é faísca e vem antes do trovão
PLÁGIO, VOCÊ TAMBÉM VAI COMETER
Deu no Estadão: o grande crítico literário Otto Maria Carpeaux (Áustria, 1900 – Brasil, 1978), genial em sua atuação, o cara que tomou um café com o Kafka – primeiro e único –, autor de estudos de altíssima valia até hoje – se duvida, olha lá sua História da literatura ocidental, uma inacreditável viagem de 8 volumes que repassa o objeto do título como se o autor tivesse lido tudo e mais a crítica de tudo –, essa grande figura plagiou. Sim. Aproveitando que manejava o alemão, que ninguém lê por aqui, pegou aquele que futuramente seria um dos ensaios mais notáveis do pessoal da Escola de Frankfurt, “O narrador”, do Walter Benjamin, de 1936, e o repetiu em ensaio seu publicado em 1942 (tinha chegado ao Brasil em 39, fugindo ao nazismo). O assunto era o mesmo, a narrativa russa do século 19, e a análise idem. Quem descobriu o caso foi Bruno Gomide, excelente pesquisador brasileiro especializado no mundo literário russo. (Luís Augusto Fischer)
FALANDO EM PLÁGIO…
O trecho abaixo é da obra Jornada de um imbecil até o entendimento (1969), do autor Plínio Marcos.
MANDRIÃO – Diga alguma coisa inteligente!
TECO – Dada a existência, tal como é exposta nos recentes trabalhos públicos de Poisson e Wattman, um Deus pessoal quá-quá-quá de barbas brancas quá-quá-quá, fora do tempo sem extensão, que do alto da sua divina apatia, sua divina atambia, sua divina fantasia, nos ama entranhadamente, salvo algumas raras exceções. Por motivos ignorados, mas que o futuro revelará…
MANDRIÃO – Mas isso é outra peça! Você esqueceu o texto?
TECO – Esqueci o cacete! O autor da peça é o Plínio e a única forma que ele tem de dizer uma coisa inteligente é plagiando, o que por sinal está muito na moda.
(Assinado: Copista & Amanuense)
CAMINHANDO E VOTANDO
Quantos candidatos a prefeito vão gravar cenas caminhando forte pela cidade? (O sombra)
PELO WHATSAPP (OU: LEITOR DE MENSAGEM)
Um:
— O que anda lendo?
Outro:
— whatsapp.
Um:
— Não, não digo agora.
Outro:
— só leio whatsapp mesmo
(Ângelo Chemello Pereira)
O MUNDO TÁ OSSO E NÃO É DE HOJE
Um século atrás a Primeira Guerra Mundial deixava um saldo de milhões de mortos e contribuía com a disseminação de uma pandemia igualmente mortal. Entre o apagar das luzes do conflito, em 1918, e o ano de 1920, figuras célebres como Gandhi, Harry S. Truman, Ho Chi Minh e Virginia Woolf – e outras menos conhecidas, como os soldados afro-americanos dos Harlem Hellfighters e a jornalista Louise Weiss – buscavam construir algum sentido em meio aos escombros. Relatos dessas personagens compõem o livro A Era do Cometa: O Fim da Primeira Guerra e o Limiar de um Novo Mundo (Todavia, 2018, tradução de Luis S. Krausz), do historiador alemão Daniel Schönpflug. Obras dos artistas George Grosz, Michel Duchamp e Paul Klee, entre outros de seus contemporâneos, abrem os capítulos da publicação. A pintura da capa, de 1923, é do alemão Otto Dix. (Ricardo Romanoff)
MUITO TRABALHO, POUCA DIVERSÃO
Uma teoria a respeito de O Iluminado que quase ninguém comenta é a de que Stanley Kubrick fez o filme como um alerta sobre os perigos da má higiene bucal. A cena do sangue jorrando do elevador, por exemplo, seria uma alegoria do que acontece quando se passa fio-dental depois de meses neglicenciando o exercício. Já Jack Nicholson arrebentando a porta do banheiro atrás de Shelley Duvall seria um dentista abrindo caminho para um tratamento de canal. (Bragantti)
micros
Por Lolita Beretta
balé para adultos
‘’mas já não há onde segurar-te’’
*
crianças
outro dia a gente vai
adultos
outro dia a gente vai
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“cuidei tanto de você! não serviu para nada”
no velório do marido, 90 e poucos anos
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infância
minhas mãos pareciam maiores