Cinema Augusta, em São Paulo, com entrada gratuita – precedida de cortejo saindo do Teatro Oficina até o cinema.

Descoloniza Filmes/Divulgação

Em mais de seis décadas de atuação, o Teatro Oficina revolucionou a linguagem teatral no país. A influência estética da companhia de Zé Celso, porém, extrapola as artes cênicas nacionais e desdobra-se a partir dos anos 1960 até hoje – da invenção do tropicalismo à renovação das linguagens audiovisuais, performáticas, arquitetônicas e musicais brasileiras.

Máquina do Desejo revisita uma história que envolve personalidades culturais como Caetano Veloso, Glauber Rocha, Chico Buarque e Lina Bo Bardi, dissolvendo barreiras entre teatro, ecologia, arquitetura e sexualidade. Misturando arte e vida, Zé Celso e o numeroso grupo de artistas que já participou das antológicas montagens do Teatro Oficina desde 1958 são responsáveis pela articulação de uma possível linguagem cênica genuinamente brasileira.

Descoloniza Filmes/Divulgação

A dupla de diretores debruçou-se ao longo de sete anos um acervo precioso e caudaloso de mais de seis décadas de registros da trajetória do grupo. Máquina do Desejo reúne filmagens de cineastas e videomakers, arquivos de cinematecas e acervos de canais de TV nacionais e internacionais, além de muitas gravações feitas pelo próprio Teatro Oficina e seus integrantes – resultando em um amplo registro histórico de uma das mais longevas companhias de teatro em atividade permanente do Brasil.

“Como Zé sempre disse: cultura não é coisa de domingo, de lazer, superestrutura, mas sim a (infra)estrutura da própria vida. E mesmo nos momentos mais antidemocráticos da história, a cultura fervilha, enfrenta e apresenta novos caminhos. É o eterno retorno da luta entre a Guerra e o Desejo”, justificam os realizadores.

A distribuidora Descoloniza Filmes, que planejava a estreia para outubro, topou com os diretores Joaquim Castro e Lucas Weglinski antecipar o lançamento do doc em função da comoção despertada pela morte de Zé Celso, mesmo sem contar com nenhum patrocínio. Lembrando encenações históricas do Teatro Oficina, de Pequenos Burgueses até a recente remontagem de Roda Viva – passando por Galileu Galilei, Na Selva das Cidades, Ham-let, As Bacantes, Cacilda! e Os Sertões, entre outras –, Máquina do Desejo mergulha nas entranhas criativas da companhia que faz da liberdade uma conquista inegociável e celebra o legado artístico vigoroso e dionisíaco deixado por José Celso Martinez Corrêa.

Descoloniza Filmes/Divulgação

Máquina do Desejo: * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Máquina do Desejo:

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