Cartas

O dia em que deixei de ser patrono da feira de Carlos Barbosa

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O dia em que deixei de ser patrono da feira de Carlos Barbosa Boca Migotto. Foto: Igor Sperotto

O Professor Luís Augusto Fischer entrou em contato e me pediu um texto introdutório que, ao mesmo tempo, fosse um tanto quanto conclusivo. Para quem está distante do bololô – termo utilizado pelo próprio Fischer para definir o ocorrido – tentarei uma sinopse rápida seguida de algumas constatações. 

Convidado pela prefeitura da minha cidade natal, Carlos Barbosa, para ser o patrono da feira do livro, e após aceitar a homenagem, me vi alvo da extrema-direita do município. Assim que foi divulgado meu nome, inúmeras pessoas passaram a me atacar nas redes sociais. As acusações eram as mais variadas possíveis, mas sempre girando em torno de dois pontos principais: 1) eu sou petista e comunista e 2) eu falo mal da cidade. 

A celeuma – ou o bololô todo – começou na última quinta-feira e se estendeu por parte da sexta-feira quando fui alertado de que haveria um abaixo-assinado solicitando que a prefeitura me “desconvidasse” do patronato. Por isso, antes mesmo de deixar a administração municipal – que é de direita – nessa saia justa, eu mesmo pedi para sair e, ainda na mesma noite, me tornei um “despatronado”. Ou seja, a alegria de receber uma homenagem da minha cidade durou menos de 24 horas. 

Saí e fiz a felicidade dos extremistas da cidade, mas não sem antes publicar uma “Carta aberta à comunidade de Carlos Barbosa”. Afinal, mesmo que, geralmente, eles não sejam afeitos à leitura, de alguma forma eu precisava me defender. E percebo agora que tal necessidade foi uma espécie de autodefesa pois, após décadas trabalhando pela preservação da memória histórica da região, através do cinema, estas pessoas, que provavelmente nunca assistiram um único curta-metragem dirigido por mim, estavam dizendo que eu “falava mal da cidade”. 

A referida Carta, reproduzida abaixo, explica isso. Portanto, não entrarei em detalhes e imagino que com essa introdução seja possível compreenderem melhor toda a confusão. No entanto, antes de deixá-los livres para mergulharem no texto, preciso falar um pouco sobre a repercussão da mesma. Afinal, foi isso que me pediram. 

Desde que tornei pública a minha desistência e os motivos que me levaram a tomar essa decisão, passei a receber muitas mensagens de apoio. Devo dizer que me surpreendi e me senti acolhido, não apenas por quem está no mesmo espectro político mas, inclusive, por pessoas da direita, digamos, racional. 

Mas o que realmente me chamou a atenção, ao longo dos dias, é que tudo isso não passou de um ataque orquestrado por elementos ligados à política da cidade. Um amigo, o qual deixarei no anonimato, se deu ao trabalho de fazer uma pesquisa nos perfis que me atacaram e concluiu que tudo começou quando um personagem político da cidade passou a conclamar os seguidores do ex-Presidente para a luta virtual. 

Auxiliado por perfis falsos, para botar “lenha na fogueira”, e se utilizando de recortes de textos publicados na minha coluna Mar Aberto, no site Rede Sina, essa pessoa retirou minhas reflexões acerca da região do contexto para justificar o porquê que eu não merecia a honraria. 

Impossibilitado de desconstruir tudo isso com argumentos – e obviamente, nem me dei ao trabalho de entrar na discussão – optei por desistir do patronato. Alguns comemoraram, outros lamentaram, mas é preciso admitir que o ódio venceu. No entanto, fica o aprendizado. 

Muitos de nós pensávamos que com a eleição de Lula, e garantida sua posse, o bom senso poderia retornar ao Brasil. Ao menos, em parte. Não sei como é no Nordeste, que nos garantiu a vitória da razão sobre irracionalidade e a selvageria, mas aqui no Sul está claro que a guerra está aberta e anunciada. 

Esse é ano de eleições municipais e, certamente, será a primeira vez que a IA entrará realmente com força na disputa. Portanto, fiquemos atentos, pois o que não faltará serão vídeos e áudios de professores, políticos, artistas, ambientalistas, cientistas…, dizendo coisas que nunca foram ditas, fazendo coisas que nunca foram feitas. 

Por enquanto, agradeço novamente o apoio e o afeto que tenho recebido. Obrigado.

*

Carta aberta à comunidade de Carlos Barbosa

Nasci, em Carlos Barbosa, em março de 1976. Portanto, em poucas semanas completarei 48 outonos.

