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“O Debate” coloca em pauta a sucessão presidencial

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“O Debate” coloca em pauta a sucessão presidencial Paris Filmes/Divulgação

O Debate (2022), longa-metragem escrito pelos roteiristas e diretores Jorge Furtado e Guel Arraes, chega aos cinemas nesta quinta-feira (25/8). Adaptação do livro homônimo escrito em 2021 pela dupla, o filme marca a estreia de Caio Blat na direção de longas-metragens. A ficção, estrelada por Debora Bloch e Paulo Betti, foi rodada em junho deste ano, no Rio de Janeiro, e acompanha os bastidores do último debate presidencial antes do segundo turno das eleições no Brasil atual.

“Dirigir já era um desejo antigo e um caminho natural: nos últimos anos e trabalhos tenho me envolvido cada vez mais com a direção. Na pandemia, eu dirigi o especial Amor e Sorte, com a Luísa Arraes, que foi o primeiro programa remoto de ficção da Globo. O Debate juntou os dois temas mais importantes para mim: amor e política”, afirma Caio Blat, que faz uma participação especial no filme também como ator.

“Temos vários debates no filme: a separação deles, por um lado, as discussões sobre a relação, o ciúme, a monogamia etc. Por outro, a complexidade do momento da eleição, a pandemia e os problemas que assolam a sociedade brasileira. O casal discute bastante o processo informativo e seus aspectos éticos. O filme reflete sobre a importância da democracia e do papel da mídia na formação de uma consciência coletiva”, argumenta Debora Bloch.

Paris Filmes/Divulgação

“Um dos principais temas é o poder dos grandes meios de comunicação e a manipulação das notícias a favor de um ou de outro candidato, de uma ou outra ideologia. Acho que isso é o central do filme: o debate e como eles vão editá-lo. Isso remete a outros debates e como a edição deles influenciou no resultado das eleições. É um filme pulsante, que fala sobre algo que está acontecendo no Brasil hoje”, declara Paulo Betti.

Como se estivesse dentro da redação de uma emissora de TV durante o debate ao vivo, o espectador assiste ao embate ético, moral e ideológico entre o editor-chefe e a apresentadora, Marcos (Betti) e Paula (Bloch). A recente separação da dupla depois de 17 anos de casamento permeia o roteiro, invadindo a intimidade do casal – que se ama profundamente, mas decide se separar. Em tempo real e em flashbacks, eles divergem sobre monogamia, sexo, desejo, ciúme e liberdade, extrapolando o tema político.

No filme, que não cita nomes dos candidatos, o atual presidente, de extrema direita, não compareceu a nenhum debate no primeiro turno e está quase empatado com o candidato da esquerda. Agora, na véspera do segundo turno, com grande número de eleitores ainda indecisos, o encontro dos adversários na TV ganha uma importância ainda maior e terá uma imensa audiência.

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Paula e Marcos discordam em diversos pontos, o que gera acirradas discussões ideológicas em tom muitas vezes exaltado. Minutos antes de anunciar o início do debate, a apresentadora recebe o resultado de uma pesquisa de opinião que poderia ajudar a definir a eleição – mas que não foi registrada no TSE e por isso não pode ser divulgada. O que fazer? Noticiar a pesquisa e interferir na disputa política cometendo um crime em “benefício do país” ou respeitar a lei e favorecer o atual presidente omitindo os dados?

A tensão da narrativa aumenta quando chegam à redação notícias confirmando novos casos de contágio pela sigma, uma nova variante do Covid-19, mais letal do que a delta e mais contagiosa do que a ômicron. A nova onda entra em pauta como tema do último bloco do debate e pode definir o futuro político do Brasil.

A ideia de escrever O Debate surgiu de conversas semelhantes entre Guel Arraes e Jorge Furtado, parceiros desde os anos 1990. O filme discute temas candentes como o poder da mídia, a polarização política no país e a politização da pandemia, além de assuntos como porte de armas, milícia e aborto – algumas pautas tão atuais que não estavam originalmente no livro, mas que foram inseridas no roteiro durante as filmagens.

Assista ao trailer de O Debate:

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