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Mostra de Cinema de Tiradentes divulga os filmes selecionados para a Mostra Aurora

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Mostra de Cinema de Tiradentes divulga os filmes selecionados para a Mostra Aurora "Kevin". Foto: Cristina Maure/Divulgação

Em 2021, a Mostra Aurora vai apresentar um recorte absolutamente inédito do cinema brasileiro contemporâneo de invenção. Serão exibidos sete filmes dentro desta seção que integra a programação da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, entre os dias 22 e 30 de janeiro.

Pela primeira vez em sua história, a Aurora reúne três títulos da Bahia. A seleção ficou a cargo da dupla de curadoria Francis Vogner dos Reis e Lila Foster.

Os filmes selecionados na Mostra Aurora 2021 são: Açucena (BA), de Isaac Donato; Oráculo (SC), de Melissa Dullius e Gustavo Jahn; Rosa Tirana (BA), de Rogério Sagui; Kevin (MG), de Joana Oliveira; A Mesma Parte de um Homem (PR), de Ana Johann; O Cerco (RJ), de Aurélio Aragão, Gustavo Bragança e Rafael Spíndola; e Eu, Empresa (BA/MG), de Leon Sampaio e Marcus Curvelo.

Todos eles serão avaliados pelo Júri Oficial e concorrem ao Troféu Barroco e a prêmios de parceiros da Mostra.

— Considerando a circunstância histórica tão complicada para o cinema brasileiro atualmente, foi muito importante chegarmos a esse recorte tão expressivo e inédito — destaca Francis Vogner.

Para o curador, os títulos têm singularidades que os tornam experiências distintas entre si e representam um instantâneo do atual cenário de realização no país, com produções modestas, de baixo orçamento, sem editais e de possibilidade reduzida de circulação devido a efeitos da pandemia.

“Açucena”. Foto: Divulgação

Por sua vez, Lila Foster diz ter sido inevitável, para a Aurora em 2021, pensar no atravessamento do tempo no cinema brasileiro, já há alguns anos sofrendo uma série de arrochos, de mudança no financiamento e na circulação dos filmes. A situação se agravou em 2020, por conta do esvaziamento das políticas de fomento em âmbito federal e por quase um ano de isolamento devido à pandemia, o que afetou diretamente toda a cadeia profissional do setor.

— A relação espectatorial com os filmes se tornou muito diferente também, diante de um público que está em quarentena e das salas que ficaram fechadas por tanto tempo. Alguns filmes deste ano na Aurora, de formas muito interessantes, fazem uma espécie de dobra no tempo em relação a esse tempo acelerado que a gente tem vivido — comenta Lila.

O Cerco (RJ) já leva ao título a questão do corpo cerceado que tem sido parte da vida durante a pandemia e trata disso atualizando tensões do cotidiano carioca, num ambiente confinado, de movimentos intimistas e cenários limitados.

Eu, Empresa (BA/MG) promove um jogo entre performance, ficção e documentário para tratar da precarização do mercado audiovisual brasileiro, o que se agrava em tempos são sombrios como os atuais, marcados pelo esvaziamento de órgãos de fomento e marginalização da cultura em âmbito federal.

De natureza mais fabular, A Mesma Parte de um Homem (PR) mostra o isolamento de uma mãe e sua filha em meio a acontecimentos dramáticos que não se mostram de imediato, numa ambiência naturalista e surreal que se apresenta como exercício de dramaturgia a partir de corpos tensionados e de um espaço enclausurado.

No caso de Rosa Tirana (BA), a fabulação mítica do sertão baiano é feita pela ótica do olhar infantil, da imaginação, medo e projeção de uma criança a partir de seu entorno e suas relações.

Na chave da observação e da atenção aos corpos retratados em cena, Açucena (BA) olha para sua personagem com um tempo dilatado e uma montagem muito especial, que documenta também o próprio processo de espera que caracteriza o andamento do filme.

Kevin (MG) tem caráter similar, ao acompanhar a personagem-título em situações que parecem estar muito próximas do cotidiano, mas com a presença da diretora do filme, que estimula e encena determinados acontecimentos diante da câmera. Por fim, em chave mais experimental, Oráculo (SC) se constitui de planos-sequências cujas densidades dramáticas se modulam com o cenário de natureza, as pessoas, as performances e um trabalho sonoro de invenção.

“O Cerco”. Foto: Divulgação

Os filmes da Mostra Aurora estarão disponíveis em formato online, poderão ser assistidos por um período de 48 horas a partir da abertura do sinal de cada filme e serão debatidos sempre na manhã seguinte à sua estreia, no programa da série Encontro com os Filmes.

Toda programação será realizada online pelo site oficial do evento www.mostratiradentes.com.br.

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