Depois da tempestade vem mesmo a bonança?
Revólver na Mesa
“A imagem é a do governador Bussi [entre 1976 e 1978]. Está sentado em seu escritório. Conversa com duas pessoas. E sobre a mesa, a seu lado, há um revólver. Trata-se de uma foto oficial: foi tirada por gente da administração Bussi e deliberadamente difundida. Bussi governa então a província de Tucumán; província que padece de uma dupla marginalidade: uma marginalidade histórica (situação da província diante do colonialismo interno de Buenos Aires) e uma marginalidade característica do sistema de livre mercado: concentração de renda, pequenos e médios empresários falidos, escassez de postos de trabalho. Esse quadro social desolador conduziu os marginalizados de Tucumán a eleger um fascista, em busca de Ordem e Trabalho, algo que os fascistas sabem prometer bem e executar só em um de seus aspectos: a Ordem; a dos cemitérios, quase sempre. (…) Que o revólver do governador esteja sobre a mesa quer dizer precisamente isto: o revólver, agora, está sobre a mesa. Já não está guardado. (…) A mensagem é clara: ‘Por agora’, parece dizer o governador, ‘o revólver está aí. Ainda não o estou empunhando, porém vocês – todos vocês – já o veem. E basta esticar meu braço para empunhá-lo. Não me obriguem a fazê-lo. Não me obriguem a fazer algo que, se for necessário farei: empunhar o revólver’. Em suma: a violência estava à mão.”
[Continua...]