Casa nova I
Conheci a Marinês umas duas semanas atrás, na época estava procurando um fogão usado. Não tinha, mas perguntou se eu não precisava de uma mesa e encarando com bom humor a minha negativa, veio até a porta e apontou: ‘‘Na João Pessoa tem bastante brick, guria, tu vai encontrar um fogão lá.’’ Continuei a saga da procura com afinco e depois de horas, uma garrafa d’água e uma máscara suada, aceitei meu insucesso. Senti medo, iria mesmo acabar comprando um novo? Uma casa onde não se cozinha não é uma casa, é hotel, e eu queria que meu mais novo espaço fosse o quanto antes uma casa de verdade.
Essa história de morar sozinha é muito caro. Tá louco. Não tem um mês que me enveredei nesta experiência e me pergunto todo dia: ‘‘Por que mesmo eu fiz isso?’’ Não tem como não se questionar, pensa comigo. Desde que vim morar em Porto Alegre que minha vida na companhia da Marcela é uma das melhores coisas que já me aconteceu. Ela é prática e teoricamente minha alma gêmea. Se houvesse um daqueles questionários sobre afinidades, tirando a predisposição pra briga – my baaaaaad – e o gosto por assistir desenho animado – bad dela – em todo o resto a gente combina. O Inter, azamiga, as opiniões, a Beyoncé, o litrão. Os nossos ritmos de vida se conectaram tanto que até o dedo podre pra homem em 2020 foi alinhado à perfeição.
[Continua...]