Ainda destelhada, escola na zona leste de Porto Alegre terá que acomodar nove turmas em cinco salas
Ao contrário de milhares de escolas no Brasil e no Rio Grande do Sul, as aulas não retornaram nesta segunda-feira na Escola Estadual Doutor Martins Costa Júnior, no bairro São José, zona leste de Porto Alegre. Uma sucessão de problemas estruturais já havia obrigado a instituição de ensino fundamental a atender somente metade do público que costumava receber. Para piorar, a tempestade de janeiro danificou o telhado do prédio que ainda tinha condições de abrigar estudantes.
As aulas devem começar na semana que vem na escola – mas ainda sob relevante limitação. Com o destelhamento, a escola dispõe de apenas cinco salas de aula, que deverão acomodar as nove séries de alunos matriculados. A saída será juntar turmas nos cômodos do térreo da instituição, enquanto o problema do telhado não se resolve, por sugestão da própria Secretaria de Educação (Seduc), de acordo com a diretora da Doutor Martins Costa Jr., Jane Matos. A expectativa, conta, é que o conserto – desde a licitação até a execução do serviço – leve cerca de três semanas.
Nesta segunda, a equipe da escola recebeu as famílias dos estudantes. Chegou a haver, por parte da Seduc, a promessa de transferência de boa parte dos alunos para a EEEF Jerônimo de Albuquerque, que fica a 1,2 quilômetros de distância. “Mas os pais não querem tirar os alunos da nossa escola”, relatou Jane.
Na manhã de segunda-feira, integrantes da comunidade escolar realizaram um protesto em frente ao Instituto de Educação, que era reinaugurado com a presença do governador Eduardo Leite (PSDB) e da secretária de Educação, Raquel Teixeira.
O conserto do telhado dará condições adequadas aos alunos já matriculados, mas a retomada do atendimento que a escola oferecia há alguns anos é, por enquanto, uma demanda sem solução. Ainda não há, segundo a diretora, prazo para que se resolvam os graves problemas do prédio que já estava interditado – uma estrutura que representava metade da área construída da instituição, se resolvam.
Problemas estruturais vêm de anos
Desde 2020, por conta dessa interdição, a Doutor Martins Costa Jr. atende 350 alunos, metade do público habitual, que vem sobretudo de regiões periféricas de Porto Alegre, como o Morro da Cruz e o Campo da Tuca. Além desse prédio, em novembro do ano passado a escola amargou a queda de um de seus muros, quando uma chuvarada atingiu a cidade.
“A gente está seguidamente na situação de negar vagas às famílias, que querem as crianças estudando aqui”, afirmou a diretora, em entrevista à Matinal em julho do ano passado. Desde que está à frente da administração da escola, em 2016, ela comunicava à Seduc sobre as infiltrações que viriam a resultar na interdição do prédio. Apesar das solicitações e visitas de equipes governamentais, as obras necessárias nunca foram concluídas
Com o prédio interditado, parte dos equipamentos e serviços, como a biblioteca e o setor administrativo, tornaram-se inacessíveis ou foram desativados. Problemas de saúde decorrentes do ambiente comprometido têm afetado a equipe administrativa, enquanto a demanda por matrículas continua alta, evidenciando a importância da escola na região.
Secretarias colocam escola como “prioridade”
As secretarias de Obras Públicas e da Educação informam que a recuperação da escola é “prioridade” das pastas. O governo afirma que a empresa que realizaria o conserto do telhado do prédio interditado em 2020 desistiu, o que levou a uma atualização de projeto e a um novo processo de contratação de serviços. No entanto, com o temporal em janeiro, os problemas se agravaram.
A reforma será executada após a homologação da Ata de Registro de Preços para manutenção, que está sob a coordenação da Secretaria de Obras Públicas, e permitirá uma reforma de modo integral. A escola deverá ser uma das primeiras a ser atendida por meio dessa modalidade.