Enquanto isso no QG de campanha de JB…
O capitão reúne a sua tropa para acertar o passo. Faltando menos de três meses para a grande batalha, o comandante quer preparar os seus generais para o último assalto ao trem da história. É ordem unida.
– Como estamos nas pesquisas, general H.?
– Atrás, chefe.
– Vire o resultado de cabeça pra baixo.
– Certo, chefe.
– A Operação Globo como foi?
– Despejamos dinheiro lá, chefe.
– Ótimo. Depois da vitória a gente tira de novo.
O capitão não quer deixar nada ao acaso. Passa em revista ponto por ponto. Chama às falas cada um dos seus soldados de alto coturno.
– PEC dos Votos, general B.N.?
– Emperrou, chefe. A imprensa comunista diz que é compra de voto.
– Que é, é, mas vamos desmentir. O que diz o Arthur?
– Que de terça não passa.
– Vai cobrar alguma coisa por isso?
– Com ele não tem almoço grátis, chefe.
– Faz um agradinho pra ele.
– Só se a gente usar o orçamento do próximo mandato. Do atual ele já pegou tudo, chefe. Mas sentou em cima do impeachment.
– E o Gabinete das Verdades Alternativas, 02?
– Bombando. Não fosse a merda que faz o seu marqueteiro com esse papinho de paz e amor. O negócio é ir pra dentro desses comunas.
Estrategista de dimensões napoleônicas, na sua autoavaliação em dias de autoestima elevada, o capitão quer usar um efeito surpresa para aniquilar o adversário, que se mostra resistente e já canta vitória:
– Precisamos de um fato novo pra virar o jogo.
– Alguma ideia, chefe?
– Vamos denunciar a urna eletrônica.
– Mas isso não é novo, chefe.
– Eu também não era novo em 2018, mas convenci mais de metade do país de que era o novíssimo antissistema e ganhei fácil aquela eleição.
– O senhor contou com ajuda do Moro.
– Por falar nele, onde aquele trouxa?
– Quer ser líder da oposição no Senado.
– Oposição a mim?
– Não, ao Lula.
– Então ele acha que o Lula vai ganhar?
– As pesquisas é que acham, chefe.
– Então vamos atacar o STF e o TSE.
– De novo? O senhor recuou na semana passada.
– Avançaremos na próxima.
O QG está em polvorosa. Alguns já pensam em pendurar os coturnos. Outros, apostam que as pesquisas estão mentindo. O capitão confia:
– Vamos mostrar tudo o que o governo fez de bom.
– Por exemplo, chefe.
– Tudo, ora. A economia…
– Melhor deixar a inflação baixar, chefe.
– O combate à corrupção…
– Melhor deixar o escândalo do MEC passar, chefe.
– Podemos usar uma vitória na Copa do Mundo a nosso favor.
– A Copa é só em novembro, chefe.
– E a eleição?
– Em outubro, chefe.
– Mesmo? Não podemos inverter?
– A Copa é da FIFA, chefe?
– O presidente não é o Havelange?
– Esse já morreu, chefe.
– Que coisa. Ando meio perdido.