Música | Notas

“Bagunça e Baderna” é o novo single de ZéVitor

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“Bagunça e Baderna” é o novo single de ZéVitor Ilustração: Lucas Paixão/Divulgação

Bagunça e Baderna é a quinta faixa do novo álbum de ZéVitor, Ressignifcar. Mas, exceto pelo título, tudo na canção se encontra na mais perfeita ordem: uma letra coesa devidamente entoada sobre uma estrutura harmônica simples de um piano Rhodes.

Mais ainda, a música ajuda a dar sentido ao caos aparente das quatro primeiras, como um quebra-cabeça cuja imagem principal já se pode vislumbrar conforme as peças se encaixam. 

E a menos que uma nova peça altere o sentido geral, trata-se aqui do bom e velho amor, tema sobre o qual o cantor se debruça desde sempre. Diferente dos outros trabalhos, porém, que soavam um compilado de momentos e inspirações distintas, cada composição de Ressignificar parece dedicada à mesma musa – não à toa ela aparece representada em muitas das ilustrações de Lucas Paixão.

Pois se muito já se falou, cantou, pintou ou esculpiu sobre o amor, no Brasil o tema talvez só perca para o culto à Bahia. Quando o assunto é amor na Bahia então, pouco se tem a acrescentar. Mas a antiga capital federal que paira entre a calma de Dorival Caymmi e a euforia de um trio elétrico comporta tantas possibilidades que cada um de nós tem um estado baiano para chamar de seu.

“Alguns instantes tudo isso termina/Por que você não vem comigo pra Bahia?”

Então, a qual desses cenários idílicos ZéVitor nos reporta ao convidar sua amada a viajar? Bem, se “recomeçar” é mesmo a confusão a que se referem os primeiros versos da letra, pode-se imaginar a Itapuã dos anos 70, para onde o poeta carioca Vinícius de Moraes se refugiou depois de largar tudo e se casar mais uma vez.

Há também uma Bahia “roquenrou”: “Acreditar em nós é ser rebelde, desordeiro”, ao melhor estilo Pitty, e até paisagens desoladoras que fazem lembrar os momentos mais sombrios de Raul Seixas: “Sufocado, o meu amor morto no front/O jeito que eu queria se perdeu no horizonte”.

Mas eis um porto seguro: “Prefiro acreditar em toda poesia/Que ela muda mundos e transforma vidas”. Aqui, avista-se a terra firme da felicidade, descrita por Ary Barroso (Na Baixa do Sapateiro) e a Bahia “onde a gente não tem pra comer/mas de fome não morre”, de João Gilberto (Eu vim da Bahia).

De Caetano e Gil a Chiclete com Banana, todos os caminhos levam à canção de ZéVitor.

Escute Bagunça e Baderna aqui.

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