Crônica

Duzentos anos a mais que eu

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Duzentos anos a mais que eu Escrevi esse texto há 10 anos, no aniversário de Porto Alegre. Acrescentei algumas coisas, mas segue atual (infelizmente). “Querida amiga! Demorei para te dar os parabéns hoje… Eu sei… Não foi por falta de tempo, não. Foi por uma leve falta de empolgação em simplesmente cantar “Parabéns para você”, ou mesmo postar uma foto por aqui com cara de feliz. Temos uma diferença de idade de exatos 200 anos – eu, 51 e tu, 251. Mesmo que me chames de pirralha, acho que te conheço o suficiente para saber quando estás alegre, radiante, florida, segura de si!  Hoje, no teu dia, acordei, olhei pela janela, saí para a rua e não te vi assim tão faceira. Teu corpo mudou – e não me diga que é coisa da idade, querida! Tuas formas estão se perdendo… Uma árvore derrubada aqui, um teatro abandonado lá, um gigante de concreto acolá, uma inundação de carros que te deixam com esse ar sufocado. Alguns filhos abandonados à própria sorte. Sem teto, sem chão. É, amiga, tá difícil chegar na tua festa faceirinha como se nada estivesse acontecendo. Ainda que tuas curvas da Orla me seduzam, meu olhar não se perde do que te entristece. Sei de uma porção de gente que te ama e percebe esse olhar cansado de longe. Que quer muito te ajudar a sair dessa enrascada. Todos esses confiam em ti e te querem de volta. Querem te ver livre e plena de novo, querem dar aos próprios filhos teu corpo dionisíaco. Não na memória, mas no cotidiano. Por isso, minha grande amiga, desejo que despertes! E que despertes teus filhos! Quem hoje está com a chave da tua porta não tá fazendo o tema de casa direito. Acorda, meu amor, grita, luta e exige que te devolvam a vida! Com um grande beijo, Leila Rechenberg – Mulher, mãe, fonoaudióloga, professora da UFRGS, cidadã de Porto Alegre

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Escrevi esse texto há 10 anos, no aniversário de Porto Alegre. Acrescentei algumas coisas, mas segue atual (infelizmente). “Querida amiga! Demorei para te dar os parabéns hoje… Eu sei… Não foi por falta de tempo, não. Foi por uma leve falta de empolgação em simplesmente cantar “Parabéns para você”, ou mesmo postar uma foto por aqui com cara de feliz. Temos uma diferença de idade de exatos 200 anos – eu, 51 e tu, 251. Mesmo que me chames de pirralha, acho que te conheço o suficiente para saber quando estás alegre, radiante, florida, segura de si!  Hoje, no teu dia, acordei, olhei pela janela, saí para a rua e não te vi assim tão faceira. Teu corpo mudou – e não me diga que é coisa da idade, querida! Tuas formas estão se perdendo… Uma árvore derrubada aqui, um teatro abandonado lá, um gigante de concreto acolá, uma inundação de carros que te deixam com esse ar sufocado. Alguns filhos abandonados à própria sorte. Sem teto, sem chão. É, amiga, tá difícil chegar na tua festa faceirinha como se nada estivesse acontecendo. Ainda que tuas curvas da Orla me seduzam, meu olhar não se perde do que te entristece. Sei de uma porção de gente que te ama e percebe esse olhar cansado de longe. Que quer muito te ajudar a sair dessa enrascada. Todos esses confiam em ti e te querem de volta. Querem te ver livre e plena de novo, querem dar aos próprios filhos teu corpo dionisíaco. Não na memória, mas no cotidiano. Por isso, minha grande amiga, desejo que despertes! E que despertes teus filhos! Quem hoje está com a chave da tua porta não tá fazendo o tema de casa direito. Acorda, meu amor, grita, luta e exige que te devolvam a vida! Com um grande beijo, Leila Rechenberg – Mulher, mãe, fonoaudióloga, professora da UFRGS, cidadã de Porto Alegre

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