Dos astros, das estrelas, das estações do ano e dos climas a nomear prédios em Porto Alegre
Já publiquei nesta série dois artigos investigando o uso de termos que remetem ao mundo natural e seus usos na nomeação de prédios em Porto Alegre. Recorto aqui mais uma fatia desta imensidão léxica, e semântica, que orbita em torno da noção de natureza, para pensar sua presença em prédios da cidade. A ordem agora é olhar para cima: perceber astros, cometas, estrelas, estações do ano, fenômenos celestes e climas a designar edifícios, em especial os residenciais, com exemplos pontuais de prédios comerciais.
Começo com as estações do ano. Ninguém deseja morar no Inverno, nem no Outono, menos ainda no Verão. Todo mundo só quer morar em prédios Primavera ou Solar da Primavera. Encontrei nada menos que doze edifícios, de diferentes épocas e estilos, novos e antigos, em bairro rico e bairro classe média, com o nome Primavera. A partir de doze, vi, anotei quando me deu na veneta ou não anotei, e não fotografei mais. Então é certo que existe uma quantidade maior na cidade.
Encontrei um prédio Quatro Estações, e outro Four Seasons. Acho uma decisão equilibrada, além de absolutamente racional, morar em um prédio quatro estações. Até porque, gostando ou não, é isso que temos pela frente a cada ano. No quesito climas, repete-se a desigualdade apontada acima. Ninguém quer morar no Temperado, no Semi Úmido, no Semiárido, no Frio, menos ainda no Desértico ou no Polar. Todos só querem morar no Tropical. Encontrei um total de sete prédios com nomes como Jardim Tropical, Tropical, Tropicana, Castel Tropicale. Combinando com a umidade tropical, achei um Edifício Garoa. E nesse jogo de associações, podemos dizer que clima tropical, mais garoa e mais sol redunda em Arco-Íris. Achei nada menos que seis prédios com o nome de Arco Íris, e eu mesmo já morei em um deles.
[Continua...]