CEO do South Summit fala sobre evento em meio a crises no Brasil e no Vale do Silício: “Todos têm de estar preparados”
Thiago Ribeiro conversou com o Matinal sobre como o evento ajudará empreendedores a tomar decisões em meio a discussões sobre juro alto e quebra de bancos no Estados Unidos
A segunda edição do South Summit Brazil, que começa nesta quarta-feira, dia 29, acontece em meio a duas discussões econômicas relevantes: a quebra do Banco do Vale do Silício, nos Estados Unidos, e a manutenção dos juros a 13,75% pelo Banco Central, no Brasil. Tanto lá quanto cá, os desdobramentos devem impactar na abertura de novos empreendimentos e na forma como eles são financiados.
Mas o CEO do evento Thiago Ribeiro prefere chamar de período de “ajuste” na fotografia do cenário atual. Para ele, os encontros têm o caráter de aproximar os empreendedores dos fundos de investimento, para que busquem juntos as soluções e aprendam a fazer a leitura correta dos negócios. “A discussão que tem que acontecer no South Summit é como o empreendedor se prepara, como o investidor se prepara para estar atento a essas mudanças e aos movimentos normais do mercado. Todos têm que estar preparados”, diz Ribeiro.
Além da economia, o Matinal conversou com o diretor sobre as demais expectativas para o evento e como ele pode contribuir para áreas nevrálgicas da cidade, como a mobilidade e a acessibilidade. Leia na entrevista a seguir:
Por que Porto Alegre foi escolhida novamente entre cidades e países da América Latina e até quando o South Summit acontecerá na Capital?
Porto Alegre vive um momento muito especial em todos os sentidos. O ecossistema local de inovação nunca esteve tão alinhado, conectado e em evidência. Acabamos de ser anunciados como a melhor cidade do Brasil para fazer negócios. Não é a gente dizendo isso, pode-se tirar o bairrismo da informação e entender que se está vivendo o diferente. E o South Summit vem, sem dúvida, contribuir para isso de maneira muito contundente. Tivemos uma primeira edição de muito sucesso e os números provaram isso. A expectativa para esta edição é a melhor possível, e temos tudo para consolidar esse status para os próximos anos. O evento fica aqui até 2027. É uma garantia, uma segurança, e é óbvio que tem muito trabalho pela frente para se consolidar, mas, se nos mantivermos vigilantes e mantivermos o ritmo dos últimos quatro ou cinco anos, a gente vai conseguir essa consolidação.
Qual a expectativa em relação ao público nesta edição?
Nossa expectativa em termos de público dentro do Cais Mauá é que se mantenha. Para isso que a gente está trabalhando. Mas obviamente que a gente procurou desenvolver uma série de ações que vão se desdobrar em outras áreas da cidade, em outros momentos. Embora no Cais Mauá vamos ter um público parecido, a expectativa é que mobilize um volume maior na cidade como um todo.
O evento fez melhorias de mobilidade e acessibilidade dentro do evento, mas está em uma cidade com diversos problemas nessas áreas. Em 2022, foram muitos congestionamentos na entrada do Cais. De que forma o South Summit pode contribuir para pensar estes problemas e aproximar mais o evento da cidade?
Um grande evento, em qualquer lugar do mundo, que mobiliza um volume de pessoas como o South Summit mobiliza, é inevitável que tenha algum tipo de dificuldade, como mobilidade. Vivemos aqui Copa do Mundo, Copa América, e nada disso foi diferente. Obviamente que a gente toma medidas para contemplar da melhor maneira. Temos um plano de mobilidade e de contingência para algumas questões. No evento em si, atacamos com muita seriedade a questão da acessibilidade, tomando as medidas necessárias. Claro, em algumas talvez nunca vá chegar aos 100%. Por exemplo, não se pode esquecer que o evento acontece em um cais, que nossos espaços de conteúdo são armazéns, não são teatros, e o espaço é tombado pelo patrimônio (histórico). Tem uma série de limitações de estrutura, arquitetura e possíveis intervenções. Mas não tenho dúvida de que quem for ao Cais vai encontrar um evento acessível.
O evento também coincide com a quebra do Banco do Vale do Silício, recentemente, nos Estados Unidos. Como este tema estará presente?
É um tema da atualidade e deve estar dentro da discussão não só no palco. Vai estar nos corredores, nas mesas de bar, na praça de alimentação e nos espaços de networking. E é muito saudável essa discussão. Quando a gente olha toda essa questão, olha da perspectiva da crise, das dificuldades que isso acarreta. Mas eu sou um otimista. Acho que a gente está vivendo um ajuste, um arredondamento. Está saindo de um mercado muito eufórico de números supervalorizados, superestimados, para uma cena de mais realismo, mais austeridade, e que em um curtíssimo prazo vai nos dar uma fotografia mais real do que está acontecendo.
No Brasil, a discussão é pelos juros do Banco Central a 13,75% e implicação deste percentual nos investimentos. O South Summit deve ajudar a trazer uma luz sobre o tema? Como a mudança no perfil de governo de uma edição para outra deve impactar o evento?
Todas essas decisões acabam tendo um ou outro impacto. Mas essas discussões acabam sendo até “internalidades”. Acho que o desafio do empreendedor, do investidor e das empresas é fazer a leitura correta desses movimentos para que possam tomar as melhores decisões. Obviamente é um novo cenário, um novo contexto, (sobre) qual o rumo que a economia vai tomar. Ainda é muito cedo, tem uma série de definições a acontecerem pela frente de uma maneira geral. A discussão que tem que acontecer no South Summit é como o empreendedor se prepara, como o investidor se prepara para estar atento a essas mudanças e aos movimentos normais do mercado. Todos têm que estar preparados, essa é uma das grandes lições do South Summit. Levar conteúdo, levar informação, proporcionar discussão, para que as pessoas se preparem para qualquer momento que elas tenham que enfrentam em seus negócios.