Projeto CASCO divulga primeiras obras de arte
A primeira edição do CASCO – Programa de Integração Arte e Comunidade está movimentando pequenas comunidades no litoral norte do Rio Grande do Sul. Depois de quatro semanas de muita pesquisa e reflexão, os 12 artistas que participam do projeto estão finalizando obras de arte em diálogo com as paisagens e a cultura dos habitantes da região.
Devido ao momento crítico da pandemia, muitos artistas optaram por apresentar seus trabalhos em fotografias e vídeos para evitar aglomerações. É o caso do porto-alegrense Dirnei Prates, que criou um conjunto de três vídeos projetados simultaneamente. A obra aponta a relação ambivalente do distrito de Santa Luzia com a instalação da Petrobrás, sobrepondo imagens de um passado marcado por uma promessa de futuro e um presente afetado pelos efeitos contraditórios da modernização.
O paulista Daniel Caballero está montando uma espécie de museu temporário, o “Museu Passageiro do Artesanato Regenerativo do Banhado de Aguapés”. O artista instigou moradores da região a debater sobre a relação que se dá entre riquezas ameaçadas: a vegetação e a artesania típica de Aguapés, um distrito de Osório.
Instalada em Três Forquilhas, a catarinense Teresa Siewerdt tem realizado uma série de imagens reveladas através da técnica de cromatografia. Em contato com o dia-a-dia de pequenos produtores rurais, Teresa registrou o solo de cada lavoura que visitou e coletou relatos que nos aproximam da relação entre o agricultor e sua terra.
Ali perto, em Itati, Pablo Paniagua, natural de Giruá (RS), está construindo uma escultura de cerâmica que alude ao Rio Três Forquilhas. Composta por pequenos módulos feitos a partir do barro recolhido nas próprias margens do rio, ela já passa de cinco metros de comprimento.
Em Terra de Areia, o curitibano Arthur L. do Carmo realizou a performance “A cada 100 passos uma pedra (As pedras nunca sorriram. E tu vais dizer que é passado)”, caminhando da BR-101 até o rio Cornélios. O percurso é como um retorno à história do município, que nasceu nas margens do rio e cresceu até a árida rodovia. Em outra obra, o artista filma sua tentativa de reconstruir uma árvore, cortada e já morta.
As mineiras Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, MG) e Charlene Bicalho (João Monlevade, MG) estão em diálogo com diferentes comunidades de Maquiné. Enquanto Carolina está focada nos atravessamentos entre a cultura ocidental e a Guarani, Charlene se aproxima da história do Quilombo Morro Alto, que luta há mais de 15 anos pela regularização do seu território pelo Incra.
Na Barra do Ouro, também em Maquiné, a pelotense radicada em São Paulo, Fabiana Faleiros, realizou um conjunto de ações performáticas a partir da semente Lágrima de Nossa Senhora e sua simbologia.
Viabilizado com recursos da Lei Aldir Blanc (Lei nº 14.017/2020), o CASCO tem como objetivo aproximar artistas visuais de pequenas comunidades onde não há galerias nem museus. Auxiliados por moradores contratados pelo projeto, os artistas conheceram o litoral gaúcho e criaram obras relacionadas à cultura e às diferentes paisagens locais. Também foram acompanhados pelos curadores Paola Mayer Fabres, Luciano Nascimento Figueiredo e Maria Helena Bernardes e pelo historiador Maurício Manjabosco.