Minha mãe costumava dizer que nasci sob uma tempestade de final de tarde, daquelas que, após a tormenta, o pôr-do-sol se manifesta esplendorosamente por entre as nuvens escuras, em diversos tons de cores que fazem do entardecer algo especial. Era o que ela dizia. Meu pai já dizia não lembrar nada disso. Em casa ríamos quando falávamos sobre as impressões de um e de outro.

Meu pai era pedreiro, semianalfabeto e a minha mãe dona de casa. Ambos começaram a vida como agricultores, no interior da cidade, até se encontrarem, já em idade avançada, no centro da então vila de Barbosa. Casaram e eu nasci filho único. Filho único e temporão.

Em 2023 fez dez anos que ambos partiram mas, ao longo de toda vida, viveram em Carlos Barbosa, no centro da cidade. Meu pai era um cidadão folclórico que, como já escrevi diversas vezes, ajudou a construir a cidade. E foi ali, no centro da cidade, no antigo “areião”, que muitos nem sabem do que se trata, onde cresci, brinquei, briguei e muito apanhei, mas também me defendi. Embora, quase sempre eu fosse o menor da turma, e aquele que mais apanhava, não deixava barato. Por isso, até hoje não tenho medo de brigar. Mas hoje a briga é no campo das ideias.

Saí da cidade com 18 anos, para servir o Exército e, no ano seguinte, me mudei para Porto Alegre. Fui estudar e acabei me fixando na capital, onde, aos poucos, fui criando meu espaço como diretor de cinema. Nos últimos anos, mais por necessidade de expor minhas ideias do que vontade de abrir outras portas, escrevi alguns livros. Três no total. Até agora.

E aí meio que virei escritor. Por conta disso – minha obra e a minha relação com a cidade – nesta semana fui convidado para ser o patrono da Feira do Livro de Carlos Barbosa de 2024. Trata-se de uma Feira pequena, em numa cidade igualmente pequena, na Serra Gaúcha. Mas o tamanho não importa, Carlos Barbosa é a minha cidade e, por isso, fiquei feliz com o convite.

Senti-me honrado e percebi este convite como uma espécie de reconhecimento para com a minha carreira, construída com muito esforço e trabalho, longe demais da proteção umbilical da minha aldeia, muitas vezes sozinho e ao longo de muitos anos, teimando sem parar.

Boa parte da minha carreira foi dedicada a realizar filmes que exaltavam, não apenas Carlos Barbosa, sua gente e sua cultura, mas toda a região que recebeu a imigração italiana a partir do final do século XIX. Esse sempre foi um tema que me seduziu e sobre o qual sigo me debruçando até hoje. Agora através da literatura.

Mas, voltando ao início da minha carreira, meu primeiro trabalho para a RBS-TV, no já longínquo ano de 2008, foi um documentário sobre o Rio das Antas, para uma série chamada “Na trilha dos rios”. Depois de fazer pesquisa para toda a série, acabei sendo convidado para dirigir o episódio que se passava na Serra, intitulado “Rio das Antas – vale da fé”.

O Rio das Antas, quem é da Serra sabe, nem passa por Carlos Barbosa. Mesmo assim, fiz questão de desviar toda a produção para a “terrinha” e convidar o Coral de Cultura e Arte de Barbosa para gravar a trilha sonora do episódio. Trilha esta, cantada em italiano, por senhores e senhoras da cidade, na Igreja do Forromeco, uma das mais antigas de toda a região.

Muitos que acompanham meu trabalho ao longo do tempo sabem disso mas, infelizmente, na minha própria cidade, parece, poucos lembram do meu esforço para valorizar a história e cultura local, mantendo viva a memória de uma região que, inclusive, poucos a valorizam de fato. E está aí a demolição arbitrária de milhares de casas construídas pelos primeiros imigrantes para comprovar essa afirmação.

Depois desse primeiro trabalho, passei a ser chamado pela RBS-TV para outros projetos. Filmei “O homem dos raios”, em Antônio Prado, todo em dialeto vêneto, “Frente a Frente”, em Santa Tereza, Guaporé e Serafina Correa, além do “Pra ficar na história”, versão curta-metragem, em Garibaldi. Esses projetos todos para a televisão. Mas, investindo capital pessoal, por acreditar que deveria contribuir com a preservação da memória da minha região, realizei “Às margens”, em Carlos Barbosa, “Consertam-se gaitas”, “Tcheco” e “À sombra da vindima”, em Bento Gonçalves, além de ministrar cursos de produção audiovisual que serviram para capacitar novos profissionais locais para novos projetos. Desses cursos, inclusive, nasceram outros dois curtas-metragens, dirigidos por meus alunos, sobre a ferrovia do trigo e sobre a musicista caxiense, Ana Maria Mazotti.

