Prefeito da semana

O homem que abriu caminho para as eleições

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O homem que abriu caminho para as eleições Nome: João Luís de Farias SantosPartido: Partido Republicano Rio-GrandensePeríodo que governou: 03/01/1896-15/10/1896 O mandato de João Luís de Farias Santos, o segundo intendente de Porto Alegre (e sexto mandatário no geral), começa de forma misteriosa. Não há registros de quando, onde ou por que ele assumiu. Não está nas atas da história da Câmara da cidade, presente no site do Arquivo Histórico. Não está nos anais do Conselho Municipal. Não há correspondência que sobreviveu ao tempo, pelo menos no que diz respeito a materiais disponíveis para consulta pública. Só se sabe de uma coisa: foi indicado por Júlio de Castilhos, como costumava acontecer na época, após as brigas do presidente do Estado (nome então dado ao governador) com o antigo intendente, Alfredo Augusto de Azevedo. Ficou nove meses no poder e, se teve pouco tempo para cometer grandes realizações, também não chegou a desagradar: sua gestão seria distinguida com Voto de Louvor pela Câmara Municipal. Antes de se dedicar à administração do município, foi professor público, formou-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e trabalhou como engenheiro em Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, entre 1887 e 1889. Sua formação o levaria à função de subdiretor da Secretaria de Obras Públicas do Estado. Já na intendência de Porto Alegre, com o poder ainda limitado que marcou os mandatários do fim do século XIX, Farias Santos continuou a tendência de se dedicar às ruas da cidade. Ao contrário de seu antecessor, muito marcado pela reforma das vias públicas e a abertura de novas, seu maior legado seria no que diz respeito ao “batismo” dos logradouros: foi em sua gestão que se proibiram as homenagens a pessoas vivas. Dedicado aos mortos, Farias Santos foi o responsável por oficializar o nome de ruas importantes, como a Gonçalves Dias e a Vasco da Gama. Também trocou o nome da antiga rua de Caxias para José de Alencar: a referência ao escritor cearense era um agradecimento por transmitir a cultura rio-grandense ao resto do Brasil no livro O Gaúcho, de 1870. Farias Santos construiu sobre a herança administrativa de seu antecessor: aumentou a divisão da cidade, que passou de seis para oito distritos, e concedeu a permissão para duas novas linhas de bondes.  Mas, como Alfredo Augusto de Azevedo havia saído do cargo sem muitos amigos, nem todos os seus feitos foram mantidos: o novo intendente iniciou o processo de substituição da Guarda Municipal criada por Azevedo, dando início à Polícia Administrativa. Formalmente extinta no governo seguinte, a Guarda Municipal levaria trinta anos para ressurgir. A justificativa da época era que se tratava de uma instituição ineficiente, com má reputação, sendo constantemente criticada e ridicularizada. A maior contribuição de Farias Santos, porém, foi a preparação do terreno para o que viria depois: a organização das primeiras eleições de Porto Alegre, ainda que com uma pequena e restrita participação, em 1896. Nelas, José Montaury seria eleito pela primeira vez (mas não assumiria de imediato), a caminho de se tornar o mandatário que mais tempo governaria […]

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Nome: João Luís de Farias SantosPartido: Partido Republicano Rio-GrandensePeríodo que governou: 03/01/1896-15/10/1896 O mandato de João Luís de Farias Santos, o segundo intendente de Porto Alegre (e sexto mandatário no geral), começa de forma misteriosa. Não há registros de quando, onde ou por que ele assumiu. Não está nas atas da história da Câmara da cidade, presente no site do Arquivo Histórico. Não está nos anais do Conselho Municipal. Não há correspondência que sobreviveu ao tempo, pelo menos no que diz respeito a materiais disponíveis para consulta pública. Só se sabe de uma coisa: foi indicado por Júlio de Castilhos, como costumava acontecer na época, após as brigas do presidente do Estado (nome então dado ao governador) com o antigo intendente, Alfredo Augusto de Azevedo. Ficou nove meses no poder e, se teve pouco tempo para cometer grandes realizações, também não chegou a desagradar: sua gestão seria distinguida com Voto de Louvor pela Câmara Municipal. Antes de se dedicar à administração do município, foi professor público, formou-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e trabalhou como engenheiro em Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, entre 1887 e 1889. Sua formação o levaria à função de subdiretor da Secretaria de Obras Públicas do Estado. Já na intendência de Porto Alegre, com o poder ainda limitado que marcou os mandatários do fim do século XIX, Farias Santos continuou a tendência de se dedicar às ruas da cidade. Ao contrário de seu antecessor, muito marcado pela reforma das vias públicas e a abertura de novas, seu maior legado seria no que diz respeito ao “batismo” dos logradouros: foi em sua gestão que se proibiram as homenagens a pessoas vivas. Dedicado aos mortos, Farias Santos foi o responsável por oficializar o nome de ruas importantes, como a Gonçalves Dias e a Vasco da Gama. Também trocou o nome da antiga rua de Caxias para José de Alencar: a referência ao escritor cearense era um agradecimento por transmitir a cultura rio-grandense ao resto do Brasil no livro O Gaúcho, de 1870. Farias Santos construiu sobre a herança administrativa de seu antecessor: aumentou a divisão da cidade, que passou de seis para oito distritos, e concedeu a permissão para duas novas linhas de bondes.  Mas, como Alfredo Augusto de Azevedo havia saído do cargo sem muitos amigos, nem todos os seus feitos foram mantidos: o novo intendente iniciou o processo de substituição da Guarda Municipal criada por Azevedo, dando início à Polícia Administrativa. Formalmente extinta no governo seguinte, a Guarda Municipal levaria trinta anos para ressurgir. A justificativa da época era que se tratava de uma instituição ineficiente, com má reputação, sendo constantemente criticada e ridicularizada. A maior contribuição de Farias Santos, porém, foi a preparação do terreno para o que viria depois: a organização das primeiras eleições de Porto Alegre, ainda que com uma pequena e restrita participação, em 1896. Nelas, José Montaury seria eleito pela primeira vez (mas não assumiria de imediato), a caminho de se tornar o mandatário que mais tempo governaria […]

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