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Há 28 anos os gaúchos se despediam de Túlio Piva

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Há 28 anos os gaúchos se despediam de Túlio Piva Capa LP "Túlio Piva" (1975). Foto: Divulgação

Em 11 de fevereiro de 1993 o samba gaúcho dava adeus a um de seus principais representantes. Nascido em Santiago do Boqueirão (RS), fronteira com a Argentina, em 4 de dezembro de 1915, Túlio Piva tornou-se conhecido por seu estilo de compor e de tocar violão.

Consagrado pelo dedilhar único do violão, compositor de talento e com a influência de ritmos que foram do tango ao samba, Túlio Piva marcou a música do Rio Grande do Sul e do país.

A família do artista, especialmente seu neto, Rodrigo Piva, trabalha pelo resgate de sua memória, preservação do acervo e para que as novas gerações conheçam sua rica e eclética produção.

O compositor ganhou destaque pelo pioneirismo ao compor sambas com um “sotaque gaúcho”, com a poética mistura de suas influências fronteiriças, tango e o samba do Rio de Janeiro. Um artista paradoxal: gaúcho descendente de italianos, que em suas canções falava sobre a vida no morro, pandeiro e batucada.

Autor de canções gravadas por nomes consagrados como Elis Regina, Elza Soares, Jair Rodrigues, Germano Mathias, Demônios da Garoa, Noite Ilustrada e Luiz Vieira, entre as principais obras de Túlio destacam-se: os sambas Gente da Noite, conhecido como o hino da boemia de Porto Alegre e denominação da sua famosa casa noturna, que funcionou durante uma década na avenida João Pessoa (anos 80), Pandeiro de Prata, o grande vitorioso do II Festival Sul-Brasileiro da Canção Popular (1968), e Tem Que Ter Mulata, o qual recebeu dezenas de gravações e interpretações, inclusive, na Rússia, Estados Unidos e Venezuela.

Túlio Piva, ao lado de seu conterrâneo Lupicínio Rodrigues, é sem dúvida um dos maiores nomes da música popular gaúcha de todos os tempos. 

Ao partir, em fevereiro de 1993, Túlio Piva deixou um riquíssimo acervo composto por fitas de vídeo (shows, entrevistas, programas de TV), fitas de rolo com registros históricos, fotografias, poesias e escritos inéditos, partituras e dezenas de fitas cassete com mais de 400 canções gravadas pelo autor em voz e violão, cuidadosamente indexadas – a maioria delas inédita. É o registro de 50 anos de atividade artística, inteiramente dedicados à música popular brasileira.

Dirigido por Marco Martins e Loli Menezes (Vinil Filmes), o filme Pandeiro de Prata faz uma síntese da vida e obra do cantor e compositor gaúcho, trazendo raras imagens de arquivo e de áudio, entremeadas por depoimentos de amigos, familiares e personalidades de destaque no cenário artístico.

O filme foi realizado de forma independente e com recursos arrecadados em uma campanha de financiamento coletivo, especialmente para homenageá-lo por ocasião do centenário de seu nascimento.

O neto Rodrigo Piva assina a produção musical. Em outubro de 2017 o documentário foi selecionado e exibido na mostra competitiva do Festival Internacional de Cinema de Arquivo – RECine, realizado no Rio de Janeiro/RJ, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM). 

Um dos projetos acalentados por Rodrigo Piva, a fim de dar continuidade ao trabalho de preservação, recuperação e divulgação da obra de seu avô, é a criação de um museu virtual, para a disponibilização do riquíssimo acervo deixado pelo compositor gaúcho.

— A totalidade do acervo de Túlio Piva se encontra, há quase vinte anos sem receber os devidos cuidados técnicos, necessários ao seu tratamento e conservação. Além disso, pela sua importância histórica, esse precioso material merece e deve estar ao alcance do público em geral — diz Rodrigo.

Túlio Piva e Pixinguinha. Foto: Acervo/Divulgação

Túlio Piva e Baden Powell – na casa da família Piva, Moinhos de Vento, Porto Alegre (RS). Foto: Acervo/Divulgação

Túlio Piva. Foto: Acervo/Divulgação
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