Por fim, mas não menos importante, houve a realização de uma série de ficção para a RBS-TV, “Sapore d’Italia”, que foi filmada na Serra e no norte da Itália, “Bocheiros”, filmada em Santa Tereza e Monte Belo, e a versão longa-metragem de “Pra ficar na história”, filmada em Garibaldi, Carlos Barbosa e, novamente, no norte da Itália. Este último para a Globo News.

Faço questão de elencar parte da minha produção audiovisual na região pois, hoje, fui surpreendido com a notícia de que passou a circular, em Carlos Barbosa, um abaixo-assinado para retirarem o convite que me foi feito para patrono da Feira do Livro. Nesse abaixo-assinado, muito mal escrito, diga-se de passagem, havia dois motivos para tal reivindicação: 1) eu falaria mal de outras culturas e, 2) sou uma pessoa que não fala bem da minha cidade.

Convidaria essas pessoas, então, a assistirem meus filmes pois, me parece, pouco ou nada conhecem do meu trabalho ou, se um dia conheceram, o esqueceram. Não sei, inclusive, o quanto essas pessoas que me acusam de não valorizar a minha cidade, de fato valorizam a própria Feira do Livro de Carlos Barbosa, se por lá um dia transitaram e se algum dia compraram um livro e o leram. Pelo visto, meus livros, textos e filmes, nunca acessaram.

O que eu sei, ao longo de anos de muito estudo e trabalho, é que não cabe a um artista, seja ele cineasta, pintor, escritor, dançarino ou o que for, apenas “falar bem” daquilo que está sendo, por ele, traduzido. Por isso, imagino que quando dizem que eu “falo mal de outras culturas”, estejam se referindo às vezes que critiquei a minha região e a minha própria cultura pois, se há algo que em mim que não pode ser tirado ou contestado, é, justamente, o meu amor e respeito por outras culturas. No entanto, acredito, como filho da terra eu possuo um lugar de fala para criticar aquilo que considero inadequado, assim como, imagino também, a liberdade de expressão, ao viver num país democrático, me garanta isso. Portanto, pergunto aos meus detratores:

Eu deveria ficar calado quando percebo que um equivocado projeto de restauro do prédio da Estação Ferroviária, espaço nobre da cidade, ameaça sua integridade histórica por conta da construção de duas torres de vidro grudadas ao prédio principal e em um terreno reduzido?

Não poderia eu, barbosense, criticar o histórico descaso da cidade com as coisas da cultura, motivo pelo qual, inclusive, fui levado a realizar vários projetos de documentários com meu próprio dinheiro, pois foram raras as oportunidades quando recebi algum apoio financeiro para, justamente, valorizar as coisas da terra?

Deveria me calar frente as reiteradas manifestações racistas e xenófobas que tomam de assalto as redes sociais toda vez que um trabalho análogo à escravidão é descoberto? Ora, por acaso fui eu quem não garantiu as mínimas condições de trabalho a homens e mulheres que buscaram emprego na pujante Serra Gaúcha, conforme, inclusive, determina nossa Constituição e as leis trabalhistas do país? Portanto, é a mim que deve ser apontado o dedo que descortina tal vergonha?

Por tudo isso, me entristece muito quando, desde ontem, passei a ver pessoas, muitas que nem me conhecem, e seguramente não conhecem a minha obra, me ofenderem justamente naquilo que eu mais me esforcei: falar da minha cidade e da minha história.

Documentar a região, sua cultura e história, não é um salvo conduto para apenas “falar bem das coisas da terra”, como muitos, parece, defendem que seja feito. Muito mais contribuem, tenham certeza, aqueles que não “passam a mão” para aquilo que parece estar errado e precisa ser transformado. A acomodação e a mesmice não nos leva muito longe. Ao contrário, isso nos faz acreditar que somos a única cultura valorosa ao ponto de, aí sim, falarmos mal de outras, sejam elas os povos indígenas, as comunidades quilombolas, os negros, nordestinos, forasteiros em geral e, até, um filho da terra que às vezes pensa diferente.

Por isso, a única forma de transformarmos o ufanismo tolo em consciência social e histórica é apostar na reflexão sobre as diferenças. É assim que, ao menos eu acredito, evoluímos como sociedade. Mas não é assim que essas pessoas enxergam a sociedade ideal da qual querem fazer parte, pois inúmeras vezes defendem a tal “liberdade de expressão” enquanto atacam o conterrâneo que tem outro posicionamento político.

Através do convite que me foi feito visualizei a oportunidade de levar um pouco desse trabalho audiovisual, mas que também é literário, para as escolas da cidade. Justamente para conversar com os jovens sobre o que cada um pensa da sua cidade e da sua história. O que sabem sobre sua história. Não apenas para exaltá-la, mas para percebê-la naquilo que ela tem de bom e naquilo que ainda é preciso trabalhar para que ela se transforme positivamente.

