Juremir Machado da Silva

Quando estou feliz eu canto

Change Size Text
Quando estou feliz eu canto Margem do rio Lez, em Montpellier

Os dias andam tristes em nossa casa/Estado. A intempérie castiga inocentes. Precisamos tomar providências para o futuro. A incúria não pode ser confundida com fatalidade. Aqui da França, onde recebi o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Paul Valéry Montpellier 3, eu me sinto em meio a uma confusão de sentimentos, entre a alegria da homenagem e a tristeza pelo que está acontecendo no Rio do Sul. Permito-me exprimir em poesia o que senti depois de tantos tropeço pessoais.

Dizem que são textos
São, porém, os sextos
Cestos, palimpsestos,
Ou apenas pretextos,
Contextos, subtextos,
Quem sabe até poesias,
Ou aquilo que fazias,
Antes do nascer do sol.

Não importa o que corta,
O tamanho da esperança,
Nem a cor da alegria,
Se a caminhada avança,

Se o mar se levanta à tarde
E a chuva lava e leva a lua
Para sonhos que não estiam.

O poeta é um cantor
Cuja voz se eleva
No silêncio da palavra.
O poeta tanto canta
Que se ouve cantar
Enquanto escreve 

Sem mover os lábios. 
E tudo isso fala,
E tudo isso cala,
Tão profundamente
Quanto a vala incomum.

Assim é a estranheza,
Essa lâmina áspera,
Essa faca amolada
Que chamamos vida,
Com tantos temperos.

RELACIONADAS

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.