A matéria-prima viva na arte de Liciê Hunsche
Fios da Memória, exposição retrospectiva de Liciê Hunsche (1924-2017), está em cartaz no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) até 30 de julho. Com curadoria de Carolina Grippa, pesquisadora que vem revigorando e fortalecendo a importância da tapeçaria e da arte têxtil desenvolvida no Rio Grande do Sul, onde Liciê foi uma das maiores expoentes, a exposição apresenta ao público um resgate da trajetória da artista, com obras e peças realizadas entre os anos 1970 e 1990, além de documentos e objetos.
Percorrendo os trabalhos, é possível perceber que as tapeçarias de Liciê se caracterizam pelo cruzamento de volumes e texturas, e se beneficiam da ausência de fundo característica dessa técnica, que permite intercalar espaços preenchidos com linhas a espaços vazios. Algumas obras demostram esse cruzamento em motivos da natureza, como flores e árvores, e outras em padrões geométricos que sublinham a ligação íntima do têxtil com a matemática. Há ainda alguns feitos técnicos notáveis, como a tapeçaria Variações de petróleo (1988), na qual, conforme salienta Carolina, as fitas, que na peça se apresentam como volumes, foram tecidas separadamente e depois encaixadas no tear, sem utilizar uma única costura.
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