Juremir Machado da Silva

“Esta coisa que pulsa”

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“Esta coisa que pulsa” Exposição está em cartaz na UFRGS | Foto: Juremir Machado da Silva

No Museu da UFRGS (Osvaldo Aranha, 277), a exposição “Esta coisa que pulsa” mostra a arte produzida na Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro. Sempre me interessei pelas pessoas internadas no São Pedro. Nos anos 1980, quando era jovem repórter da Zero Hora, fiz uma reportagem sobre a vida no principal hospital psiquiátrico do Rio Grande do Sul. O resultado pode ser encontrado no meu livro de reportagens “A noite dos cabarés” (Mercado Aberto, 1991). A mostra do Museu da UFRGS não poderia me ser indiferente. Trinta anos de criação pulsam em cores e formas.

A força de cada imagem descortina um mundo. O observador é provocado a refletir, mesmo se estiver com pressa, sobre algo que permanece. O que pulsa? A estranheza de ser num mundo que ordena, classifica e exclui. O São Pedro já não tem mais internações como antigamente. Resta a expressão da última interna. Como mostrou Michel Foucault, as “instituições totais” tentaram esconder os indesejados, indesejáveis, “improdutivos”, fazendo deles indivíduos supostamente sem individualidade ou singularidade. A arte revela o quanto neles sempre pulsa a vontade de se dar a ver para além do esperado, aceito, consagrado, permitido. A coisa que pulsa é a criação. A exposição do Museu da URFGS tem Curadoria de Barbara E. Neubarth, Blanca Brites, Mário Eugênio Saretta, Tatiane Patrícia da Silva e Vanessa Aquino.

Artistas: Arminda Nagel, Cenilda Ribeiro, Claudina Pereira, Faifer da Silva Gonçalves, Frontino Vieira, Leandro Silveira Rodrigues, Luiz Guides, Lydia Francisconi, Madalena de Fátima Lima Souza, Maria Luzia Santos Soares, Natália Leite, Romeu Figueiró, Simone dos Santos, Solange Gonçalves, Luciano, Teresa Noeci, William Cardozo e Vagner Cícone.

Bispo do Rosário

Foto: Juremir Machado da Silva

Já que falei em mim, foi no final dos anos 1980 também que editei o Jornal do Conselho Federal de Psicologia e tomei conhecimento da obra e da vida de Arthur Bispo do Rosário, negro sergipano, diagnosticado com esquizofrenia paranoide, internado pela vida na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, onde produziu espetacular obra artística, que ganha agora sua primeira exposição individual em Nova York, na “Americas Society”. Bispo ouvia vozes que lhe mandavam ordenar o mundo com seu trabalho.

Na quinta-feira, 18 de maio, na Casa da Memória Unimed-RS, Ricardo Resende, mestre em história da arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e curador do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (mBrac), no Rio de Janeiro, fez palestra sobre a vida e a arte de Bispo do Rosário (1909-1989), que reciclou todo tipo de material ao alcance das suas mãos para criar obras de grande expressão e simbolismo. A palestra de Ricardo Resende faz parte do projeto “Esta coisa que pulsa”.


Tambor tribal

Se entendi bem, a Melnick quer adotar o Bom Fim e está com uma campanha pelas ruas do nosso bairro. Só posso exclamar: que medo!


Parêntese da semana

A palavra é “O Caco e o conjunto”. Luís Augusto Fischer explica: “Caco Barcelos é um dos grandes jornalistas investigativos que o Brasil conhece. Nascido aqui na cidade, mas com carreira consolidada pelo Brasil afora, ele está gravado num vídeo que vai dar gosto de ver, em mais uma parceria da Parêntese com a Cubo Play. Carlos Caramez juntou o Caco com dois camaradas de ofício e geração, Licínio Azevedo e Emílio Chagas, e os quatro repassaram a aventura de suas vidas.”


Frase do Noites

O iluminista idolatra Voltaire. Talvez por isso tenha tiradas assim: “A censura do bem costuma ser o começo de um velho mal, o cala a boca”.


Imagens e imaginários

No “Pensando Bem”, FM Cultura, 107,7, Nando Gross, Luís Augusto Fischer e eu conversamos com Antônio Hohlfeldt, presidente da Fundação Theatro São Pedro, jornalista, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUCRS, colunista do Jornal do Comércio, escritor, ex-vice-governador do RS, responsável pelo salto na construção das obras do Multipalco, um complexo de salas que fará do São Pedro um moderníssimo espaço de espetáculos, oficinas e muito mais. Um papo imperdível e alegre.


Escuta essa

Ney Matogrosso é demais. Que baita artista: “Balada do louco”

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