Juremir Machado da Silva

PUCRS tem a melhor pós-graduação do país

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PUCRS tem a melhor pós-graduação do país Foto: Bruno Todeschini/PUCRS

Tem de estar na capa de todos os jornais impressos do Rio Grande do Sul e ser manchete em telejornais gaúchos e nas rádios do Estado: PUCRS tem a melhor pós-graduação do país. A mídia cobre melhor esportes do que educação. O feito da PUCRS, porém, é enorme. Os programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) são avaliados a cada quatro anos pela CAPES, organismo ligado ao Ministério da Educação. As notas 6 e 7, as maiores da escala, são consideradas de excelência internacional. Chegar na frente, na média alcançada, de todas as universidades brasileiras com mais de dez programas de pós-graduação, ou seja, de quem tem densidade, é como ganhar a Copa. Entre 4.512 programas avaliados, a PUCRS chegou na frente com média 6. É taça.

Trocando em miúdos, quase 73% dos programas da PUCRS tiraram 6 e 7. Já que comecei com a metáfora esportiva, é como chegar na frente de Real Madrid, Barcelona, PSG, Manchester City. Ou, em termos bem nossos, Inter e Grêmio batendo com folga Flamengo, Palmeiras, Galo, Corinthians e os demais. A PUCRS está na frente de USP, UFRJ, PUC-SP, PUC-Rio, Unicamp, UFRGS, UnB, etc. Em se tratando de notas 5, 6 e 7, 95% dos programas da PUCRS estão nessa faixa. Um feito extraordinário. Uma instituição comunitária batendo pesos pesados do setor público é algo que não pode passar sem comentário, pois é uma façanha.

Eu me orgulho de trabalhar na PUCRS há mais de 27 anos. Coordeno novamente o Programa de Pós-Graduação em Comunicação, que, graças ao trabalho da equipe e aos coordenadores que me precederam, é um dos três programas nota 6 de área no país. A avaliação é um processo lento, amplo, minucioso e rigoroso. Nada escapa ao crivo dos avaliadores. Esse é o melhor presente de Natal que a PUCRS pode oferecer aos gaúchos: ensino e pesquisa de alta qualidade. Como se diz no cotidiano, parabéns a todos os envolvidos. Eu digo, que show!

Crônica dos tempos do gel no cabelo

– Que história é essa, Fukuyama? Não estou entendendo. Você não disse e escreveu que a história tinha acabado?

– Bom, presidente Bush, isso eu peguei do Kojève. De qualquer maneira, já publiquei outro livro sustentando o contrário. Eu me enganei. A história continua.

– Ah, bom? Mas desse outro livro ninguém ficou sabendo então!

– É, o senhor sabe, os leitores gostam de sensacionalismo. A ideia de fim da história tinha mais apelo comercial. Os marqueteiros adoravam esse conceito.

– É, mas eu acreditei e deixei rolar. Achei que estava tudo dominado. Agora o Chávez fica me enviando e-mail debochado dizendo que Karl Marx me manda lembranças ou perguntando onde eu enfiei a mão invisível capitalista.

– Se permite, presidente, o que senhor responde?

– Tive vontade de perguntar pela senhora mãe dele, mas me contive. Disse que ele fosse perguntar pela mão invisível do capitalismo ao Adam Smith e me deixasse em paz. Sabe o que ele respondeu? Que só conhece a mão grande do capitalismo e que eu sou o mais novo comunista global.

– É duro, presidente, mas pode ter pior. Veja o caso de Portugal e do Brasil. Tive notícias sobre esses países.

– É mesmo? O Luiz Inácio vive me tocando flauta, dizendo que a crise é minha e que no Brasil está tudo numa boa, tanto que até o Timão voltará à elite do futebol em 2009.

– Verdade, até certo ponto, mas, depois das estatizações de bancos que o senhor fez, o Oscar Niemayer ganhou fôlego para viver mais cem anos em defesa do comunismo e da funcionalidade de Brasília. Ninguém vai aguentar.

– E em Portugal, o que pode estar acontecendo lá?

– O Saramago está com a corda toda. Não para de falar. O senhor sabe, com ele nunca tem ponto. Agora ele só sai de casa com a sua carteirinha de comunista pendurada no pescoço. Pretende escrever um “Ensaio sobre a cegueira II”, em homenagem à revista brasileira Veja, com 700 páginas de um único parágrafo, 400 mil vírgulas, 300 mil interpolações, 2.400 parábolas, 25 mil metáforas e uma só mensagem: Marx vive. Parece que vai virar filme dirigido pelo filho ou neto esquerdista de um banqueiro.

– Tudo bem, Fukuyama, tudo bem. Só que algum ponto positivo deve ter nessa crise, não é mesmo? Sempre tem.

– Tudo depende da maneira como se olha a coisa, presidente. O capitalismo tem um grande poder de regeneração, ainda mais quando conta com a boa vontade do Estado que tanto combate e com o dinheiro do contribuinte. É o que diz Saramago e toda a torcida do Flamengo, do Corinthians, do Inter, do Barcelona: privatização dos lucros, socialização dos prejuízos. Enfim, parece que alguns editores estão lucrando muito com a venda do estoque encalhado do “Manifesto Comunista”. Tem gente comprando “O Capital” por engano. Acham que pode ser um bom manual para sair da crise.

– É só isso? Não tem nada mais substancial e útil?

– Bom, parece que aumentou muito a venda de gel para jornalistas neoliberais, yuppies e outros jovens lobos aspirantes que agora vivem escabelados tentando explicar tudo o que disseram, com arrogância, até o mês passado.

– A que estado chegamos, Fukuyama – suspirou Bush.

– Ao Estado intervencionista, presidente.

– Que fazer?

– Lênin, presidente, tem um livro com essa pergunta como título. Se quiser, posso emprestar-lhe o meu exemplar.

– Que história é essa, Fukuyama? Tenho mais o que fazer. Ainda mais agora que vou poder voltar para o Texas.

Era assim que se falava há algum tempo.

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