Juremir Machado da Silva

Famecos em Montpellier

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Famecos em Montpellier

O Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUCRS é um dos mais internacionalizados do país. A foto acima mostra nossos representantes na Universidade Paul Valéry, Montpellier III no âmbito do chamado programa Capes/Print. Quatro doutorandos – Anaurelino Negri, Giancarlo Couto, Luana Chinazzo e Milton do Prado – e duas colegas professoras visitantes – Cristiane Freitas e Cristiane Finger.

Luciano Alabarse em cena

O consagrado diretor de teatro gaúcho marca presença nos palcos com uma nova montagem do clássico Esperando Godot. Luciano Alabarse tem sempre uma boa surpresa na manga. Leitor voraz e criador inquieto, jamais se acomoda. Está em todas as áreas da cultura, da gestão à direção teatral, passando pela autoria de belos artigos para cadernos de cultura. Um orgulho da terra.

Não espere, vá.

Drinque no Casa Pátria

A foto é do grande Nilton Santolin.

Encontros inusitados fazem a alegria das noites culturais.

Na imagem abaixo, este cronista extraviado e o ator Renato Campão comemorando seus respectivos drinques sem álcool ao lado do barman do Casa Pátria, no 4º distrito, onde Santolin fará uma exposição de fotografias em abril.

Traduzir-se

Houve um tempo na minha vida
Em que eu buscava estar além,
Mesmo sem me sentir perdido,
Havia um leão triste na janela
Que não me deixava desaparecer.
Eu cantava as minhas cores
Me alimentava dessas flores
Que fazem morrer as abelhas
E lia livros à luz da lua.
Fui muito longe para olhar
Queria me ver de mais perto
Um pássaro na solidão da lonjura,
Estrela brilhando na praia escura.
Quando, enfim, voltei para casa
O leão não estava mais na praça
A janela era um esboço na tela
A rua somente uma luz de vela.
Por que sempre penso nessas noites
Como se fossem dentes, traços, foices,
Molduras que perderam suas pinturas?
Então recomeço a esculpir palavras.

Outros carnavais

Caminhavas como antes na primavera dos tempos,
Levavas nos teus cabelos o perfume da estação,
Essa parada dos trens onde vidas se partiam,
Risos, lágrimas, rosas, rastro de aves no céu.
Deixavas para trás o que ainda não vivias,
Noites escritas com o vermelho das paixões,
Lembranças do futuro que apenas se esboçava,
Livros, confissões, cavernas sentidas pelo sol.
Se havia o verde interminável, também o ouro,
Metal do poente lapidado por mãos abandonadas
Estrelas nuas morrendo na lonjura do universo.
Promessas, luzes, brincadeiras de cabra cega,
Quando tudo crescia como a árvore da vida,
Numa viagem só com a passagem de ida.
Colhias a manhã no frescor do sereno puro,
Algaravias de pássaros, sonatas de verão,
Iluminações, travessias, límpida solidão,
Berço irisado da eternidade sem o escuro.
Mais tarde viria a coloração da poeira,
Tropel de cavalos, suor escorrendo, lua,
A vida amarrada em cordas de viração,
Vento, temporal, medalhas de nuvens.
Vida, campo, margaridas, inundações,
Corpos se fazendo esculturas na vastidão,
Pegadas de sabiás no caminho do inverno.
Luz diminuída no horizonte encanecido,
Folhas de plátanos, moedas no chão,
A caminhada marcada pelo latido do cão.
Tudo era imagem na lente do caco do vidro
Era carnaval na pré-história do corpo.

Manhã de carnaval

Não tenho forças nesta manhã
Para empurrar o sol ao centro do mundo,
Passei a noite acendendo estrelas,
Até que a chuva sambou no telhado.
Buscarei num parque não muito distante
A sombra onde possa me refrescar
Ao pé de uma amiga que colhe
Essa ternura que frutifica de vermelho,
Enquanto sorrio para a máquina de lavar.
Levarei no bolso do casaco o jornal,
Que sempre se carrega depois de certa idade,
Novidade que a velhice ainda recolhe,
Junto com o bom dia do carteiro,
O latido sempre mais preguiçoso do cão,
E a beleza da rua nascendo de novo.
Cada bairro vive a sua eternidade,
No meu, medimos o tempo pelas cores
Esse mosaico exposto nas fruteiras,
Até que venha o mês das laranjeiras.

Ritmos

Nunca soube o que é a verdade,
Andei por tantas ruas paralelas
Buscando o ritmo da felicidade.
Não parei para colher frutas vermelhas,
Mal me olhei no espelho das vitrines,
Tinha pressa de estampar as manchetes,
Mal desconfiava das chuvas de verão,
Seguia em linha reta para o desterro,
Esse lugar que fica depois da infância,
Sentia que a vida começa na esquina,
Ali onde crescem paradas de ônibus,
Meninas de olhos escuros como o destino,
Promessas que não precisam ser cumpridas,
A vida refletida num sorriso para o chão,
E o rastro de um passado tão recente,
Enquanto meu corpo expandia-se sem mim.

Paradas

Havia uma esperança em cada sorriso gratuito,
Mal sabíamos que o caminho era longo e veloz,
Ouvia a canção que ainda o faria voltar:
“Gente da minha rua como eu andei distante”,
O resto era rio, mar, cidades à margem dos dias.

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