Indicado ao Oscar de melhor ator deste ano pelo papel, Brendan Fraser interpreta em A Baleia (2022) um professor de literatura de 270 quilos que passa o dia sentado na poltrona da sala, tentando lidar com os problemas da obesidade e os fantasmas do passado. No Festival de Veneza do ano passado, o astro norte-americano recebeu uma ovação em pé de seis minutos do público presente à sessão de gala do filme dirigido por Darren Aronofsky. O longa concorre ainda ao Oscar nas categorias de melhor cabelo e maquiagem e de atriz coadjuvante (Hong Chau).
Em A Baleia, Fraser impressiona pela caracterização de Charlie, um homem com obesidade severa que se vê confrontado pelas pessoas que acabam visitando-o em casa durante uma semana: a amiga e cuidadora Liz (Chau), um jovem evangélico que bate à sua porta (Ty Simpkins), sua rebelde filha adolescente (Sadie Sink) e sua ex-esposa (Samantha Morton). O roteiro é escrito por Samuel D. Hunter, baseado em sua peça homônima.
“O que eu gosto sobre A Baleia é como a história nos convida a ver a humanidade dos personagens, que não são totalmente bons ou maus, eles têm nuances como qualquer pessoa e vivem vidas muito ricas”, conta o diretor Aronofsky, que se interessou em adaptar o texto desde que o viu encenado há mais de 10 anos.
Já Fraser destaca que o protagonista “tem uma melancolia que o paralisa, que vem do fato de nunca poder ter sido a pessoa que queria ser”, acrescentando que, na sua visĂŁo, o personagem nĂŁo Ă© mesquinho ou calculista, mas vĂtima de suas prĂłprias escolhas: “Charlie feriu as pessoas por nĂŁo ser direto, nĂŁo ser autĂŞntico, e agora vive uma batalha consigo mesmo. Ele deixou de lado acertar as contas com as pessoas que amava e agora pode ser tarde demais para fazer isso. Quando diz aos seus alunos que precisam encontrar uma maneira de dizer a verdade, no fundo, ele está falando isso para si mesmo”.
“Muitas vezes, as pessoas do tamanho de Charlie sĂŁo invisĂveis, vistas apenas por suas famĂlias e cuidadores. É uma forma de silenciamento. Conversando com essas pessoas, percebi que, como qualquer um, elas querem ter suas histĂłrias contadas, e serem tratadas de maneira justa e honesta. Isso tudo foi um impulso para me levar Ă autenticidade do personagem”, conclui o ator.
A elogiada atuação de Brendan Fraser em A Baleia pode significar uma volta por cima para o ator, cuja errática carreira inclui dramas elogiados como Deuses e Monstros (1998) e Crash: No Limite (2004) e tĂtulos de cinema-pipoca do tipo George, o Rei da Floresta (1997) e A MĂşmia (1999). Já para Darren Aronofsky, afastado do cinema desde MĂŁe! (2017), o drama marca um retorno a histĂłrias de personagens atormentados e menosprezados pela sociedade – como nos seus filmes anteriores Pi (1998), RĂ©quiem para um Sonho (2000) e O Lutador (2008).
A Baleia: * * * *
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