Estreia nesta quinta-feira (23/3) o filme O Rio do Desejo (2022), estrelado por Sophie Charlotte, Daniel de Oliveira, Gabriel Leone e Rômulo Braga. Dirigido por Sérgio Machado, o longa foi rodado no Amazonas e acompanha o clima crescente de tensão e desejo envolvendo três irmãos que se apaixonam pela mesma mulher.
Baseado no conto O Adeus do Comandante, de Milton Hatoum, O Rio do Desejo tem roteiro assinado por Sérgio Machado, George Walker Torres, Maria Camargo e o próprio escritor amazonense – que pela primeira vez assina a colaboração de um roteiro para cinema. Na trama, o policial Dalberto (Daniel Oliveira) abandona o trabalho e adquire um barco ao se apaixonar pela sensual e misteriosa Anaíra (Sophie Charlote).
O casal passa a viver na casa que Dalberto divide com os dois irmãos. A harmonia da família é posta à prova quando Dalberto se vê obrigado a empreender uma longa viagem até Iquitos, no Peru.
Dalmo (Rômulo Braga), o irmão mais velho, luta para controlar a atração que sente pela cunhada, ao mesmo tempo em que a bela jovem se aproxima de Armando (Gabriel Leone), o caçula. A volta de Dalberto coloca sob o mesmo teto três homens completamente apaixonados por uma única mulher.
Entre os prêmios que o filme recebeu em festivais internacionais, está o de melhor fotografia na 26ª edição do Tallinn Black Nights Film Festival, na Estônia, e as menções honrosas de melhor diretor e atriz no 25º Festival Internacional de Cine de Punta del Este, no Uruguai.
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Na coletiva de imprensa de O Rio do Desejo no festival uruguaio, no começo de fevereiro, o diretor Sérgio Machado lembrou que a produção filmada em Itacoatiara, cidade a oito horas de Manaus, enfrentou dificuldades técnicas e também financeiras por conta do desmantelamento do setor audiovisual promovido pelo governo Bolsonaro. “A equipe começou com 40 pessoas e terminou com oito”, revelou o cineasta.
Machado comentou a respeito da recorrência da temática do desejo sexual em seu trabalho, particularmente em Cidade Baixa (2005), filme em que dois amigos disputam o amor de uma garota: “Em Cidade Baixa, quis reproduzir essa coisa da cultura negra e do candomblé da Bahia, que não tem a questão da culpa do desejo sexual. No Amazonas tem algo similar, mas diferente. Tem a coisa do índio que também não é ligado à culpa. Essa questão do desejo está também na literatura do Hatoum”.
O realizador falou ainda sobre a importância da fotografia em seus filmes: “Tenho um grande interesse em narrar a história mais fotograficamente do que com diálogos. Tive uma ligação forte com o Adrian Teijido (diretor de fotografia de O Rio do Desejo). Fiz uma pesquisa com Hatoum para encontrar referências de cores do desejo na Amazônia. No Cidade Baixa, a referência foi um livro específico do Mario Cravo Neto (fotógrafo e escultor baiano)“.
O próximo projeto de Sérgio Machado é o documentário Obás de Xangô, sobre “embaixadores” do candomblé e da cultura negra na Bahia, que inclui entrevistas com personalidades como Gilberto Gil e Lázaro Ramos. A literatura do premiado escritor amazonense segue ainda no horizonte do diretor e roteirista baiano: “Vou adaptar para o cinema o romance Cinzas do Norte, terceiro livro do Milton Hatoum, que também será filmado na Amazônia”.
O Rio do Desejo: * * * *
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