Infelizmente, a divulgação do meu nome parece ter causado uma onda de protestos de ódio e rancor entre os bolsonaristas e/ou radicais de direita que não aceitam meu posicionamento ideológico. “Petista” e “comunista”, é este o meu crime, sendo que nunca ao menos me filiei ao PT e, ainda hoje, mal folheei o Manifesto de Marx.

Foram inúmeros os comentários maldosos e, no geral, ignorantes, perpetrados nas redes sociais e direcionados não somente a mim, mas também à administração municipal. Administração, esta, que não é do campo da esquerda, “petista ou comunista”, conforme me “acusam” os nobres cidadãos, mas que mesmo assim teve o carinho de lembrar do meu nome para o patronato deste ano. O que demonstra, inclusive, louvavelmente, que é possível divergir em ideias, sobre diversos temas, sem apelarmos para um ódio cego e tosco que apenas nos envergonha como seres humanos.

Um dos comentários que li, no entanto, abriu a minha mente. Dizia algo como “numa cidade que deu 80% dos votos para o Bolsonaro, é inadmissível convidarem um ‘comunista’ para patrono, que isso seja revisto”.

Há uma certa lógica nisso e, nesse momento, percebi que não sou bem vindo. E se não somos bem vindos, damos meia volta e vamos embora. Eu poderia insistir nesse projeto, e não teria, nem tenho, medo algum de enfrentar, olho no olho e através do diálogo inteligente, essas pessoas que se utilizaram das redes sociais para destilarem seu ódio e preconceito contra mim. Em outro momento faria isso com prazer. Mas já faz tempo que compreendi que é inútil lutar contra a ignorância por escolha e convicção. Por isso, não vale a pena demandar coerência para pessoas assim. Demorou, mas nos meus quase 50 anos de idade percebi que não há porquê argumentar com pessoas que são capazes de escrever palavras tão baixas – e muitas, inclusive, carecendo de uma revisão ortográfica, o que, talvez, ofenda mais que os adjetivos em si –  contra outra pessoa por esta simplesmente acreditar em ideias diferentes.

Acontece que ser patrono de um evento tão significativo deve ser algo bom, divertido e prazeroso. Não só para mim, mas para quem me convidou, para quem me escutaria falar e para quem quer aprender a compartilhar da diferença. Infelizmente, não sou eu quem perde mas, sim, a cidade. Uma cidade que não valoriza o trabalho artístico de um filho seu, que por anos falou dela com afeto e orgulho, não merece tal encontro. Infelizmente, também perdem aqueles e aquelas que, ao contrário destes, se mostraram empolgados com o que viria pela frente. Peço desculpa a vocês que estão pagando o preço pela intolerância de alguns poucos.

A unanimidade, já disse alguém em algum momento da história, é burra. E não há unanimidade nem entre os 80% de eleitores da minha cidade que votaram em Bolsonaro, pois de vários destes recebi mensagens de apoio, relatando a vergonha que estavam sentindo por conta do ódio destilado ao longo do dia de hoje nas redes sociais. Essas pessoas, bem como todas demais que me parabenizaram e se regozijaram comigo, agradeço de coração e me desculpo pois, infelizmente, contra o ódio não há verbo que resista. Por isso, do ódio prefiro me afastar.

Mas saio de cena com a convicção de que ser atacado por pessoas que têm por referência Jair Bolsonaro, alguém que defende a tortura e homenageia um torturador notório como Brilhante Ustra, para mim, é visto como um elogio. E a certeza de que estou do lado certo da história. 

Ditadura nunca mais! 

Apesar de admirar a obra revolucionário de Jesus Cristo, alguém, inclusive, que muitos que me ofenderam dizem amar acima de tudo, infelizmente não sou tão magnânimo ao ponto de oferecer a outra face. Prefiro desviar do primeiro tapa e deixar que os odiosos se odeiem entre eles. Da minha parte, guardo-me para aqueles que me amam e me valorizam.

Espero, apenas, que ao abrir mão do patronato, todos estes que pediram minha saída e anunciaram nas redes sociais que não frequentariam a Feira do Livro por minha causa, estejam lá este ano, presentes, incentivando a cultura local, prestigiando os escritores e valorizando as obras. E que comprem livros, com a mesma alegria que abrem suas carteiras forradas ao frequentarem os restaurantes da região. Afinal, “comida é arte”.

Para finalizar, agradeço mais uma vez o convite e desejo sucesso à edição da Feira do Livro deste ano. Que a minha cidade natal saiba receber com mais educação e respeito este evento.

Nos vemos pelas ruas da cidade.

Atenciosamente,

I. Boca Migotto

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