Literatura | Notas

Pandemia e racismo são os focos do fotolivro “Asfixia”, de Candice Carvalho Feio

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Pandemia e racismo são os focos do fotolivro “Asfixia”, de Candice Carvalho Feio Capa. Foto: Fotô Editorial/Divulgação

Asfixia, a primeira obra de Candice Carvalho Feio, é um livro-manifesto em edição bilíngue (português-inglês) com lançamento no dia 9 de março pela Fotô Editorial.

A pré-venda já está disponível no site. Parte da renda da venda dos livros que forem vendidos até dia 15 de março, vai ser destinada para o projeto Mães da Favela, da CUFA (www.maesdafavela.com.br).

A obra é um recorte das duas crises que eclodiram simultaneamente na cidade de Nova York, em 2020: pandemia e protestos antirracistas. Cabe à Asfixia a definição de diário do epicentro ou, como descreve o prefácio de Caetano Veloso, um “livro-relato-poesia (que) nos leva para mais perto da vivência emocional que talvez nos abra os caminhos da verdadeira Abolição”. 

“‘Eu não consigo respirar’, implorava George Floyd ao seu algoz, um policial que no lugar de protegê-lo, esmagou-lhe a traqueia com o joelho. Ao mesmo tempo a frase “eu não consigo respirar” era pronunciada em muitos hospitais, nos cinco continentes, por pessoas acometidas pela Covid-19. O mundo asfixiado”, escrevem os editores no Posfácio sobre a obra.

A história contada numa sequência cronológica de fotografias e textos traz, ora o caráter de reportagem, ora a experiência pessoal. Os registros foram feitos durante a cobertura da jornalista para os canais Globonews e TV Globo. Candice atua a serviço do escritório da emissora em Nova York, onde vive há quase oito anos.

As imagens captadas por Candice mostram com exatidão o que foi a avalanche emocional dos primeiros meses de 2020 na principal metrópole norte-americana. 

— Nova York amanheceu em vácuo. Era 23 de março e a cidade entrara oficialmente em quarentena. Era estranho como no vazio Manhattan parecia mais imponente — descreve.

As páginas de Asfixia flagram esse momento histórico e dramático no qual a crise da saúde e o racismo endêmico se uniram para descortinar as chagas centenárias de um povo que, como nós, enfrentou a anomalia da escravidão, do preconceito racial e que até hoje se vê obrigado a sair às ruas para manifestar o seu “basta!”. É o retrato da mobilização popular como um ato de insubmissão à morte. A única opção possível para aqueles manifestantes. “Protestavam como quem carregava o destino do povo nas mãos’’, descreve a autora.

O livro se torna, assim, o próprio elemento de protesto, como afirma o corpo editorial da Fotô, formado por Eder Chiodetto, Fabiana Bruno e Elaine Pessoa, que juntos com a designer Lia Assumpção, chegaram numa solução gráfica na qual páginas duplas soltas com palavras de ordem tornam-se panfletos que podem ser levados para a manifestação.

Como escreve o filósofo francês Georges Didi-Huberman em Levantes, cujas epígrafes acompanham a obra Asfixia: “O que se escreve em um panfleto? Como se escreve para que o escrito voe tão rapidamente em direção àqueles ou àquelas que não o esperavam? Certamente, palavras de ordem”.

Asfixia é lançado no Brasil e depois segue o percurso de feiras nacionais e internacionais. “A edição bilíngue permite que os temas universais, pandemia e racismo, ganhem amplitude na obra. Mostra o que Estados Unidos e Brasil têm em com comum nestas crises: ambos negligenciam os problemas do racismo e da pandemia. São as duas nações com o maior número de vítimas da Covid-19 e, como aponta Caetano Veloso no Prefácio, ”os EUA e o Brasil com suas tão diferentes maneiras de não resolver o problema da formação colonial-escravista.”  

Capa. Foto: Fotô Editorial/Divulgação
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