Nando Gross

O esporte como moeda de troca: um choque de realidade

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O esporte como moeda de troca: um choque de realidade Foto: Ricardo Stuckert/PR

O esporte desempenha um papel fundamental na sociedade, muito além da competição e entretenimento. Ele possui o poder de unir pessoas, promover valores como trabalho em equipe e disciplina, além de servir como ferramenta de inclusão social e transformação. Essa compreensão levou o presidente Lula a promover a ideia de que o esporte deveria ser tratado como uma política de estado e não apenas como uma questão governamental passageira.

No entanto, a demissão de Ana Moser, ex-jogadora de vôlei e técnica qualificada, do cargo de Ministra dos Esportes, para dar lugar ao deputado federal André Fufuca, levanta questionamentos sobre a continuidade da abordagem do esporte como um instrumento de inclusão e transformação social.

Se por um lado a demissão de Ana Moser não traz abalo político ao governo, porque ela não tinha filiação partidária, era exatamente isso que a tornava uma figura única, pois era uma escolha independente e apolítica para liderar o Ministério dos Esportes. Sua nomeação estava alinhada com a visão de Lula de que o esporte deveria ser uma política de estado, não sujeita às mudanças de governo.

Ana Moser assumiu como ministra dos Esportes com a missão de concretizar a visão do presidente eleito, implementando programas e iniciativas destinados a fazer do esporte uma ferramenta para melhorar a vida das pessoas. Sua experiência e comprometimento com a causa a tornaram uma figura respeitada no cenário esportivo e uma escolha lógica para liderar essa batalha.

Mas a política tem esta força disruptiva que destrói até mesmo as melhores intenções. A nomeação de André Fufuca, para atender o “centrão”, nos dá um choque de realidade, lembrando que, no Brasil, as decisões são guiadas por interesses políticos, sempre colocados à frente do compromisso original, no caso o de tornar o esporte uma ferramenta de inclusão e transformação social.

É importante agora ficar atento para acompanhar a continuidade dos programas e projetos que estavam em andamento sob a administração de Ana Moser. A falta de alinhamento político e de conhecimento especializado no campo esportivo por parte de Fufuca, podem resultar na interrupção de iniciativas feitas para fazer a diferença na vida de muitos brasileiros.

Será que o foco na inclusão social e na transformação através do esporte continuará a ser uma prioridade? Será que os esforços para melhorar as condições dos atletas e promover a participação esportiva em comunidades carentes serão mantidos?

Além disso, a chegada de André Fufuca ao cargo coincide com a discussão sobre a regulamentação das apostas esportivas. Embora isso possa representar uma oportunidade para aumentar o financiamento para o esporte no Brasil, é importante garantir que qualquer receita gerada seja direcionada para os objetivos de inclusão e transformação social, em vez de servir como uma simples fonte de receita para o governo.

A demissão de Ana Moser e a nomeação de André Fufuca levantam preocupações legítimas sobre o compromisso do governo brasileiro com a visão de usar o esporte como uma política de estado para promover a inclusão social e a transformação. Difícil imaginar André Fufuca mantendo alguma política iniciada na gestão de Ana Moser, tudo indica que o jogo passará a ser outro a partir de agora no Ministério dos Esportes.

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