Juremir Machado da Silva

Frente Ampla x Frente de Esquerda

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Frente Ampla x Frente de Esquerda Foto: Mateus Raugust/PMPA

Estamos em ano eleitoral. A esquerda sonha em tirar a direita do poder em Porto Alegre. Para isso será preciso mobilizar muitas forças. O bolsonarista Sebastião Melo está firme na cadeira e projeta liquidar a fatura no primeiro turno. Partido dos Trabalhadores e PSOL fecharam uma parceria com a deputada Maria do Rosário (PT) na cabeça e a sindicalista Tamyres Filgueira (PSOL) de vice. O PT leva junto PCdoB e PV, com quem tem uma federação. O PSOL leva com ele a Rede.

Acontece que haveria insatisfeitos por todo lado. Duas concepções ainda se enfrentam: frente de esquerda x frente ampla. No primeiro caso, PT e PSOL com seus parceiros de casamento por tempo determinado. No segundo, algo mais amplo, que poderia envolver o PDT e o PSB. Uma fonte interessada no assunto me liga e conta a seguinte história.

Uma série de cards (cartões virtuais), disparados às vésperas de 6 de abril, dia marcado para o pré-lançamento da chapa Maria do Rosário/Tamyres, mostraria o enrosco ou o vaivém do jogo político.

No primeiro card, Tamyres e Rosário aparecem em torno de Lula.

No pé do cartão aparecem os logotipos de PT, PV, PCdoB, PSOL e Rede.

A Rede, da qual faz parte o ex-petista Marcelo Sgarbossa, teria reclamado de não ter sido avisada ou convidada.

Um segundo card teria sido distribuído sem a marca da Rede.

Na pressa, melhor ir devagar.

Parece que Partido Verde ainda sonharia em participar da chapa, não se contentando em “empurrar o caminhão”.

O terceiro card já não teria Tamyres. Lula e Maria do Rosário sorriem para os seus eleitores.

Um quarto card surgiria em redes do PSOL, sem Lula, que não estaria mesmo no evento, embora parecesse isso nos primeiros casos, com Tamyres, Maria do Rosário e logos do PT, PSOL, PV e PCdoB.

Novas reclamações teriam acontecido. O último card seria pacificador: com Tamyres, Lula e Maria do Rosário. Nenhum logo.

Há quem sonhe com um novo e curioso modelo: uma chapa coletiva com sete prefeituráveis. Todos na mesma foto. Sendo necessário legalmente um cabeça de chapa, uma prévia determinaria a escolha. Tudo pode acontecer, até o Inter ser campeão brasileiro, mas a montanha não parece disposta a dar um passeio pela orla do lago Rio Guaíba.

Os frente-amplistas temem uma derrota já na primeira fase do campeonato. Ou tentam tocar o terror falando de um mico como não passar para a fase de grupos na Libertadores. O campo com a bola embaixo do braço pede calma e tempo para mostrar o seu jogo. Nessas escaramuças sempre pode haver muito de interesse pessoal sob a aparência de bem público ou de cálculo preciso dos riscos corridos.

A sucessão de cards pode ser só uma coincidência ou um detalhe de edição ou de valorização, em algum caso, do melhor ângulo, conforme o emissor e seu ponto de vista sobre o que destacar, mas não deixa de ser interessante.

Como se dizia faz algum tempo, se non è vero…

Encontrei um relevante parlamentar de esquerda que me disse com ponderada sapiência motorizada: agora que o caminhão já está em movimento, melhor empurrar do que tentar freá-lo. Foi dada a largada.

Outra fonte, mais cética, afirma que sempre podem acontecer acidentes de percurso em travessias de longo curso. No mínimo, um pneu furado. Ou uma batida de frente com pesquisas mais rigorosas. Pode ser. Também pode ser desejo.

Uma coisa certa: descontentes existem.

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